~dia anterior~

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Não foi difícil acordar hoje. Tenho tantas coisas para fazer que nem me posso dar ao luxo de "preguiçar" e ficar mais uns minutos na cama. Salto da cama velozmente, e visto a roupa que já tinha planeado para hoje. Até na roupa que vou vestir no dia a seguir planeio. Isto tem de acabar!

Fiz a minha cama pela última vez. Vai deixar saudades...

Vou buscar a mala que estava debaixo da minha cama e ponho-a em cima desta. É melhor ir tomar o pequeno-almoço primeiro. Pensei.

Desci as quatorze escadas da minha casa e fui até à cozinha. Preparei uma torrada e aqueci o leite no microondas.

Quando dei a primeira trinca na minha torrada, a minha mãe aparecia na entrada da cozinha. Ainda se encontrava de pijama e chinelos de quarto.

"Já de pé? Ainda podias dormir pelo menos mais uma hora!" afirmou surpreendida. Posso dizer que não sou muito fã de acordar cedo.

"Sim, eu sei. É só que tem tanta coisa para fazer. Preciso de fazer uma coisa antes de ir amanhã."

A minha mãe olhou-me com cara desconfiada, mas decidiu não perguntar nada. Ainda bem que não o fez. Não me sinto muito confortável em dizer-lhe o que vou fazer.

Assentiu com um pequeno gesto de cabeça e foi preparar o seu pequeno-almoço.

"Já falaste com o Raymond?"

"Sobre o quê?"

"De como vai ser a viagem, quem paga a gasolina, em que hoteis ou acampamentos vão ficar, esse tipo de coisas?" Olha diretamente para mim.

"Claro que já. Não ia deixar tudo para cima da hora. Eu não sou assim e tu sabes disso." Respondi-lhe, parando momentaneamente de comer a minha torrada.

"Eu sei, é só que... Não sei." Tentou desculpar-se, mas não precisa disso. Eu percebo, são apenas preocupações de mãe. Por mais que as tente esconder, elas acabam por vir ao de cima.

"Não faz mal. Só precisamos de estabelecer melhor os dias em que cada um vai dirigir, e os dias em que ficamos em cada cidade, mas isso tratamos na altura."

"Muito bem. Vejo que estás muito bem preparada."

"Claro, mas tu sabes com quem estás a falar?" rimo-nos.

A casa fica em silêncio por apenas meros segundos, mas depois um som muito conhecido por mim, soa os meus ouvidos.

"Muito bom dia, família!" O meu pai grita em plenos pulmões. Logo atrás dele, os meus dois irmãos ensonados.

"Pai, por amor do senhor, fala mais baixo." Irwin quase implora. Ontem deve ter chegado lá para as 3 da manhã, pois não o ouvi chegar.

"Digam-me lá outra vez, porque temos de acordar às oito da manhã a um domingo?" pergunta Daren, coçando o seu olho esquerdo, muito ensonado.

"Temos de ajudar a tua irmã a preparar as coisas e depois vamos despedir-nos." Disse cautelosamente a minha mãe.

Daren parece finalmente acordar do seu sono, e olha atentamente para a minha mãe e logo depois para mim, mas não diz nada.

O pequeno-almoço é logo devorado pela minha família faminta e quando são aproximadamente nove da manhã, vou para o meu quarto.

Abro a minha mala e coloco apenas mais algumas roupas que talvez vá precisar quando o frio for muito. Fecho a mala e já está pronta. Sento-me na cama exausta.

Olho para a minha mesa de cabeceira distraída e apanho-me a olhar para o retrato da minha família reunida. Foi na véspera de Natal de há dois anos atrás, eram exatamente meia noite e estavamos todos a abrir os presentes. Coloquei a câmara no seu suporte e preparei-a para apenas tirar a fotografia dali a dez segundos, podendo eu assim conseguir chegar ao pé deles a tempo. Passado dez tentativas, esta foi a foto que melhor ficou.

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