Capítulo 8

70 8 0
                                    

Estou correndo pelos corredores da faculdade para não perder a primeira aula do dia. Nunca em toda minha vida tinha dormido tanto ao ponto de não escutar o barulho do despertador. Morando na casa de Maycon, dormir era questão de luxo. Mamãe me dizia para estar sempre alerta. Mas isso ficou para trás. Entro apressada na sala e sento em meu lugar ao de Betina.

― Está atrasada! – me repreende ―Te esperei para o nosso café e você não apareceu.

―Eu sei, me desculpe. Sai ontem com o Federico e acabei dormindo demais. – me justifico colocando minha bolsa no encosto da cadeira

― O que!? – Tina berra fazendo com que todos os olhares se voltassem para nós

― Fala baixo, Tina. – peço entredentes ― Depois da aula te conto tudo.

―Sei que a conversa das senhoritas deve estar boa, mas a aula já começou. – o professor fala em nossa direção e ambas nos ajeitamos em nossos lugares― Bem turma, hoje falaremos sobre como a indústria têxtil revolucionou o mundo... – ele começa a explanar sobre o assunto da aula

― Hoje você não me escapa Antonella. Quero saber direitinho essa história. – diz ao virar para frente. Um sorriso bobo surge em meu rosto e volto minha atenção a aula.

...

― Agora a senhorita irá me contar que história é essa de sair com Federico e dormir demais. – sou interpelada por minha amiga assim que saímos da sala

― Não é nada disso que você está pensando Tina. – respondo ―Nós só fomos ao cinema.

―Claro. E só uma ida ao cinema fez com que você, a toda certinha chegasse atrasada! – debocha

― Acredite se quiser. Só fomos ao cinema e mais nada. Me atrasei porque pela primeira vez em anos, consegui dormir sem ter que ficar alerta a nada. – respondo irritada, demonstrando toda minha frustação sobre as suas desconfianças.

― Desculpe, Nella. Não queria te ofender. – se desculpa ― Fiquei surpresa. Nunca em todos esses anos a vi se atrasar para nada.

―A sempre uma primeira vez para tudo. – digo ríspida

― Olha, vamos começar de novo. – diz balançando as mãos ― Me conta. Como foi com o Federico ontem? – pergunta

Respiro fundo, recompondo-me antes de responder.

― Foi diferente e ao mesmo tempo divertido. – digo

― Diferente como? Explica isso direito. – Tina retruca chocando seu ombro contra o meu

― Não sei explicar. Você sabe que não costumo sair com ninguém. – respondo e a vejo acenar concordando ― As únicas vezes que assisti um filme no cinema foram com minha mãe e já faz tanto tempo que foi meio estranho estar ali com outra pessoa. – completo

― Eu te entendo amiga. – fala segurando minha mão ― Mas e aí, aconteceu mais alguma coisa? – indaga curiosa

― Assistimos o filme, ele me levou em casa... quase me beijou ... – deixo no ar

― Como assim?! Quase te beijou? – indaga curiosa

― Estávamos nos despedindo. Ele se aproximou de um jeito bem sedutor... – falo

― E aí amiga? Fofoca pela metade mata o fofoqueiro. – resmunga e dou uma risada

― Então... ele se aproximou com as mãos em meu rosto ... – digo

― Continua... – me interrompe

― Olhou bem fundo nos meus olhos e disse: "Eu poderia te beijar agora, mas não o farei. Porque quando o fizer, não serão só beijos que terei". – completo

A herdeira perdida da máfiaWhere stories live. Discover now