Esse não é um conto de fadas.
Nessa história também não existe mocinho e bandido, certo ou errado.
Não é uma história engraçada, nem completamente trágica. Ela é a história de amor de um homem comum, que teve inúmeras vezes seu orgulho ferido. Que...
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Movido pelo ciúme, fui até a casa de Lestat com a esperança de encontrar consolo em seu corpo. Assim que entrei pela porta, o michê se jogou em meus braços e juntou nossas bocas, porém o gosto dos seus lábios e o perfume da sua pele não me atraíam de forma alguma. Me desvencilhei dele e me servi de um copo de uísque e acendi um cigarro, depois outro e outro. Vendo que eu não estava em meus melhores dias, o garoto acabou por me oferecer ópio, e como eu já tinha feito uso daquela substância duas ou três vezes, aceitei.
Naquela noite eu fiquei bêbado demais, drogado demais e tão entorpecido pelos acontecimentos, que não me recordo de quase nada, o que sei é que acordei na manhã seguinte com o michê nu ao meu lado na cama e que minha cabeça parecia que iria explodir tamanha a ressaca que eu estava. Contudo, encontrei forças para conversar com Lestat e finalmente pôr um fim definitivo em nosso relacionamento, nós dois havíamos nos tornado maldosos e abusivos com Harry, e aquilo não estava certo.
E infelizmente, eu não podia culpar o michê, não, a culpa era minha. Fui eu quem incitei e permiti que todas as afrontas de Lestat contra Harry continuassem, até que tomou proporções violentas e agressivas. Mas bastava, eu estava cansado daquelas atitudes mesquinhas e já nem me reconhecia mais.
O término foi breve, porém tenso. Lestat não reagiu tão bem quanto eu imaginava, entretanto, concordou em me deixar ir embora sem causar um escândalo. O que me fez respirar aliviado.
Às 18h30, daquele mesmo dia, um menino de recados bateu em minha porta e entregou-me o mesmo envelope que tinha mandado Bernard entregar à Harry. Dentro dele estava o bilhete que eu havia escrito e a nota de 500 francos, nada mais.
Engoli em seco, e mesmo sabendo a resposta, arrisquei:
— Quem lhe mandou trazer isso?
— Foi um moço bonito, disse que seu nome é Harry Styles. Há meia hora atrás ele me pagou para fazer a entrega e depois entrou no trem com sua criada e uma senhora um pouco mais velha – 'Prudency', pensei. — Eles partiram levando bastante bagagem. – Acrescentou conspiratório e eu precisei me segurar na parede e fechar os olhos com força, me sentia zonzo pele notícia. Para onde Harry havia partido?
Nem ao menos vesti meu casaco antes de correr até a Rue de Antim, precisava conferir por mim mesmo, precisava me certificar que o menino de recados estava mentindo e que Harry não havia deixado Paris, no entanto, para meu desgosto o porteiro confirmou que ele tinha viajado e não avisou para onde, nem a data do seu regresso.
Eu estava emocionalmente exausto, tudo o que aconteceu em minha vida desde que conheci o michê havia deixado em mim marcas profundas, eu estava psicologicamente desequilibrado. Eu precisava de um recomeço.
Uma semana depois, Adrian me convidou para acompanhá-lo em uma viagem para o oriente, e como nada mais me prendia à Paris, nem amor, nem ódio, aceitei o convite. Contei meus planos para o meu pai, me despedi da minha irmã, e dez dias depois embarquei com o meu amigo rumo à Alexandria, na esperança de deixar o antigo Louis pra trás.