Capítulo 22

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"Sim, através do livro, sinto sua presença. Está em casa... na nossa antiga casa" – disse Alzádia a Spency, quando o mesmo utilizou da pelúcia para se comunicar com ela.

Imaginou que por a Aura de sua mãe estar na pelúcia e no livro, conseguiria conexão com os escritos proféticos. O local se revela o antigo centro de reuniões das Bruxas Inglórias, e não poderia estar mais certa.

Pisou com a bota sobre o chão de barro, encontrando com um corpo feminino abandonado à sorte no chão. Deitada em posição fetal, segurando o livro como um bebê segura seu brinquedo. Desnuda, sem dúvidas o frio lhe assolou essa noite. Ironicamente estava ao lado da antiga fogueira; talvez isso seja simbólico, mas quem sabe buscasse o calor do fogo por mais uma vez.

Embora, sinceramente, após o que houve ontem, quem gostaria de chegar próximo ao fogo novamente?

Ainda que mancando, caminhou até à garota, ajoelhando-se pondo as mãos em sua pele exposta. Um leve gemido saiu da boca dela, pois notava a proximidade algo, entretanto não conseguia convencer seu corpo a acordar. Isso só veio a acontecer com Spency a pegou nos braços, e então ela se jogou novamente no chão.

— Fica... longe de mim — ofega, arrastando pelo chão de barro.

Pacientemente, o herdeiro de Zulter retira a espada das costas, a repousando próximo de si. Então retira a camisa preta reforçada que usava, ficando somente com a calça. Retornou até Júdith, que nervosamente sujava a parte debaixo da perna e a genital com barro enquanto se esforçava para ficar longe dele. Tendo Spency não acatado, agora a luz dourada dos olhos da garota vulnerável brilharam, e então ele parou.

— Você não pode ficar assim — sutilmente, apoia um joelho no chão enquanto a observa com preocupação. — Ei, pode confiar em mim — sorri amigavelmente, porém o rosto dela reflete desconfiança. — Eu sou... Spency... não se lembra?

A bruxa baixa lentamente o olhar, fitando a própria nudez, e cabeça parece estar três vezes mais pesada que o de costume. Sente duas mãos calorosas envolverem ela, e então a mesma leva um susto imenso, ao ponto de levantar em um pulo e encarar arregalada o garoto; parecia que, por alguns segundos, esqueceu que ele estava ali. Mas ele estava, a encarando nos olhos e oferecendo sua camisa a ela, pois cobria seus seios parcialmente com o livro.

O tronco de Spency estava definido em músculos, muito por conta das batalhas em que esteve envolvido, o mimetismo se deu conta que, para enfrentar inimigos tão poderosos, precisaria de força e resistência física. Porém tais músculos possuíam ataduras, arranhões e roxidões em toda parte graças à luta de ontem. Klous curou e amenizou as piores feridas, porém não pôde fazê-lo completamente, ou entraria em coma outra vez.

Um leve e confiável sorriso surge no rosto arranhado e machucado do Zulter, tentando passar uma expressão amigável à garota tão assustada.

Barulhos de passos ao fundo assustaram Spency, e estremeceu levemente ao ter virado o rosto na procura da pessoa, Júdith ter repentinamente tomado a camisa de sua mão e vestindo rapidamente. Bem... serviu muito bem nela, embora se pareça um vestido. O intuito na verdade não era estética, e sim cobrir as partes íntimas, então dá para dizer que funcionou perfeitamente.

— Tudo bem, agora vamos sair daqui — andou até ela, que imediatamente deu passos para trás e caiu entre os arbustos. — Júdith!

Correu até lá e a tirou dali carregada, agora parecia uma boneca de pano que mexia e sussurrava coisas indecifráveis. Sem dúvidas nenhum pai gostaria que uma filha brincasse com uma boneca assim.

Spency a apoiou em um braço e pegou o livro meio aos arbustos com a outra mão; tudo pronto agora. Iria teleportar para próximo da espada, mas sentiu a mulher escorreu de sua posse e cair no chão. Analisava abismadamente esta rastejando de bruços pelo chão na direção contrária, deixando exposta a bunda suja de barro enquanto o fazia.

Hutbus Island: O Último Herdeiro Where stories live. Discover now