Capítulo 6

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     Acordei um pouco assustado com o alarme ao lado, pela primeira vez eu não havia acordado tão cedo como de costume o que não era estranho por andar tão cansado ultimamente, bocejei e logo sentei ainda na cama enquanto pensava sobre o que o dia reservava para mim, cocei os olhos e sustentei meus cotovelos sob os joelhos enquanto bagunçava meus cabelos e ao mesmo tempo massageando minhas têmporas. O que estava acontecendo? Estava trabalhando demais ou apenas com todos acontecimentos repentinos haviam me deixado exausto? Bocejei mais uma vez e levantei com um pouco de preguiça pensando se pularia o treino matinal ou não, talvez sim.

     Joguei água diretamente no rosto afim de despertar um pouco mais rápido, quando de seguida optei por escovar os dentes enquanto ligava a banheira, o que eu faria no café da manhã de hoje? Torradas? Comeria frutas? Talvez frutas, seria um método mais fácil e rápido de não perder tanto tempo na cozinha e atrasar para o trabalho. Adentrei na água um pouco mais quente que o normal e relaxei meu corpo o máximo que pude, hoje era sexta-feira e se passaram apenas alguns dias desde o ocorrido na firma, as coisas andavam normais por assim dizer, algumas ligações inesperadas e mensagens de texto da Seo Hye-won com diversas ameaças em destruir minha reputação, como se ela conseguisse fazer tudo isso sozinha.

     Não demorei muito para sair do banho e ir direto para o closet, optei apenas por uma camisa social branca simples e o colete, não estava com ânimo para paletó hoje, busquei um sobretudo escuro que me aqueceria o resto do dia, visto que ainda estava chovendo, e um par de luvas pois ultimamente minhas mãos estavam congelando. Ao finalizar meu cabelo de forma simples, peguei a chave do carro e andei até a garagem enquanto olhava o ponteiro do relógio que marcavam exatamente nove horas, eu realmente estava atrasado. Meu telefone além de ter inúmeras mensagens, também haviam ligações perdidas do senhor Cha, talvez ele estivesse preocupado pois eu nunca sumia sem dar satisfações, assim que entrei no carro resolvi retornar sua ligação.

- Bom dia, senhor Cha. - falei sem muito ânimo.

- Senhor, me desculpe ligar tão cedo. Mas eu não ligaria se não fosse algo tão urgente. - ele falava de forma apressada enquanto eu acelerava o carro na avenida.

- Mas o que é tão urgente? - perguntei um pouco preocupado.

- A senhorita Alice está utilizando a antiga sala da senhorita Seo Hye-won ao lado como escritório. - sem pensar duas vezes pisei o pé no freio levando o carro para o acostamento.

- O que você disse? - falei de forma autoritária.

- Isso mesmo que o senhor ouviu, além de migrar para o escritório ela trouxe consigo algumas pessoas da sua equipe de pesquisa e desenvolvimento para inspecionar todo nosso maquinário.

- Como ela pode fazer isto sem autorização? - acabei exaltando-me um pouco.

- Aparentemente está no contrato que o senhor mesmo assinou. - ele pareceu um pouco insatisfeito, automaticamente dei um soco no volante com raiva.

- Chego em cinco minutos. - falei desligando o celular e acelerando o carro o mais rápido que pude.

**

     Abri a porta da sala ao lado sem ao menos bater, eu podia sentir que meu corpo tremia de raiva, eu jamais admitiria que alguém passasse por cima das minhas ordens na minha própria corporação, quem ela pensa que é para se instalar dessa maneira sem consultar-me? A sala estava vazia, mas não parecia com a antiga sala na qual eu antes frequentava em tempos de namoro com Seo Hye-won, na época seu pai pediu para que ela migrasse para nossa corporação o representando, afim de apressar a comunicação entre ambos os lados, de início eu não aceitei, mas tive que admitir que funcionou até certo ponto.

     Diferente da sala que antes era quase escura e sem graça, Alice trocou as cortinas escuras por materiais mais claros, a mesa que antes era de madeira agora foi substituída por uma simples de vidro, também havia algumas flores e jarros de plantas em alguns pontos estratégicos da sala, as cadeiras foram trocadas por outras de cores mais neutras dando a impressão de um ambiente mais limpo e até mesmo agradável de se estar. Sua mesa era bem organizada, papéis empilhados milimétricamente no centro, suas canetas estavam organizadas em ordem com espaçamentos idênticos, definitivamente ela era doente por organização, aquilo me fez sorrir.

- Não sabe bater? - ouvi sua voz logo atrás de mim me pegando de surpresa.

- Não sabe pedir autorização para se instalar? O que aconteceu? Virou sócia da empresa também? - perguntei lembrando-me de que estava com raiva.

- Por acaso você não leu o contrato? - ela cruzou os braços e falou em um tom calmo enquanto fechava a porta atrás de si e se dirigia a sua cadeira.

- Por acaso você me deu alternativa de lê-lo? - quase imitei teu tom de voz, ela estava mesmo brincando comigo?

- Dei, uma alternativa de 24 horas, ou você esqueceu? - ela respondeu sem encarar-me enquanto folheava alguns papéis os assinando.

- Você me encurralou, admita! - coloquei ambas as mãos apoiando-me em sua mesa enquanto me inclinava para encará-la de forma mais próxima, ela deveria entender quem era o chefe.

- Você não de meu escolha, achou mesmo que iria me levar em banho Maria até tentar conseguir me convencer de existiria a possibilidade de alteração das cláusulas? - ela ficou de pé copiou minha posição nos deixando frente a frente.

- Você está na minha empresa, são minha regras. - me peguei encarando seus lábios que desta vez estavam com em um tom rosado, quase natural.

- Meu projeto, minhas regras. Irei ficar aqui até o tempo em que eu achar necessário, preciso acompanhar de perto a produção, e espero não ter nenhuma interrupção, fui clara? - ela arqueou a sobrancelha.

- Retire imediatamente a inspeção. Você não tem autorização. - endireitei minha posição e dei as costas enquanto caminhava para porta.

- Faz parte da nossa garantia de qualidade, se retirar a inspeção não aprovaremos a produção do produto em seu maquinário. Porque não facilita tudo? Afinal, não é apenas minha empresa que vai sair ganhando quando o produto estiver na prateleira no mercado.

          Parei de caminhar rapidamente, assim que percebi de que ela estava levando todas as cláusulas ao pé da letra, eu precisaria agir de alguma maneira para mostrar de que não estamos apenas alugando o maquinário, como também somos produtores do projeto, virei para encarar a mesma e coloquei uma das mãos no bolso enquanto tentava lembrar exatamente da maneira em que foi escrita.

- Cláusula número vinte e sete, quaisquer decisão deverá ser tomada a partir de ambas concordâncias, ou seja, você deveria ter me consultado antes de mudar-se com tudo pra cá.

- Minha presença aqui é importantíssima para garantir que nada saia do combinado, senhor Tae-Moo.

- Deveria ter me consultado, eu mesmo faria questão de escolher a última sala do corredor para a senhorita não ter que lidar comigo todos os dias. - respondi de forma irônica.

- Não se dê ao trabalho, afinal, o que achariam da sua namorada trabalhar na última sala do corredor e não ao seu lado? - ela arqueou a sobrancelha e deu um meio sorriso.

- Você está levando a falha no sistema muito a sério. - falei tentando não parecer tão preocupado como deveria.

- Ah estou? Por acaso não sabe o que andam falando pelos corredores? - ela encostou-se na mesa enquanto me encarava esperando uma resposta.

- Não tenho tempo para fofocas.

- Nem eu, mas ao que parece a Seo Hye-won espalhou não só pelos quatro cantos da empresa, como também está tentando me difamar para conseguir um ponto a mais com a sociedade - ela estendeu o telefone mostrando-me uma mensagem do que parecia ser um grupo farmacêutico com alguns prints do que supostamente deveria ser Seo Hye-won tentando manchar a imagem da Alice insinuando que estaria comigo apenas para alavancar a carreira e por interesses pessoais.

- Mas o que? - antes q eu pudesse ler as demais mensagens, ela o recolheu.

- Pois é, senhor Kang Tae-Moo. O que vai ser a partir de agora? Vamos mesmo continuar com essas briguinhas desnecessárias, ou vamos ao que interessa? - mas de qual parte ela estava falando?

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