Sangue azul

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Minha mãos tremiam sem parar, Percy estava do meu lado. A porta do meu pai na nossa frente, ela parece menos vermelha do que me lembrava.

– Você tem certeza disso né? – Percy pergunta pela milésima vez.

Tinha que pegar algumas coisas do quarto do meu pai antes de ir embora, a qualquer momento poderia acontecer um ataque de rebeldes e para piorar o príncipe estava aqui, todos sabemos que Zeus não ficou contente.

– É só pegar a carta e algumas coisas – Respondo pela milésima vez. – Você não precisa entrar.

– Eu estou do seu lado, sempre – Ele afirma antes de segurar minha mão.

Eu abri a porta com a mão livre com cuidado, com um rangido estridente a porta vai abrindo revelando uma cama de casal pequena com um armário ao seu lado, ao entrar melhor se revela uma escrivaninha cheia de documentos, livros e algumas contas já pagas. Era tão comum, a cama estava desorganizada como costumava estar quando ele deixava, segundo ele não precisava de organização para trabalhar, estava preocupado com outras coisas.

As memórias de meu pai me faz querer chorar mas seguro firme porque depois de tudo eu precisava mostrar segurança para os meninos, então não era bom eu parecer com meus olhos vermelhos e cabelo bagunçado, não na frente deles.

Sabia que a carta não estaria na escrivaninha, uma coisa que meu pai não sabia é que eu descobri seu esconderijo com as coisas da mamãe, na real era só uma caixa de madeira que antes ficava o meu colar, mas agora também era o esconderijo do presente de Natal dos meninos. Com cuidado tirei o pedaço de madeira e deixei de lado.

– Engraçado – Percy fala olhando para o pedaço de madeira que estava do meu lado – Como sabia disso?

– Meu pai nunca foi bom em guardar segredo – afirmo antes de revirar a caixa atrás de alguma coisa nova.

A maior parte das coisas são fotos dele que a mesma tirava ou cartões postais de sua viagem para lá. Mas ali estava algo diferente que eu já tinha visto, uma carta diretamente da Grécia em suas mãos. Sem muita delicadeza tirei o pedaço de papel e me concentrei em ler.

Querido Fred,

Eu queria ter como te encontrar denovo, dar essa notícia por uma carta não parece muito tranquilizante.

Sua estadia na Grécia foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, você é uma pessoa doce e inteligente acima de tudo. Eu me apaixonei por você no momento em que discursava na frente daquela sala inteira a importância da história que aqueles velhos não compreendiam, foi o momento que te conheci e o momento que me escondi. Você não demorou muito para descobrir que eu era a princesa da Grécia e a próxima a suceder o trono. Também não demorou para mim descobrir que seus planos contra a desigualdade de seu país era um pouco maior doque era esperado.

Irônico e cômico, a herdeira de um país se apaixonar por um líder rebelde, parecia até uma história de livro. Mas sua vinda era pequena e logo você se foi.

Eu estou grávida, eu não posso ficar com uma criança fora do casamento, Maria d'Angelo vai ficar com a menina até que ela chegue em suas mãos. Ela lembra você, nossa menina vai receber um bom tratamento e assim que conseguir reverter a situação eu trago você e ela para cá.

Eu imploro para que me perdoe e imploro que me responda.

O nome dela é Annabeth e apesar de novinha ela é a mais inteligente das bebês. Ela tem meus olhos.

Com saudade,
Atena.



Eu li aquilo em choque.

– Uou – ouço Percy falar por cima de meu ombro – Agora que eu parei para pensar, você parece mesmo ela.

– Eu tenho sangue real, meu pai é um rebelde – Não aguentei e meus olhos enxergam de água – Não é possível, ele nunca guardou um segredo por muito tempo de mim.

– Mas esse não é um segredo e sim O segredo – Disse Percy dando ênfase na última parte, isso não melhorou a minha situação. – Olha eu conheci seu pai, ele com toda certeza não faz parte dos radicais. Alguns deles só querem menos desigualdade e lutam pela história esquecida do nosso país.

– Ele pegou um dos meus livros – eu não tinha tempo de raciocinar – Um dos meus livros de história sumiu, era um sinal.

Nem percebi que tinha me sentado na cama pelo choque, logo levantei e revirei denovo o buraco no piso. Achei mais uma brecha no piso, um fundo falso no fundo falso, sacada de gênio. Lá estava alguns rascunhos de cartazes, discursos de revoluções e meu livro de história. Aquilo era muito para mim, mas a primeira coisa que veio pela minha cabeça é que minha madrasta não pode descobrir. Sai rapidamente pegar uma bolsa para enfiar tudo que tinha lá dentro. Iria levar aquilo embora.

– Isso é ótimo, quer dizer pode trazer a paz entre os reinos e você pode ver sua mãe – Percy falava enquanto me seguia.

– Não, tem um motivo para eu não ter crescido no castelo ou ter recebido tratamento especial enquanto morava com meu pai – Eu tentava achar a resposta enquanto recirava as escritas do meu pai. – Acho que podem não saber que eu sou eu, ou até mesmo terem planejado me esconder na época.

– Me disseram que algumas autópsia da minha tia apontavam envenenamento, nunca cheguei a comentar isso com o Nico – o príncipe parecia confuso.

– Não fale nada até eu passar essa história a limpo – Eu terminei de fechar as coisas e olhei para Percy – Eu não sei por que Zeus implica muito comigo ou até mesmo seu pai, é melhor não arriscar.

Depois que terminei percebi que Percy não estava olhando para mim e sim para o buraco. Um papel de jornal, parecia muito antigo só sei que foi escrito por Afrotide, o nome não era famíliar e sinceramente parecia mais um rascunho feito a mão, mas não era a letra do meu pai.

"A filha da Grécia some enquanto está na mão dos Estados Unidos" Dizia a manchete, logo embaixo uma frase chama atenção:

"Fontes confiáveis (eu mesma) confirmam que Atena não estava doente para aparições em público e sim grávida, além de uma filha fora do casamento a confiou na mão de Maria D'Angelo que alega que sequestram a criança na noite de hoje, uma notícia que abala os EUA mas quem será que sequestrou a filha de Atena?"

E logo embaixo uma manchete que dizia que um corpo de bebê foi encontrado morto, mas não conseguiram nem mesmo fazer um exame de DNA na autópsia.

– Acho que o buraco é muito mais fundo que só implicância – Percy pegava o papel de minhas mãos – É a letra de Afrodite.

– Parece que queriam matar o bebê – Comentei – Mas eu estou viva.

– Te queriam morta – O príncipe fala com um pesar na voz.

A Realeza - Percabeth - Livro 2On viuen les histories. Descobreix ara