Bónus: Halloween

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San Mateo, 30 de outubro,1998

O meu feriado preferido está mesmo aí à porta. Ray e eu vamos, como sempre, fazer o doçura ou travessura por toda a nossa vizinhança. Não vejo a hora para que isso aconteça.

Mas a mamã diz que é só amanhã, o que me deixa triste, mas ainda tenho que escolher o meu disfarce, por isso não me importo de esperar mais bocado.

O papá vai de zombie, tal como no ano passado, e no ano antes desse. Eu gosto quando ele vai de zombie, é engraçado. A mamã vai de Mãe Natal, ela adora o Natal. Eu também adoro, mas prefiro o Halloween, é mais divertido assustar as pessoas.

Ray está à minha porta para irmos brincar. Saio porta fora, começando logo uma corrida entre ele e eu, para quem chega mais rápido ao parque. Ele ganha, mas acho que fez batota.

O parque é logo em frente à minha casa,logo à beira da praia, por isso os meus pais deixam-me ficar aqui com o Ray, até ser mais ou menos de noite. Não tão de noite, só quando algumas estrelas estão no céu, e o céu fica escuro o suficiente para que os nossos pais fiquem preocupados.

"O que vais ser amanhã?" O meu amigo pergunta.

"Não sei, acho que vou ser uma princesa." Rio-me, imaginando um vestido cor-de-rosa que me assenta perfeitamente.

"Vais de princesa todos os anos, Mia." Ray parece aborrecido, mas eu não quero saber da sua opinião. Eu gosto de ser uma princesa todos os anos.

"O que tu vais ser?"

"É surpresa." Ele lança um sorriso de lado, mas fico chateada.

"Eu disse-te o meu, isso não é justo!" Faço beicinho, mas ele não parece se importar.

Ray ia ripostar, mas um barulho nos arbustos atrás dele, calam-no. Os seus olhos ficam arregalados de medo, enquanto os meus ficam semicerrados, tentando perceber o que se passa por detrás das pequenas árvores.

Por um minuto, tudo está silencioso, eu, Ray, e seja lá o que for que se mexeu. Está a ficar escuro, e Ray afasta-se do arbusto para ficar mais próximo de mim.

"Deixa de ser medricas, Ray." digo, assim que Ray se mete atrás de mim. "Eu é que sou a rapariga, devias proteger-me."

"Eu não vou morrer por ti." Mesmo quando ele acaba esta frase, um rapaz enorme grita e salta por detrás do arbusto, assustando-me a mim e ao Ray, que foge pelo parque a fora.

"Isso foi muito mau." Digo ao rapaz assustador, que se mantém neutro. "Ainda não é Halloween."

"Não interessa." Ele diz e volta as costas, mostrando a sua capa do super-homem. Chamo por Ray, que volta um pouco desconfiado, olhando para todos os lados.

"És tão medricas."

"Eu nem vi quem foi, só ouvi um grito e corri logo." Ele ri-se, fazendo-me rir também.

Ouço a minha mãe gritar de dentro da minha casa para ir jantar e convido o medricas para ir jantar a nossa casa. Como ele já estava com contar com isso, a minha mãe não teria que ligar à sua mãe.

O meu irmão já está sentado à mesa, à espera do jantar. A minha mãe tem todas as decorações de Halloween de todo o mundo, em cima da mesa principalmente, temos de jantar na pontinha da mesa, mas vale a pena. Fica sempre tão bonito.

A mamã fez a minha comida preferida, o que me fez feliz. Estar aqui com todas as pessoas que amo deixa-me feliz também. Os pais falam connosco sobre os nossos disfarces e a minha mãe já comprou o meu. Não me disse o que era, mas acho que vou gostar de qualquer das maneiras.

Travellers |h.s|Where stories live. Discover now