"Expressando-me friamente, afirmo com convicção, que prefiro verdades amargas do que mentiras veladas. Verdades são tudo em que podemos confiar".
— Albert Davies
O caos nunca vem com aviso prévio. É uma situação que simplesmente surge, do nada, e torna tudo uma bagunça tremenda. Joan Morrison, tinha a absoluta certeza de que o caos a atingiria, apenas não esperava que fosse tão logo; sem que pudesse se preparar para o pior.
Albert Davies, por sua vez, acreditava que vivia o momento mais feliz de sua vida, mesmo que estivesse preocupado com a mulher que amava, pois sabia que dias tristes surgiriam, afinal ela estava longe da família; ele também sentia falta de Stephanie, sua irmã. Compreendia aquele sentimento de ausência, mais do que a moça era capaz de imaginar.
Quando despertou na manhã seguinte, Joan ainda estava agarrada em seu pescoço, como se tivesse receio de que ele viesse abandoná-lo no meio da noite. Com muito cuidado, o conde conseguiu sair dos braços da mulher e a deixou dormindo pacificamente.
Naquele dia, Albert Davies, jamais pensou que todo seu mundo iria estremecer, tampouco esperava ser surpreendido negativamente com informações que alterariam todo o curso da sua vida. Ele iniciou a manhã de forma habitual, trajou-se formalmente, tomou a refeição matinal lendo as notícias do New York Times, logo em seguida tomou uma carruagem e foi para seu escritório em Wall Street.
Albert sorriu para todos — algo nada típico do conde. Subiu as escadas do prédio assobiando uma melodia qualquer, adentrou no seu escritório cuja arquitetura era o próprio reflexo do conde. Um local bem localizado, luxuoso e grandioso, com mobiliário elegante e ornamentado, organizado com poltronas estofadas e uma grande mesa de madeira maciça. A decoração era opulenta, com tapetes persas, cortinas pesadas, e no teto, pendia um reluzente lustres de cristal.
Após instalar-se atrás da mesa, Albert acendeu um charuto e começou a organizar os papéis sobre a sua mesa, até que se deparou com um envelope lacrado, endereçado a ele, cuja caligrafia seria capaz de reconhecer em qualquer lugar do mundo. O coração deu um salto, e Davies não soube se era uma emoção de desgosto ou raiva. De qualquer forma, ele abriu o pacote. Sobre do amontoado de papéis, havia uma carta da mulher que o traiu com seu melhor amigo e com este se casou.
Caro conde de Bastille,
Se está lendo essa carta, tenho a certeza de que a sua curiosidade foi maior que o orgulho. Algo deveras inédito, ouso dizer. Todavia, certa vez já fui sua amiga, assim como outrora também já fomos amantes, embora, infelizmente, o senhor nunca foi capaz de retribuir meus sentimentos da forma como eu desejava. Por tal razão, e em uma van tentativa de reparar — ou talvez amenizar os erros do passado —, eu lhe envio todas as evidências anexas a esta carta, salvando-te de mais um golpe de traição. Algo que eu acredito que não mereça passar novamente. O senhor já sofreu demais.
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Como Domar Lorde Devil
Historical FictionNo final do século XIX, a sociedade britânica passava por significativas mudanças, todavia um fato continuava imutável: mulheres eram pressionadas a se casar. Na década de 1890, lady Katherine Morrison, mãe do importante duque de Hereford, decidiu q...