Capítulo 12

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Disposta a pôr a mão na massa e garantir um canto que fosse só seu, com a sua cara, Shuri andou sozinha até a praia carregando madeira e corda, começando a criar uma estrutura do zero. O cansaço a venceu eventualmente e ela solicitou às servas que chamassem o equivalente a construtores para servir sua rainha. Os homens ficaram muito honrados e seguindo as instruções dela depois de um dia longo de trabalho, o local estava pronto. Talvez os Talokani tivessem mais força e resistência do que seres humanos comuns, tamanha fora sua rapidez.

Completamente agradecida, ela fez questão de dizer o quão grata estava por sua ajuda. Teve a ideia de recompensá-los com a mesma refeição que ela teve pela manhã, farta e saborosa. Eles quase se recusaram, mas usando de sua autoridade, declarou que era uma ordem de sua rainha. Eles então se sentaram e comeram com ela, fascinados por sua generosidade, pelo claro apreço que ela tinha em estar perto deles.

-Eu quero agradecer de novo pelo que fizeram, ficou mais rápido do que eu esperava, não fazem ideia do que esse lugar significa pra mim - ela explicou com admiração.

-Se permite, grande senhora, o que pretende construir aqui? - um dos trabalhadores ousou perguntar, mesmo se sentindo tímido e até mesmo ousado.

-Ah vai ser meu laboratório pessoal - Shuri contou com alegria - eu tinha um em Wakanda, quer dizer, tenho, posso visitar, mas queria um aqui na minha nova casa, pra me manter ocupada, pra ajudar vocês no que precisarem e aprender com vocês também.

-Minha rainha, a senhora já sabe de tanto, o que mais há para aprender? - outro dos homens perguntou.

-Sempre se tem algo novo para aprender, e Talokan ainda é um mistério pra mim - ela respirou fundo - quero ver de perto como suas casas funcionam, sua tecnologia, conhecer todos vocês de mais de perto.

-Sua presença nos honraria muito, minha rainha - o mais velho comentou sobre o gesto de bondade dela.

Shuri assentiu, sentindo que estava dizendo e fazendo a coisa certa. Ela finalmente se despediu deles, adotando o gesto das mãos abertas, sem esquecer os braços sobre o peito. Seria sempre parte dos dois povos agora.

Dentro da cabana, analisou o bom trabalho que os talokani haviam feito.  Sem mais delongas, ativou suas contas kimoyo e se dirigiu a Griot.

-Olá, Griot, sou eu, está ativo? - ela comandou a IA.

-Ativo e operando, rainha Shuri, espero que tudo esteja bem depois de seu casamento - disse Griot, constatando os últimos acontecimentos.

-Bem, obrigada eu acho - ela respondeu àquilo distraidamente - quero que organize as estruturas de pesquisa e comunicação que foram montadas aqui, ative-as agora.

-Como quiser, rainha - concordou a IA, começando a trabalhar.

Ser chamada por aquele título ainda a fazia estremecer, era meio estranho se lembrar do fato de que agora ela era mesmo uma soberana. Deixando isso para lá, esperou que Griot concluísse sua magia.

-80% de instalação, 90%, ativo e operante - ele confirmou.

-Isso, valeu! - comemorou Shuri, começando a testar os hologramas, seu sistema de navegação tecnológico altamente equipado tinha sido instalado com sucesso, a familiaredade da situação foi reconfortante.

O que diminuiu sua animação foi o fato de não ter ninguém por perto para mostrar seu feito. Pensou em Namor, que tinha se ausentado o tempo todo quando eles deveriam passar tempo juntos. Por outro lado, não podia culpá-lo, era o rei afinal de contas.

Respirando fundo, decidiu fazer uma visita ao seu reino. Deixou-se passar pelas pessoas, que estranharam sua aproximação no início, mas por fim, a acolheram, ainda mais depois dos trabalhadores da manhã terem se aproximado dela.

Grãos de Areia à Beira MarWhere stories live. Discover now