Um triste relato sobre uma autora

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AVISO: Essa narrativa pode conter relatos de violência e abuso. Se você for sensível a esse tipo de conteúdo, fique a vontade para não lê-lo.

No ano de 1991, em uma pequena cidade do interior, nasceu uma menina que veio a se chamar de Luana. Ninguém sabia, mas a médica que fez o parto havia deslocado o fêmur (osso que liga a perna ao quadril e mais tarde notou-se que ela tinha dificuldades de andar e aos três anos de idade passou por uma cirurgia.

Nessa altura dos acontecimentos, o pai dela já havia morrido quando ela tinha apenas 10 meses de vida; ela o conheceu apenas por fotos.

A mãe dela, ainda muito jovem, casou-se com um outro homem e foi ai que a vida de uma pequena criança virou um inferno. Ela nunca mentiu sobre o ocorrido com o pai biológico, porém pediu para que chamasse aquele homem estranho de pai, e ela, uma criança de uns quatro anos, obedeceu.

Aquele homem sempre foi um sujeito abusivo e manipulador. Ele tinha um ciúmes obsessivo da mulher e mantinha dominada por meio da religião. Ele nunca a agrediu, nunca foi necessário, pois descontava tudo na filha dela que era espancada sem saber a razão de tanta agressividade.

Posteriormente vieram os filhos da mulher com aquele homem doentio e a menina deixou de ser prioridade na vida daquela mãe. Cuidar dos filhos dele era mais importante do que qualquer coisa.

A menina, com 6 anos, ia e voltava da escola sozinha. Nunca teve a presença da mãe em reunião de escola ou qualquer evento escolar. Na infância, ela foi hospitalizada várias vezes e a mãe simplesmente a deixava sozinha no hospital, alegando que precisava cuidar do marido e dos outros filhos.

A pequena Luana, mesmo se esforçando para ser perfeita, continuou sendo espancada e a mãe assistia sem nunca intervir naquela situação. Quando completou 13 anos; tudo ficou pior. O padrasto começou a abusar dela em algumas noites. Ela sabia que era errado e fingia que estava dormindo, pensando que assim ele pararia. Mas não parou. Os abusos se tornará mais frequentes e cada vez pior. Então ela passou a dormir na casa de amigas para evitar ser abusada, porém, não foi o suficiente.  Ele sabia que a mãe trabalhava durante o dia e tinha noção que os outros filhos estavam na escola. Então ele vinha nesses horários em que ela estava sozinha em casa e a abusava dela.

Certo dia uma das tias da menina deve ter visto algo, pois tentou alertar a minha mãe. Nessa altura, o padrasto já havia desconfiado de algo, pois em uma noite em que a mãe foi à igreja ele colocou a menina no carro, dirigiu em direção a uma das trilhas de mata que cercavam a cidade e a ameaçou de morte. Disse que se ela contasse algo para alguém, ele a mataria, a enterraria  no mato e iria dizer para todos que ela fugiu com um namorado. Nessa época, ela tinha apenas 16 anos.

Após aquele dia, ela soube que precisava sair de casa ou ia morrer. Ela começou a fazer bicos de baba e cuidar de idosos. Aos 18 anos, ela finalmente saiu de casa, levando um cobertor e algumas peças de roupa. Foi morar com um prima em uma cidade distante e pela primeira vez contou que foi abusada pelo padrasto por 5 anos. Dali em diante ela se sentiu livre e com o passar dos anos, conquistou uma vida digna.

Mas, 12 anos depois, a mãe foi visitá-la e disse que descobriu sobre os abusos e perguntou se era verdade tudo que disseram. Ela respondeu que "sim, tudo verdade". A mãe por sua vez, que já estava separada do Homem após ele tentar matá-la, culpou a filha por nunca ter lhe contado nada. E essa simples frases desencadeou nela, novamente, o sentimento de ser culpada e não a vítima. Então toda história de abuso que ela havia escondido dentro dela, virou um monstro gigante que quase a devorou.

Ela nunca vai ter certeza de fato se a mãe sabia ou não dos abusos, mas fato é que a mãe é culpada pela omissão de socorro, por todas as vezes que a filha foi espancada.

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Meninas, essa é a minha história e a razão por trás da depressão e da síndrome de Borderline.

Não consegui escrever ultimamente, pois estou tendo muitas crises, tô tomando 5 comprimidos por dia e eles me dão muito sono.

Estou quase finalizando um capítulo, mas tem dias que eu não consigo fazer nada além de ficar trancada no quarto.

Por favor,  sejam pacientes comigo e não me abandonem. Essa fase ruim vai passar; tem que passar.

Obrigada pela paciência,
Luana Maurine

Como Domar Lorde DevilOnde as histórias ganham vida. Descobre agora