Capítulo 3

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Tenho acompanhado a vida dessa menina já há algum tempo. Desde que minhas fontes disseram que uma herdeira legitima da família Nigro estava viva e vivendo no Brasil.

―Antonella Menezes. Porque não usa o sobrenome de seu pai? – digo olhando para a mulher que está atravessando a rua, equilibrando algumas garrafas de água em seus braços. Fico encarando-a pelas janelas de meu carro, sei que não pode ver através da película escura que cobre os vidros. De repente ela para e tenho a impressão de que meu disfarce possa ter sido descoberto, mas logo se põe a andar novamente, entrando na loja de vestidos de noiva. Meu telefone vibra e pego para atender.

― Fala. – digo

―Chefe, fiz mais algumas descobertas sobre a menina. – meu subordinado diz

―Mande para meu e-mail. – falo e desligo

Alguns segundos depois, recebo a notificação da caixa de entrada. Abro e vejo um pequeno dossiê sobre a mulher que acabei de ver.

"Antonella Menezes Nigro, mulher, 25 anos, vive com o padrasto e mais 3 irmãos na favela de Paraisópolis. A mãe, Martina Menezes Silva anteriormente Nigro, faleceu cerca de três anos, assassinada num acerto de contas entre facções na favela. O pai Antônio Nigro, foi encontrado morto há 25 anos, possivelmente assassinado por algum rival. O padrasto Maycon Wesley Silva, é chefe da facção que comanda a favela, vive em uma das casas na ocupação com seus filhos e sua enteada. Atualmente tem uma companheira, Vanessa Paula Souza."

Continuo a ler e vejo que Antonella, não sabe sobre seu passado. Atualmente vive uma vida humilde. É bolsista em uma faculdade de moda e trabalha meio período no atelier em que a vi entrar. Ah se ela soubesse o império do qual tem direito. Continuo minha vigília até a hora dela sair. Observo-a de longe. Quero conhecer melhor seus hábitos antes de me aproximar. Mas vejo vermelho, quando um homem a pega pelo braço. Saio do carro e vou em sua direção.

― Solte a moça. – digo friamente ao vê-la tentando se soltar do aperto do homem

― Quem é você? Sabe com quem está falando? Cai fora. – o homem diz petulante

―Não sairei daqui até que solte a garota. – digo

―Cara, para de se meter naquilo que não é da sua conta. Ela é minha filha. Só quero ter uma conversinha com ela, nada demais. – ele diz e a vejo o olhar assustada ainda tentando se soltar

―Solte-a agora ou tomarei alguma atitude. – advirto-o mais uma vez

―Ah é?! E que vai fazer? – fala rindo

―Isso. – dou-lhe um soco em seu queixo e vejo-o soltar o braço dela que leva as mãos em sua boca

― Seu desgraçado. – vejo se levantar com as mãos no rosto e vindo em minha direção. Seguro-o levando meu braço em volta de seu pescoço e falo em seu ouvido

― Se encostar mais um dedo nela ficará sem nenhum. Ou não me chamo Federico Macri. Capice?! – termino de dizer e ele acena com a cabeça que entendeu. Solto-o e vejo-o começar a tossir.

―Isso não ficará assim. – diz ameaçando-a

― Isso é uma ameaça? – pergunto e ele sai deixando-nos a sós

― Você está bem, senhorita? – pergunto

―Estou? Não sei... acho que sim... Só um pouco nervosa, acho. – diz e a vejo tremer

― Vem. Vamos tomar alguma para você se acalmar. – digo dando-lhe a mão

― Me desculpe. Mas não saio com estranhos. – fala e vejo se retrair

A herdeira perdida da máfiaWhere stories live. Discover now