Há dezenas de milênios de anos atrás, em uma terra que estava a milênios a frente de sua geração, vivia um pobre e simples garoto, que se chamava Spency.
Aparentemente, um garoto como outro qualquer. Vindo de um dos vilarejos mais pobres do reino de...
Seus pés descalços tocaram a grama ao alto daquela colina. A brisa fresca da primavera passou por seu rosto, mas trouxe consigo um peso grandioso demais. A atmosfera já não era mais a mesma.
Olhou para cima então e voltou a encarar o céu de nuvens escuras e pesadas que dificultavam a passagem da luz solar para os seres vivos e elementos não vivos. O nível de luminosidade do meio-dia chegava muito próximo de como costumava ficar no horário do pôr do sol. Quando a noite caísse então, mundo seria trevas e somente trevas.
Baixou seus olhos e mirou no chão, já sentindo um enorme aperto no coração se ramificar em angústia por todo o corpo. Respirou fundo, prendeu seus cabelos perfeitamente pintados de branco em um rabo de cavalo, então retornou para sua cabana na montanha.
Ao entrar captou um vulto com o olhar, então lançou uma pequena rajada de energia cor cinza contra tal, no entanto atingiu a parede. Uma luz dourada se acendeu na direção de onde o vulto havia ido, e se formou da mão de quem se revelou ser um homem loiro e alto, usava calça e jaqueta preta de couro.
— Ótimo reflexo — comenta ele com um leve sorriso de lado.
— Não te dei permissão pra entrar na minha casa — revida com seriedade no olhar.
O homem dissipa a energia de sua mão e deixa tudo novamente escuro, causando em seguida uma brisa no interior da casa que fez todas as velas iluminarem o local.
— Malevina… — ele a observa de cima a baixo. — Quanto tempo.
— Sim, e ficaria feliz se continuássemos bem distantes — cruza os braços. — Havíamos feito um trato, Proud.
— E eu me lembro disso — se apoia em uma mesa, observando o interior de onde estavam.
Como um todo, a casa era bastante comum para o tempo, com paredes de madeira tingidas em um belo tom de marrom-avermelhado e pisos de pedra bem polidos. Haviam uma grande quantidade de plantas e uma cacatua branca que resmungava em um galho em uma das paredes.
— Sendo assim, não deveria ter vindo — Malevina passa por ele e tira algumas velas e objetos de cima de outra mesa ao outro lado da sala, como se querendo escondê-los. — Você é muito cara de pau, sabia?? Vir aqui depois de todo esse tempo me pedir ajuda.
— Eu não pedi ajuda em momento nenhum.
Prevalece o silêncio naquela sala de estar onde os dois se encaravam, sendo a mulher quase dissecando o corpo dele com seus olhos verdes.
— Tá bem… — Proud revira os olhos. — Vim pedir sua ajuda, realmente, mas é com bons motivos.
— Você disse isso quando me convenceu a entrar pra maldita formação anterior das Trevas com o plano de que aquilo pararia Holter! E olha só, não adiantou!
— Eu tentei, tudo bem? Nosso objetivo era fuder os planos de Holter estando infiltrados como servos dele e…
— Funcionou?
— Em 1224? Sim.
Malevina o encara com desaprovação.
— E agora, Proud? E agora em 1235?
— Ainda dá pra evitar…
— Ele está sentado no trono de Hutbus Island! — vocifera. — Sem contar que você ainda é servo dele.
— Não é como se eu tivesse escolha. Olha, é pior do que você imagina. Eu estou literalmente preso a ele por um feitiço, por que você não pode ser mais compreensiva?!
Sem tolerar mais o que ele diz, Malevina vai até à porta e a abre, sinalizando para ele ir embora.
Proud suspira, decepcionado. Anda lentamente usando seus olhos cor de mel para encará-la, e ela não esboça qualquer expressão de que irá voltar atrás na decisão. Ele para na porta, olhando o horizonte.
— Sei que estar em North Tenhaim te traz uma falsa sensação de segurança, mas isso não vai durar muito tempo — sussurra.
— Eu sei me cuidar — afirma, irredutível.
O homem sai de sua casa, parando uma última vez e se virando novamente para ela.
— Eu sei que você sente saudade.
— De você? — ri sem acreditar no que ele diz.
— Não. Você sabe de quem estou falando.
Malevina engole em seco, desfazendo seu semblante de dureza e ficando vulnerável.
— Se não for fazer isso por mim, então faça por…
— Não ouse — impede com rigidez.
— Bom te ver — baixa o olhar e então termina lentamente — Lírio da Morte.
Proud abre um portal em sua frente, e o mesmo mostra o grandioso e majestoso castelo de Hutbus Island. No chão a frente do mesmo, há sangue e soldados mortos, o reflexo da guerra recente que deu a Holter sua glória.
Sem olhar para trás outra vez, ele atrevessa para o outro cenário e fecha o portal.
Uma enorme amargura finca em seu peito quando é deixada sozinha, sentindo a tristeza e fraqueza entrando por seu corpo. Mirou o horizonte com seus olhos verdes e expirou o ar de seus pulmões com força. Seria muito egoísmo se ela não fizesse nada a respeito.
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E aqui vemos o Proud alugando um castelo na cabeça da Malevina em. Pra quem não se lembra da Lírio da Morte, a membro da formação das Trevas de 1224 que sumiu repentinamente, aqui está ela.
O que será que Malevina pode fazer por nossos queridos heróis na segunda parte dessa história?