Capítulo 10

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Quando a luz da esfera no centro de Talokan começou a iluminar todo o reino, Namor estava desperto, começando a se preparar para o que viria mais tarde naquele dia. Quando a apreensão abalou seu coração, escolheu se apegar às lembranças do casamento wakandano. Sentiu felicidade, coisa que não sentia há muito tempo, que raramente sentia em toda sua existência, voltada totalmente para seu povo e dedicada a ele.

Tinha sido bem recebido pela família e reino de sua esposa, agora estava de volta ao seu próprio lar, e talvez fosse a vez de Shuri sentir-se apreensiva. Jurou a si mesmo naquele momento que faria seu melhor para que ela se sentisse confortável.

Seus camareiros vieram prepará-lo, enfeitando-o com suas joias, seu elmo imponente na cabeça e um majestoso manto sobre os ombros. Vestido daquela maneira, sentiu mais uma vez o peso da responsabilidade do que estava prestes a fazer.

Shuri, por sua vez, resolveu encarar tudo como seu dever, seguiria seu marido aqui assim como ele a havia seguido em Wakanda. Delicadamente, colocou no pescoço o cordão que ativava seu traje. Um pendente em forma de pantera na cor de jade estava pendurado nele, algo que simbolizava quem ela foi e quem era agora. Apertando o pingente, Shuri foi coberta pelo traje elegante e muito mais prático que o que tinha usado da primeira vez que esteve ali. O capacete com o visor transparente a permitia respirar sem dificuldades. Sua cor era um holograma entre verde e azul, simbolizando o povo do mar. Se precisasse, Griot estava de prontidão ali para atendê-la.

Tendo o tempo de respirar fundo, Namor veio buscá-la, o que a fez estranhar a tradição deles, diferente das dela.

-Olá - ele disse simplesmente, reparando em como ela estava - espero que tenha descansado bem durante esses dias.

-Eu estou bem - ela confirmou - um pouco ansiosa, não sei bem o que esperar, eu sei que conversou comigo sobre como seria a cerimônia aqui, mas ainda assim, dessa vez eu sou o peixe fora d'água.

Namor franziu as sobrancelhas para ela, sem entender muito bem o que ela queria dizer. Shuri acabou dando um sorriso, não uma risada completa, achando melhor se conter, o que o deixou mais desconsertado.

-Quero dizer, alguém que sente que não se encaixa, fora da sua zona de conforto - ela explicou brevemente.

-Entendo, mas se serve de consolo, estarei perto de você o tempo todo, me pergunte o quiser, o que precisar - ele ofereceu ajuda.

-Obrigada - ela agradeceu de coração, naquele momento, percebeu que os dois estavam na mesma exata situação, contando um com o outro para que tudo desse certo, casados por um arranjo com alguém de cultura diferente.

Em seguida, ele ofereceu a mão dele, que sua noiva aceitou, buscando segurança outra vez, e foi o que sentiu no momento. Se apegou a esse sentimento para lidar com o que viria ao longo do dia.

Estava toda população ali, curiosa ao observar aquela moça da superfície prestes a se tornar sua rainha. Ela nadou ao lado de Namor, ainda segurando sua mão. O xamã do reino aguardava por eles.

-Ku'kul'kan! Shuri! - ele os chamou em voz alta, os obrigando a olhar para frente, prestando atenção em suas palavras seguintes.

O tradutor de Shuri funcionou perfeitamente, escutando que a partir daquele dia, os corações deles pertenciam um ao outro, sem nunca abandonarem um ao outro. Se um dia deixassem sua lealdade um para com o outro, estavam sujeitos a sofrer as maldições de seus atos, já que entregavam suas vidas um ao outro daquele dia em diante para sempre. Todo o discurso parecia sombrio e extremo a Shuri, o que a fez estremecer.

Ainda segurando a mão dela, Namor, ou melhor, Ku'kul'kan, como ele era chamado por seu povo ali, se virou para ela.

-Eu tomo você por esposa agora e para sempre, Shuri, filha de T'Chaka, sua vida me pertence, assim como eu entrego a minha a você, por completo - ele declarou a ela.

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