Capítulo 10

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          A chuva caía de forma desesperada ao lado de fora, o cheiro dos pães frescos invadiam a cozinha assim como o molho com algumas especiarias, aquela era uma noite na qual eu não trocaria por nenhuma outra reunião ou compromisso sequer. Aumentei um pouco a temperatura do aquecedor, deixando a luz da sala um pouco baixa. Em breve o frio se instalaria no ambiente por causa da chuva que não havia cessado. Alice estava sentada ao meu lado enquanto bebíamos as últimas cervejas. Estávamos bem á vontade largados no chão.

         Já se passavam mais da meia noite, e nem percebemos o quão rápido o tempo havia corrido, algumas garrafas de cervejas estavam espalhadas pela sala, e alguma música soava baixo enquanto conversávamos, havíamos bebido mais do que prevíamos. Tive até de pedir algumas reposições via delivery, ela aguentava mais álcool do que eu imaginara.

- Então quer dizer que você saiu de lá correndo? - ela perguntou entre risadas após compartilharmos algumas de nossas histórias de fracassos amorosos.

- O que eu podia fazer? - respondi e logo respirei fundo balançando a cabeça - Aquela era uma ótima época de errar.

- Verdade. Sinto saudade de quando uma simples escolha não afetaria tanto algumas ações importantes da nossas vidas. - ela me pareceu pensativa e suspirou olhando ao redor - Você é não é tão ruim quanto imaginei.

- Então quer dizer que a senhorita mudou de opinião? - dei um último gole na cerveja.

- Não que eu tenha mudado de opinião - ela sorriu e deu de ombros - Você continua o mesmo ignorante de sempre.

- O que disse? - perguntei surpreso enquanto sorria - Eu te convido pra minha casa, te faço um jantar e você me retribui dessa forma?

- Verdade, a diferença é que você me parece ser um ignorante que cozinha muito bem - ela olhou para um pouco dos pães nos quais haviam nem quase sobrado - Que também gosta de se meter em problemas. - ela encarou-me e riu baixo.

- Não sou tão ignorante quanto imagina. - a corrigi.

- Verdade, mas em breve não serei obrigada e vê-lo. - aquilo havia me pego de surpresa.

- Como assim? - tentei não parecer desesperado.

- Logo terei de voltar ao Brazil, temos negócios pendentes - ela olhou para o teto - E alguém precisa colocar ordem na casa.

- Tem alguma... previsão? - eu estava sendo bastante intrometido, até que a mesma percebeu meu interesse e apertou os olhos, quando um pequeno sorriso formou-se em seu lábios.

- Porque tanto interesse, senhor Tae-Moo? Não sabia que iria deixar saudades.

- Você é bem convencida, senhorita Alice. Apenas estou preocupado com a empresa e como os negócios seguirão após sua partida, será um alívio. - menti enquanto olhava para o lado afim de não a encarar.

- Hum, aposto que vai sentir saudade de brigar com alguém - ela riu baixo e um pequeno silêncio se estendeu, nossos olhares se encontraram e se estenderam por um longo tempo, percebi que Alice mordeu levemente seu lábio enquanto ainda me encarava e suas maçãs estavam extremamente coradas, o que ela poderia estar pensando? Eu estava curioso, e às vezes sentia de que essa minha curiosidade iria acabar me matando algum dia. Até que pude ouvi-la quase sussurrando - Também irei sentir sua falta.

    Sem hesitar toquei em seu rosto o acariciando. Sua pele era macia e quente, passei meu polegar por seu lábio inferior e encarei o mesmo em silêncio, talvez o álcool estivesse falando por si, mas não era algo no qual eu apenas decidi fazer naquele momento, era simplesmente algo no qual eu gostaria de ter feito a muito tempo.

Sparks OfficeWhere stories live. Discover now