~~

105 17 1
                                    

"Mas tu deves comer merda, só pode!" Uma mulher grita do topo dos seus pulmões para um rapaz com pouco menos de treze anos.

Tento ao máximo abstrair-me da cena a ocorrer no meio da rua enquanto eu e os rapazes continuamos a andar no largo passeio. Os edifícios que se erguiam aos nossos olhos começavam a ter pequenos pontinhos brilhantes aqui e acolá.

O movimento das ruas mantinha-se constante, mesmo já sendo meio de noite. Dentro desta pequena praça, existem várias atrações como artistas de rua que estão a tentar ganhar a vida com os seus talentos. Passamos por pessoas realmente talentosas que deveriam ter mais reconhecimento, mas não dissemos nada.

Estamos de novo a passar por esta praça para voltarmos à tal loja das lembranças. Fico feliz que já estamos a chegar. Tínhamos andado a ruar por esta grande cidade durante pelo menos uma hora, sem parar, e os meus pé já estavam a pedir um intervalo.

Ray e Harry estão surpreendentemente taciturnos, embora já tenham falado muito neste nosso pequeno grande passeio. Mas agora, calaram-se. Eu vou ao lado deles, olhando em volta e admirando os belos ares da cidade de Reno. Aqui é diferente, mais pesado mas mais movimentado. Estranho também, mas um estranho bom, estranho ao ponto de ser atrativo. esse tipo de estranho, eu acho.

Por mais que Harry goste de natureza como ele tanto diz, ele também está a adorar estar aqui, eu consigo perceber. Por qualquer motivo não se cala com o facto desta cidade ter tantos barulhos, algo que para ele é bom.

"Quando estou num sítio com imensa gente, como por exemplo num bar, eu fecho os olhos e ouço. Tento ouvir tudo, tento ouvir os sons mais escondidos, mais pequenos, ouço conversas paralelas, ouço conversas em cima de conversas, as pessoas a falar e a ouvir cada conversa em particular e eu a ouvi-las em particular. São gritos e sussurros que as pessoas nem fazem ideia que estão a produzir. Se repararem é música. Acho que esse é o meu tipo de música. " o rapaz discursou. Sinto que ele só sabe filosofar, mas é uma das coisas que mais me agrada nele. Ele sente e diz as coisas mais bonitas que alguma vez ouvi alguém enunciar.

A loja aparece à minha frente. Harry parece mais irrequieto agora, por algum motivo.

"Tinhas de mandar revelar todas as fotos? Eu tenho lá imensas que já devia ter apagado." Harry decide falar de repente, assustando-me.

"Porquê? Tinhas lá assim tantas fotos inapropriadas que eu não possa ver?" eu interrogo gozando, enquanto o vejo corar severamente.

Entramos finalmente na loja. A rapariga que nos atendeu à cerca de duas horas atrás já não se encontra aqui, em vez dela encontra-se um senhor meio idoso sentado num banco à beira da caixa registadora.

"Boa noite. O que vai ser?" o senhor levanta-se rapidamente, naquilo que lhe é possível.

Assim que expliquei que tínhamos deixado uma máquina para revelar todas as fotos, ele prestou-se logo a ir buscá-la e entregar-me um grande envelope. Eu sei que Harry está sempre com o raio da máquina na mão, mas nunca percebi que tirava assim tantas fotografias.

O homem também nos entregou a caneca já com a nossa fotografia em toda a caneca, ficando um efeito engraçado. Pessoalmente, acho que fiquei mal, mas eu sempre acho que fico mal, por isso não me importo. Ray está com a língua de fora e Harry apenas sorri, surpreso. Lembro-me que eu o puxei e simplesmente tirei a foto, e ele consegue ficar divinal mesmo assim.

Sorrio e pago o devido dinheiro ao homem. Saímos da loja, prontos para voltar para o acampamento.

"Não vamos ver as fotos escandalosas do Harry?" Ray questiona, obviamente divertido.

Harry tira o envelope das minhas mãos rapidamente, e olha duro para Ray, como se estivesse mentalmente o repreendendo. "Não, não vamos. Eu vou ver isto, e quando eu tirar e queimar as fotos que não quero que vocês vejam, eu entrego-vos o resto." ele parece falar sério.

O que será assim de tão grave para que ele não nos deixe ver? Ele não parece o tipo de pessoa que tira fotos comprometedoras, mas isso não posso dizer com certeza, ele é que sabe o que faz com a sua máquina, embora isto tenha suado estranho.

Sem pensar duas vezes arranco o envelope das mãos de Harry que se encontra distraído, assustando-o. Começo-me a rir com a sua reação.

"Fala a sério, Harry. Tens fotos contigo nu aqui?" riu-me assim que lhe pergunto. Eu quero abrir isto, mas não quero ter surpresas quando o fizer.

Ele bufa exasperado. "Não, não tenho, mas.." interrompo-o, quando rasgo o raio do envelope, ele tenta chegar a mim, mas eu viro-me e vou para trás de Ray que me protege com os braços, não o deixando passar por mim.

"Parece que vamos ver o que temos aqui, não é verdade?" Ray ri-se para Harry, que se encontra aterrorizado.

"Ei, Harry, são só algu..." Para a frase assim que vejo a primeira fotografia da pilha.

Eu.

Uma fotografia de mim aqui em Reno. Eu estou a olhar para os grandes edifícios e tenho um sorriso na cara.

"Essa foi a última que eu tirei antes de entregares a minha máquina." Harry diz, um pouco envergonhado, eu posso dizer. Acho que até eu tenho as minhas minhas bochechas vermelhas como um tomate de tanto corar.

Ray está calado a olhar para Harry, como se tivesse pena. É só uma foto, não há problema.

Mas não era só uma foto. Algumas fotos dos prédios e das pessoas que encontramos em sítios engraçados depois, apareci eu de novo, no acampamento. Eu no banco de um jardim, eu no carro, a dormir, a rir, a dirigir. Quando é que ele conseguiu tirar tantas fotos minhas sem eu perceber, era a minha pergunta, mas fiquei calada. Aliás, toda a gente se calou enquanto nos dirigíamos para o acampamento.

Entreguei as fotografias ao Harry, sem as ter visto todas. A verdade é que tinha muitas que não era eu. Tinha do Ray, de paisagens, surpreendentemente nada dele, mas havia muitas outras coisas.

Mas tinha tantas minhas, fazendo tantas coisas. Não sei como me sentir quanto a isso. Não sei o que quer dizer tantas fotos minhas, não sei porque as tirou sequer.

Assim que entramos no acampamento, Harry entra na nossa tenda sem dizer nada a ninguém. Não sei se está zangado, chateado, ou envergonhado, embora esta última não tenha razão para isso.

"Vai falar com ele." Ray diz, atrás de mim.

"E o quê que lhe digo?"pergunto, ainda olhando para a tenda, esperando que ele saia de lá como se nada tivesse acontecido e talvez eu consiga acreditar.

"Não sei, fala das fotos. Mas fala alguma coisa, ele deve pensar que estás chateada."

"Eu não estou chateada, eu só não percebi porquê que ele tirou tantas fotos minhas." esclareci, esperando que Ray compreende-se o meu lado, mas ele apenas ri-se na minha cara.

"Como assim não percebeste? Mia, estás a falar a sério?" ele está agora zangado, como se tivesse dito algo fora deste mundo. Se calhar sei o que se passa, mas acho tão pouco provável que seja isso.

"Okay, talvez tenha uma pequena ideia, mas eu não sei o que lhe dizer."

Ray dá-me um sorriso compreensivo e sei qual é o meu dever. Independentemente de saber o que lhe devo ou não dizer, eu vou ter com ele. Vou ver o que acontece.

Seja o que Deus quiser.



———

OKAY, DEMOREI MUITO, PEÇO DESCULPA, NÃO TENHO NENHUMA DESCULPA PARA ISSO.

MAS YA, ESTÁ AQUI UMA GRANDE BOSTA. FOI SEM QUERER OKAY? OBRIGADA.

NÃO ESTOU A DIZER COISA COM COISA, ADEUS. EU PROMETO QUE VOLTO A ESCREVER MAIS CEDO, NÃO SEI QUANDO, MAS ESTOU QUASE DE FÉRIAS, POR ISSO EM BREVE.

E VOU RESPONDER AOS COMENTÁRIOS QUE ME DEIXARAM, PORQUE ESTOU A SER UMA CABRA PORQUE NÃO OS ESTOU A RESPONDER E ODEIO ISSO, ENTÃO SE COMENTARAM NESTA OU NOUTRO HISTÓRIA MINHA, EU JÁ ESTOU A IR, CALMA! SÓ UM PEQUENO APARTE PARA QUEM QUER SABER.

BYEEEEE

BabyPopcorn xx









Travellers |h.s|Where stories live. Discover now