19. A batalha final

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— Precisamos nos preparar, quando a profecia deve se cumprir? — Klous questiona ao Grande Sábio em um tom sereno, tentando não esboçar sua preocupação para não afetar Spency.

A reação estranha de Júdith ao ler a última profecia deixa o ancião nitidamente preocupado, embora também procure não transparecer isso. O que menos precisam é de um caos generalizado rondando a cabeça de pessoas tão inexperientes.

— Minutos ou… dias — sua voz rouca sai lentamente, enquanto tenta decifrar se a bruxa estaria preocupada com o que já havia lido ou se havia algo a mais que não contou. — Júdith, você…

Ele se calou, e todos olharam para a árvore central da dimensão, que emitia sons ferozes de arranhamentos sem ter alguém ou algum ser à vista fazendo isso.

— É o Spency. Está nos avisando de algo lá encima — Louish afirma indo até à árvore.

— O lince? — Klous questiona.

— Óbvio, o Zulter que não é. Rápido, venham!

Ela os chama, Spency puxa sua espada, e quase que de automático eles vão para próximos dela, sem raciocinar bem sobre o que poderia se tratar ou bolar um plano. Era inevitável que o desespero não tivesse tomado conta.

Após a senha mágica, os cinco foram transportados para dentro do casebre bagunçado, onde o lince híbrido de fato se mostrou o responsável por estar azunhando o tronco velho.

— O que foi menino?!! — a garota de cabelos verdes se agacha e acaricia suas penas, e ele ronrona em resposta.

Um rugido alto e feroz invadiu a cabana e arrepiou os pelos do animal. Parecia pertencer a uma criatura grandiosa e raivosa, o que despertou a insegurança dos ali presentes. Acompanhado disso também houveram passos pesados vindo na direção da cabana.

Os quatro encararam a feição da experiência, esperando qualquer instrução. Ele apenas pôs o dedo indicador sobre os lábios para indicar silêncio. Também não houve mais sinais do animal, mesmo com todos com ouvidos atentos para localizá-lo.

As madeiras de uma das paredes foram brutalmente destruídas por uma pata preta com quatro enormes garras que varreu consigo também o teto e a parede ao outro lado, arremessando Klous junto com a estrutura. O telhado da casa desabou sobre Spency, que ficou preso em uma das estantes que posteriormente despencou sobre ele.

— Spency! — Júdith clama meio aos latidos do lince.

Uma enorme secreção transparente passou próximo de seu braço esquerdo, fazendo com queolhasse para cima. Viu uma fera reptiliana rosnando e esboçando sua boca dotada de dentes para ela, de onde escorria aquela gosma que se revelou sua baba. Ela fica aterrorizada com a visão, arregalando os olhos e dando para trás.

— Ei, você! — a voz de Klous faz o bicho virar seu rosto para ele. — Abre a boca e fecha os olhos! — energiza sua mão.

Coincidência ou não, o enorme monstro abre a boca para rugir nesse mesmo momento, recebendo uma rajada de Aura que colide violentamente contra sua garganta, lhe causando um enorme ardor e breve torteamento, cambaleando para trás e sacodindo a cabeça.

— Pelo visto o cérebro não é do mesmo tamanho que os dentes. Faz uma espada para mim — se dirige ao Grande Sábio. — E sem neurotransmissores.

— Seria uma honra — usa seu cajado para materializar uma espada comum de soldado e joga ela para o homem loiro.

— Muito bem, quero todos vocês longe daqui, eu e Spency damos conta do recado — caminha de costas enquanto dá ordens.

— Klous, cuidado! — a Suprema Bruxa reencarnada tenta avisar, porém tarde demais; o soldado recebe uma patada brutal do animal como vingança.

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