Capítulo 27

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- Alice? - Falei enquanto adentrava na casa e percebi de que tudo estava bastante escuro. Havia  apenas um segurança em frente a casa, o que era bastante incomum. - Alice?

          Aquilo tudo estava começando a me preocupar, tudo a minha volta ultimamente estava se tornando suspeito demais. Nestes últimos dias Alice tem me recebido assim que eu pusesse os pês na sala, aquilo era o mínimo para me tranquilizar e saber de que tudo estava bem. Continuei a andar devagar em direção ao closet em busca da arma, liguei apenas a lanterna do celular para que não chamasse atenção e conferi se a mesma estava carregada. Olhei para os lados e de forma atenta e continuei a inspecionar a casa, o primeiro cômodo havia sido o banheiro, tudo parecia normal. Aumentei um pouco a velocidade e subi as escadas com cuidado apontando a arma para frente esperando apenas o alvo aparecer.

          Assim que adentrei no quarto, percebi de que a cama estava desarrumada. Então ela estava aqui antes, mas o próximo passo que dei para frente pisei em algo pontudo, o que me fez encolher-me rapidamente de dor. Liguei a lanterna e apontei para meu pé que ainda estava com a meia, e pude encarar o sangue se espalhar. Arranquei o pequeno pedaço de vidro mirando a luz a minha frente vendo que um copo havia quebrado. Alice. Ela não parava de sair da minha cabeça. O que será que havia acontecido? Com cuidado desci as escadas e fui em direção ao quintal da casa, na área da piscina.

          Enquanto caminhava procurei a caixa geral de luzes a acendendo, mas apenas um silêncio pairava no local. Continuei mirando a arma na direção na qual meu olhar pudesse capturar o criminoso. Logo a água da piscina mexeu um pouco, o que era incomum. Aproximei-me devagar apontando a arma para água e rapidamente meu coração havia parado. Os cabelos ruivos de Alice boiavam em direção a superfície, e seu corpo parecia preso no fundo da piscina. Arregalei os olhos sem acreditar em tudo aquilo corri em direção a mesma mergulhando o mais fundo em que eu podia. As luzes da piscina ajudaram a identificar na forma em que ela estava presa. Seus braços e pernas continham lacres, e uma de suas pernas estava presa a uma corda presa a uma bomba d'água que deveria pesar mais de 10 quilos, o suficiente para puxar seu corpo para baixo.

          Busquei algo cortante no bolso vendo apenas a chave do carro, segurei seus pés e comecei a cerrar com rapidez. Encarei Alice desacordada com os olhos fechados, e lembrei de que a mesma precisava de oxigênio. Aproximei-me do seu rosto tocando seus lábios de forma desesperada enquanto compartilhava o restante do ar que restava em meus pulmões. Fiz isto e voltei a serrar o lacre liberando seus pés e mantendo ainda suas mãos amarradas. Segurei seu corpo contra o meu e com um impulso empurrei nossos corpos para a superfície. Seu rosto estava um pouco pálido, o que me deixou ainda mais desesperado. Nadei com a mesma até o raso saindo da piscina e puxando seu corpo com cuidado pela borda iniciando uma massagem cardíaca. 

- Alice! - Falei segurando as lágrimas dando leves batidas em seu rosto e fazendo a respiração boca-a-boca intermediando com a massagem cardíaca. - Alice, acorda. Alice. - Falei baixo dizendo pra eu mesmo mentalmente de que tudo iria acabar bem. - Alguém! Chamem a ambulância! - Gritei desesperado voltando a fazer a respiração boca-a-boca contando mentalmente os impulsos contra seu peito.

          Alice vestia uma camisola de seda branca, o que deixava seu corpo um pouco amostra contra a fina camada de seda. Seus cabelos estavam espalhados ao seu lado e umas mechas em seu rosto. Sua pele estava mais pálida do que o normal, e seu ombro estava sem o curativo o que havia aberto alguns pontos. 

- Senhor! - Ouvi um dos seguranças gritando e correndo em minha direção. - Eu chamei a ambulância, eles estão a caminho.

- Pegue um cobertor. Agora! - Gritei voltando a fazer a respiração boca-a-boca.

- Sim, senhor! - O segurança correu para dentro da casa trazendo um cobertor escuro cobrindo o corpo de Alice enquanto eu estava desesperado.

- Alice! Acorda! - Gritei pressionando um pouco mais forte os impulsos sentindo as lágrimas escorrerem por meu rosto. - O que fizeram com você? 

- É a ambulância, senhor! - O segurança correu para os receber indicando o local onde estávamos.

- Alice! Alice! - Senti algumas pessoas me afastarem até perceber de que os paramédicos a colocavam na maca enquanto o outro continuava com a massagem cardíaca.

- Senhor! Precisa se afastar. Precisamos levá-la ao hospital. - Uma paramédica falou tentando em acalmar, enquanto seus subordinados faziam todo o resto do trabalho.

- Eu irei junto! - Falei a seguindo.

- O senhor é responsável por ela? 

- Sim, eu sou. É a minha esposa. - Falei rapidamente sem pensar enquanto adentrava na ambulância ficando ao lado de seu corpo frio.

***

          Já havia se passado mais de cinco horas, e o senhor Cha havia trago um terceiro café no qual eu havia recusado. Minhas roupas ainda estavam molhadas e assim como meu corpo, minha alma estavam em estado vegetativo. Era uma mistura de medo com aflição, angústia e esperança. 

- Senhor, eu trouxe algumas roupas secas para que possa se trocar. - Senhor Chá estendeu uma pequena bolsa.

- Está tudo bem. - Minha voz saiu baixa.

- Mas o senhor poderá ficar doente, e consequentemente não poderá se aproximar da senhorita Alice. - Ele tinha razão, se eu estiver gripado ou qualquer coisa do tipo, no estado crítico no qual Alice se encontra eles não me deixariam ter contato com ela.

- Verdade. - Falei pegando a pequena bolsa e ficando de pé. - Já encontraram o culpado?

- Infelizmente ainda não, estão averiguando as câmeras de segurança.

- Ache-o antes que a polícia. 

- Sim, senhor. Estamos fazendo o possível.

- Ótimo. - Andei até o final do corredor adentrando no banheiro buscando vestir-me o mais rápido que pudesse. A qualquer momento Alice poderia acordar. Eu tinha tudo isso em mente. Não me passava nem um segundo sequer de algo ruim poderia acontecer a ela. 

          Retirei minha camisa e calça a colocando sob a pia e logo comecei a vestir a calça limpa e camisa moletom. Um par de sapatos também havia na bolsa, os calcei assim que organizei as roupas molhadas dentro da bolsa. Encarei meu rosto em frente ao espelho e notava-se que meus olhos estavam inchados e vermelhos. Acredito que nunca chorei tanto em minha vida como hoje. A imagem dos meus pais veio a minha mente, eu não poderia perder mais uma outra pessoa. Alice era tudo que eu tinha agora. Abri novamente a bolsa e percebi de que minha arma ainda estava ali, carregada. Meu sangue estava fervendo de raiva. Não poderia tomar qualquer atitude neste momento, mas eu não estava aguentando mais. Ele havia passado totalmente do limite. Tirar meus pais e agora Alice? Guardei a arma e saí do banheiro a passos largos pegando o celular no bolso e entregando a bolsa ao senhor Cha.

- Marque uma reunião com o Senhor Seo para daqui a duas horas.

- Hoje? - Senhor Cha perguntou desconfiado.

- Sim, preciso de uma escuta. Ele não estará sozinho.

- Sim senhor, mas é muito arriscado. Não seria importante incluir a polícia já que eles estão cientes do que o senhor Seo anda fazendo?

- Não temos provas de que foi ele que fez isto a Alice. Mas eu posso conseguir a prova.

- Mas ainda sim é perigoso, senhor.

- Olha o que ele fez com ela. - Apontei para a sala na qual Alice estava - Acha mesmo que vou ficar esperando a polícia resolver alguma coisa?

- Mas se algo acontecer ao senhor, não teremos como provar absolutamente nada.

- Não se preocupe comigo, se preocupe agora em fazer de tudo para que Alice fique bem.

- Sim senhor. Irei lhe acompanhar. - Senhor Cha me seguiu até a saída do hospital a passos largos. Eu iria por um fim em tudo hoje. Custe o que custar.



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