Capítulo 18

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No mesmo entusiasmo descontraído e informal que seus tios visitaram Wakanda, eles levaram Toussaint até seu reino, com várias recomendações dos pais dele.

-Se comporte, escute seus tios e volte logo - Nakia recomendou, depois de lhe dar um abraço.

-Não se preocupe, ele estará seguro conosco - Namor fez questão de garantir, olhando firmamente para ela, dava para ver que falava a verdade, e assim, decidiu confiar nele.

-Eu volto daqui uma semana, até lá, vamos nos divertir a beça - Shuri prometeu, bagunçando os cabelos dele afetuosamente.

Com mais algumas despedidas, eles se direcionaram para o reino submerso. Apesar da curiosidade em ir até lá embaixo, teve que se contentar momentaneamente com algo mais simples e comum a ele. Era uma casa, definitivamente, estruturada com vibranium entre suas paredes, dentro dela, havia o laboratório de Shuri, ocupando o maior espaço do lugar, mas com mais cômodos ali. Tinha o quarto espaçoso com desenhos enormes e coloridos na parede, um quarto a mais, um banheiro, cozinha  e até sala de estar.

-Não achei que morassem em um lugar como esse - Toussaint comentou quietamente, esperando não ofender ninguém.

-Ah esperava um palácio suntuoso, com todo luxo e conforto? Não, não temos isso por aqui - Shuri foi logo avisando - a única coisa por aqui parecida com isso é a sala do trono do seu tio que fica lá embaixo, eu prefiro passar meu tempo aqui.

-Na verdade, sua tia se divide entre os dois lugares, mas aqui é o nosso lar, um espaço pra nós, pra nossa família - Namor explicou melhor - é aconchegante, exatamente como sua tia queria.

-Dá pra ver, eu gostei daqui também - o menino acabou admitindo.

-Vem, eu te prometo que não vai ficar só aqui - a rainha afagou os ombros dele, o apressando animada - tem muita coisa legal que você vai amar. Vamos só ajeitar suas coisas primeiro.

-Tá bem - ele concordou.

Depois de instalado e com suas bagagens guardadas, Toussaint se submeteu às invenções da tia, usando um traje especial, um protótipo menor no qual ela estava trabalhando. Então, segurando a mão dele, Shuri foi para Talokan com o sobrinho e o marido, nadando os três juntos.

Dava para observar a cidade e o povo em movimento, as casas iluminadas, as pessoas ocupadas dentro delas. Inspirado pelo comentário de Shuri, Namor mostrou ao jovem príncipe sua sala do trono.

Amedrontado pela grande carcaça de megalodonte, Toussaint se assustou primeiramente, depois, deixou sua curiosidade falar mais alto e se dirigiu até ali, observando a estrutura enorme, tocando seus dentes, com respeito e temor.

-Isso é incrível mesmo... - ele murmurou.

-Eu sei, construímos nosso reino de coisas que encontramos no mar, associadas ao vibranium, e nós avançamos em muitas coisas, mas sem esquecer nossa origem, nossas tradições - explicou seu tio, com uma paciência até um pouco maior do que a que ele dedicava à esposa, ao menos na visão dela - não temos mais megalodontes, mas temos alguns encantadores de baleia. Gostaria de vê-las de perto?

-Eu posso? - Toussaint ficou fascinado com a ideia.

-Claro, estamos te apresentando o reino e essa é uma parte essencial dele, vamos lá, Toussaint, você vai gostar - garantiu o rei de Talokan, com um de seus sorrisos tão marcantes.

Shuri observou os próximos passos deles, ficando um pouco mais distante, notando duas coisas principais, como Namor podia ter jeito com crianças e como ele tinha roubado toda a atenção do sobrinho dela para si.

Chegando a um lugar mais aberto, Toussaint observou em silêncio fascinado, um bando dos grandes animais passando por ele, com um talokani os guiando na frente . Com o tio o guiando, o príncipe chegou até a passar a mão em um dos animais, ignorando o medo natural que vinha da possibilidade de ser esmagado por ela. Chegou até a olhar a baleia nos olhos, vendo a profundidade de sua inocência e curiosidade. Era um sentimento que Toussaint jamais iria esquecer.

Voltando à cabana, os três compartilharam de uma refeição trazida por criadas. Apesar de diferente, Toussaint resolveu provar e acabou gostando. Vencido pelo sono, começou a apoiar a cabeça sobre uma mão, pendendo sobre a mesa.

-Tá na hora de alguém dormir - Shuri apontou - vamos lá, garotinho.

Sem protestar, ele se jogou na cama, se ajeitando ali, mas sem deixar de notar que apenas ela estava ali.

-Eu queria desejar boa noite ao tio Namor - o menino apontou o que sentia falta.

-Namor, ouviu isso? - Shuri gritou para fora - ele prefere você a mim!

-Não é verdade - protestou Toussaint entre um bocejo.

-Eu estou aqui, rapaz - seu tio apareceu - eu recomendo não causar intrigas entre eu e sua tia, a culpa seria toda sua.

-Não briguem, só queria dizer que tive um dia legal, obrigado aos dois por isso - disse o menino sorrindo, já quase fechando os olhos.

-Não tem de que, Toussaint, durma bem - Shuri respondeu por ela e pelo marido, beijando a testa do sobrinho, o deixando descansar.

Saindo dali, seu marido entrou na defensiva, bem humorado.

-Eu não o roubei de você, não tem razão pra ficar com ciúmes - ele a abraçou, enquanto ela tentou fingir ignorá-lo de braços cruzados.

-Eu acho bom mesmo - Shuri comentou, rindo logo em seguida.

-Eu amo essa risada, esse sorriso - Namor disse de repente, não querendo perder a oportunidade de elogiá-la, do que estava vendo mais uma vez naquele momento - Shuri, como me faz bem te ver feliz.

Completando o gracejo, ele beijou a bochecha dela afetuosamente.

-Se quer saber, eu também tenho algo legal pra falar pra você - ela se virou para ele - disse que estava com ciúmes, mas eu fiquei tão feliz de te ver brincando e se divertindo com o Toussaint, tá aí uma coisa que te faz bem, se divertir.

-Eu concordo, faço mais isso quando estou com você - ele a olhou por um tempo, fascinado pelo olhar apaixonado dela.

Grato mais uma vez por sua existência, segurou o rosto de Shuri en suas mãos e a beijou delicadamente. Se ajeitando melhor, ela apoiou as mãos no peito dele. Terminando o beijo, Namor a pegou pela mão e a conduziu para o quarto.

Esperou que ela se aconchegante primeiro, como sempre fazia, e então se deitou ao lado dela, virado para seu lado, observando seu rosto mais uma vez, acariciando-o de novo.

-O que foi? - ela ousou perguntar, interrompendo a contemplação silenciosa dele.

-Eu só te amo, Shuri - ele suspirou, se aproximando mais, a abraçando, a fazendo se deitar mais perto dele.

-Eu te amo também - ela respondeu de coração - obrigada por isso.

-Pelo que? - ele esperou mais detalhes, enquanto traçava círculos nas costas dela gentilmente.

-Pela vida que levamos, por tudo de bom que temos, pelo amor que encontramos um no outro - ela respondeu, dando um singelo sorriso.

-Obrigado pelo mesmo - ele beijou a testa dela, e depois, garantindo mais uma vez que nada daquilo era um sonho, cobriu os lábios dela com os dele, sentindo Shuri retribuir o abraçando mais forte.

O sentimento do momento os levou a ir além de compartilhar o lento, e se deixarem levar até que seus corpos se tornassem um só, mais uma vez em sua vida conjugal.

Eram unidos não só mais por uma aliança política, mas por um um amor genuíno e verdadeiro.

Grãos de Areia à Beira MarWhere stories live. Discover now