Capítulo 28

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          Estava dirigindo o mais rápido que podia, eu apertava o volante com toda minha força. Não conseguia segurar o misto de emoções nas quais eu estava passando. Alguns socos foram dados no volante quando lembrei o estado atual de Alice. Não podia nem sequer passar pela minha cabeça de que ela não poderia mais acordar, tudo aquilo estava sendo demais para mim, embora eu precisasse manter o controle. Enxuguei as lágrimas que insistiam em cair por meu rosto e ultrapassei alguns carros buzinando de forma ignorante e bruta, tinha certeza de que levaria algumas multas de trânsito por toda imprudência e velocidade ultrapassada na avenida. Virei algumas ruas e buscando sempre alguns atalhos enquanto procurava o local no qual eu havia agendado a reunião, e finalmente encontrei o galpão no qual costumávamos armazenar alguns itens de materiais acabados da indústria. Lá seria um lugar perfeito para não ser ouvido por quaisquer pessoa. A rua era totalmente deserta e de área industrial. Já havia passado das onze horas da noite.

          Estacionei atrás do único carro da rua que deveria ser do verme. Desliguei o motor do carro encarando a arma ao meu lado. Peguei a arma colocando-a em meu bolso fundo, e bati a porta do carro com precisão para mostrar que eu estava chegando. Caminhei a passos largos a entrada do galpão na qual havia algumas grades na entrada. Era um lugar enorme, porém, sua entrada deixava um pouco a desejar, uma pequena reforma resolveria tudo. Fazia tempo em que eu não vinha até aqui. Assim que passei do portal maior, empurrei uma outra porta metálica e desta vez um pouco enferrujada, a fazendo ranger um pouco. Havia algumas empilhadeiras com caixas envelopadas no papel filme para que não tivesse contato externo e infectasse os produtos e matérias primas. Os pallets estavam organizados de forma aleatória, alguns estavam no meio do caminho, como outros organizados em fileiras no canto da parede. A luz central estava ligada e duas cadeiras com uma mesa estavam postas no meio, mas não havia ninguém lá. Passei a mão em meu peito, lembrando de que a escuta estava pendurava em um colar por baixo de minha camisa.

- Não acha que foi longe demais? - Falei alto enquanto caminhava devagar entre os pallets, e pude perceber de que mesmo com utensílios no local, minha voz ecoava. - Acha mesmo que vai sair impune depois de tudo que você fez?

- Mas ainda nem comecei. - A voz do Seo ecoou em algum lugar dentro do galpão. - Estou me divertindo bastante. Infelizmente você é igual ao seu pai, bastante relutante.

- Eu vou acabar com você, seu verme. - Falei com nojo.

- Seu pai também disse isso. Mas sabemos qual foi o seu fim, é uma longa história e estou impaciente para relembrar agora. - Apertei o punho com força tentando controlar minha ira.

- A polícia já começou a investigar. Já estou te denunciando pelo que fez. - Dei alguns passos tentando me aproximar o máximo possível da direção na qual aquela voz estava saindo.

- E não irão encontrar nada. Você acha mesmo que dou ponto sem nó? - Estava quase lá, não podia falar mais nada. - Eu vou tirar tudo o que tem. Porque não facilitou tudo seu meu genro? Seríamos uma ótima dupla, sabia? - Dei mais alguns passos e senti o cheiro de tabaco forte. Ele deveria estar fumando. Alguns passos e finalmente vi sua silhueta de costas falando tranquilamente encarando uma maleta que estava no chão. Devagar para que não o fizesse fugir, aumentei os passos e encostei minha arma em sua cabeça, o que fez rir baixo.

- Eu vou matar você! Filho da puta! - Cuspi as palavras com ódio o vendo virar devagar soprando a fumaça do cigarro sorrindo a quase dois metros de distância, dando leves passos a minha frente de forma tranquila.

- Se eu fosse você não faria isso. - Arqueei a sobrancelha e senti uma forte dor de cabeça quando fui atingido, me fazendo cair no chão e disparar a arma para cima. Meus braços e pernas foram segurados por alguns de seus capangas, e Seo aproveitou para chutar meu abdômen e distribuir alguns socos por meu rosto, seus anéis de ferro cortavam minha pele, me fazendo gemer de dor.

- Você só consegue fazer isso? - Cuspi um pouco de sangue para o lado enquanto ria.

- Te vi crescendo sendo um moleque mimado. Mas sabe o que me surpreende? É que você é sínico. - Seo se ajoelhou ao meu lado enquanto falava.

- Eu tenho tudo. E sabe o que você tem? - Continuei rindo de toda a situação. 

- Estou tirando aos poucos. Você vai rastejar pedindo misericórdia e finalmente vai conhecer o mundo de verdade, seu moleque miserável!

- Você vai assumir a empresa? - Segurei o riso - Não passa de um fodido! - Cuspi em seu rosto e recebi um soco na boca.

- Coloquem-no na cadeira. - Ele ordenou para os seus capangas. 

- O que vai fazer? Me matar? Igual como fez com meus pais? - Meu corpo era arrastado pelo galpão até as cadeiras nas quais me deparei assim que entrei.

- Não cometo o mesmo erro duas vezes. - Seo puxou a cadeira a minha frente enquanto minhas mãos eram amarradas. - Vamos tratar de negócios agora, não foi para isso que me chamou?

- Eu te chamei aqui para acabar com você. - O encarei enquanto forçava meu pulso contra as cordas em volta da minha pele.

- Desta vez será o contrário. Eu irei acabar com você. - Ele jogou seu cigarro longe e um de seus capangas o trouxe a maleta, fazendo Seo colocar sob a mesa a abrindo e retirando alguns papéis. - Sempre soube que você foi e é um fracasso em pessoa, negócios são para adultos. Não entendo como seu pai não repassou a procuração da empresa antes para mim, sabendo que seu filho incompetente jamais daria conta.

- Para você? - Arqueei a sobrancelha. - Ele sabia o que estava fazendo desde o início, você  precisou matá-lo para tentar conseguir o que queria.

- Eu não o matei. Ele quem escolheu morrer, eu dei outras opções. - Apertei o punho com força e trinquei os dentes. - Vamos lá, não quero perder tempo com isso. Soltem-no.

          Dois capangas desamarram minhas mãos e as colocaram sob a mesa, cada um as segurando com as duas mãos, impossibilitando de que eu relutasse. Ouvi o barulho de uma arma sendo recarregada e só pude perceber de que estava próxima, quando o metal gelado encostou em minha pele em direção a cabeça. Então este era o fim. Eu deveria manter meu orgulho e assinar o maldito papel? Ou deveria morrer e simplesmente deixar tudo para o canalha?

- Se eu fosse você não faria a mesma escolha que seu pai. - Seo encarou-me cruzando os braços ficando mais á vontade em sua cadeira.

- Não irei assinar. - Tentei manter a calma, até que a arma foi empurrada em minha cabeça me fazendo lembrar de sua presença ali.

- Eu nunca dou uma segunda chance. - Ele continuou falando despreocupado.

- Então me mata logo. - Recebi um golpe em cheio próximo a sobrancelha. - Você já está fora. Foi dado entrada hoje na papelada, este documento assinado jamais será válido. - O encarei sorrindo - Se eu morrer? Meus avós estão vivos, esqueceu que é uma empresa familiar?

- Você se acha esperto. - Seo levantou e sua expressão era de raiva. - Eu vou acabar com aquela mulher em segundos, ainda me pergunto porque não fiz isso antes. - Aquilo foi o suficiente pra me tirar do controle e virar a mesa com um dos meus pés assim que a chutei.

- Desgraçado! Eu vou acabar com você! - Gritei tentando me desvencilhar e logo um disparo foi feito me fazendo sentir a ardência em minha pele quando fui atingido no abdômen.  

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