Capítulo 9

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Sabia que em algum momento a bella ragazza a minha frente perguntaria algo sobre mim. Começo a lhe contar a história que venho ensaiando há algum tempo. E um bom segredo ao se contar uma mentira é colocar algo verdadeiro nela.

― Nasci num vilarejo na região de Locri na Itália. – falo

― Nossa! Então você é italiano! Mas nem consegui perceber. Você consegue disfarçar bem o sotaque. – a ouço falar entusiasmada

― Tomarei isso como um elogio. – falo com um sorriso de lado ― Meus pais, principalmente meu pai, fizeram questão de que meus irmão e eu, fossemos versados em outras línguas. E isso incluía aprender a neutralizar nosso sotaque para que pudéssemos passar por nativos. – explico

― Interessante. – diz olhando em meus olhos ― Aprendi um pouco de italiano com minha mãe, mas o sotaque ainda me denuncia.

― Posso lhe ajudar com isso. Claro se você quiser. – digo

― Adoraria. Mas agora, me conte mais. Seus pais ainda são vivos? – questiona e então começo a lhe contar sobre a minha vida.

Claro que omiti tudo o que fazemos, não poderia lhe contar de como podemos ser cruéis e toda a atrocidade que nos cerca. De certa forma, gostaria que minha infância e juventude tivessem sido como na história que acabei de contar.

― Deve ter sido maravilhoso crescer numa família grande como a sua. – fala e vejo seus olhos brilharem.

― De certa forma sim. – minto tentando não lembrar as sessões de tortura e treinamento ao que fui submetido enquanto crescia.

De repente vejo que se dar conta de algo e ficar agitada.

― Meu Deus! Madame Bourjois irá me matar. – diz olhando para o relógio

― Não se desespere. – digo e a vejo se levantar

― Como não. É a segunda vez que me atraso hoje. – responde exasperada

― Calma, Antonella. Eu te levo até o ateliê e converso com ela. – digo para acalmá-la

Saímos apressadamente do restaurante e em alguns minutos estamos no ateliê. Antonella é a primeira a descer e antes que possa fazer o mesmo, a vejo passar pela porta. Saio do carro e entro no local.

― Isso são horas de se chegar, Antonella. Tive que dispensar alguns clientes porque a senhorita ainda não havia chegado. – escuto a mulher esbravejar com seu falso sotaque francês ― Saiba que descontarei esse atraso do seu salário.

― Me desculpe Madame Bourjois. Não irá se repetir. – vejo uma Antonella cabisbaixa falar e sinto meu sangue ferver com a intimidação que essa senhora está fazendo. Pigarreio para que perceba minha presença e ela manda Antonella se afastar, sendo obedecida de imediato.

― Boa tarde, senhor. – diz com um sorriso falso ― Em que posso ajudar?

― Boa tarde, Madame. – respondo polidamente ― Peço perdão pelo atraso de Antonella. Saímos para almoçar e perdemos a noção de tempo. – digo e percebo que a mulher está impactada com a minha figura

― Não precisa defendê-la. Sei como lidar com esse tipo de gente. – esnoba

― Sei que sabe. Mas realmente quero me desculpar por ter feito a bela Antonella se atrasar. – digo e vejo revirar os olhos

― E eu poderia saber quem é você? – pergunta

― Federico Macri. – respondo e ela engole em seco

A herdeira perdida da máfiaTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang