013 : ᴛᴇɴᴛᴇ ɴᴀ̃ᴏ sᴇ ᴅᴇᴄᴇᴘᴄɪᴏɴᴀʀ

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Sinema não parecia mais a melhor balada de Beacon Hills. 

Malia admitia se sentir incomodada com essa mudança, porque quando retornou de sua primeira viagem, quando ainda namorava Scott, ela se sentia em casa no meio de todos os corpos suados e bebidas ruins do lugar. Não que o problema fosse a bebida, mas sim seu poder de cura que a deixava sem sentir o gosto prazeroso de estar entorpecido por algo, mesmo sendo uma bebida qualquer.

Ela nunca admitia como as últimas duas noites estavam a levando ao seu limite, seu corpo necessitava, precisava de mais do que ficar escondido dentro de uma casa com a maioria da pack a olhando com pena. Eles poderiam fingir, mas nunca bem o suficiente para esconder seu odor de podridão, até mesmo Derek parecia estar com pena dela. Isso porque ele estava vivenciando a mesma coisa.

Então, quando a ideia de ir até o Sinema chegou a sua mente, ela não pensou muito ao fingir estar com sono e fugir pela janela para o mais longe que conseguia de todos. E, de alguma forma confusa e suspeita, ela parou na frente do Sinema.

Ela queria sentir a eletricidade dos corpos suados, das bebidas ruins. Pela primeira vez, ela gostaria de ser uma pessoa normal, vivenciando seu luto da forma mais egocêntrica que os cérebros humanos conseguiam fazer, que era colocando sua vida em perigo e aprontando besteiras até seu corpo estar jogado para a frente e vomitando sua vida pela boca. Ela gostaria disso, mesmo sabendo que não conseguiria.

— Eu não faço ideia do porquê, mas de alguma forma estranha, sempre pensei que te encontraria por aqui no decorrer das noites desde o enterro.

Era como um sussurro, mas seus ouvidos capturaram a voz ao longe. Ela reconhecia aquele timbre, aquela pequena rouquidão, e era como ser beijada depois de retornar ao mundo real, depois de ser "salva" por Scott na floresta. 

Oh! Ela nunca admitiria, mas havia noites que sua mente projetava memórias e resultados diferentes de como sua vida teria se desenvolvido se ela tivesse o segurado dentro do carro, se ela tivesse corrido atrás dele. 

Um suspiro forte saiu da coiote, antes das pálpebras se abrirem e grandes olhos castanhos procurarem pelo dono da voz. Stiles estava lá, próximo a porta, sentado em uma pequena mesa de duas pessoas, duas bebidas dispostas na mesa e ela sabia que poderia ter sentido seu cheiro, o mesmo de anos atrás, se tivesse prestado atenção em qualquer coisa além de seus próprios sentimentos. O humano empurrou com o indicador o copo de vidro, a convidando a se aproximar.

— É claro que você sabia.

Ele nunca saberia o que ela disse, mas mesmo assim ela soltou. A música alta, as conversas gritadas, e a pouca luz não o deixava nem ao menos ler os lábios rosadas da coiote, mas ele sorriu. Stiles sorriu porque ele sabia que tinha a atenção de Malia.

O caminho até a mesa que o Stilinski estava foi conturbado, mas a Hale seguiu indo. 

Mieczyslaw ainda a puxava para ele.

— Como...?

Foi a primeira pergunta que ela fez ao sentar no banco alto ao lado da mesa, o pé do agente de policia estava o segurando, como se ele pensasse que a encontraria bêbada e desastrada. Isso nunca aconteceria, mas encheu o peito da coiote pensar que ele gostaria de a encontrar dessa maneira.

— Você sempre gostou de dançar.

Por alguns segundos, parecia que a mente dos dois recordava das noites em que Malia o arrastava para o meio do quarto, mesmo com o pouco espaço e colocava uma música baixa para tocar. As noites que Noah estava na delegacia e ambos precisavam se distrair de toda essa coisa sobrenatural. Eles eram um bom casal, eles sabiam disso. Até não serem mais.

ᴍᴏɴsᴛᴇʀs ʜʏᴘᴏᴄʀɪsʏ | 𝓣𝓮𝓮𝓷 𝓦𝓸𝓵𝓯Where stories live. Discover now