35. O que falta em mim

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Evelyn Parker era uma das mulheres mais lindas que eu já tinha visto. E não dizia isso só porque era minha mãe. 

Seus cabelos caiam em madeixas claras e ondulantes até os ombros. E seus olhos eram de um azul maravilhoso, não cinzentos, como os meus, pareciam a manhã mais linda e límpida.

— Olá, meu amor — murmurou com aquela voz de sinos.

E observei, um pouco tonto, enquanto ela saía de perto de Leah e se aproximava de mim.

— Evelyn… — sussurrei, ainda atônito, tentando me certificar de que eu não estava sonhando.

Ela riu, parando diante de mim.

— Eu já disse para me chamar de "Mamãe" ou Eve — explicou, com um sorrisinho — Evelyn é muito formal. Você fica parecido com seu pai.

Ao mencionar, ele, minha mãe não demonstrou nenhum tipo de mágoa ou ressentimento. 

— Desculpe, Evel… quer dizer, mamãe — disse eu, um pouco embasbacado.

Fazia tempo que eu não a chamava daquele jeito. Eu chamava Evelyn de mamãe quando tinha dez anos, após isso, comecei a chamá-la só de mãe. E depois Eve.

— Eu sei que é muita coisa para você absorver, querido, mas entenderá tudo com calma — explicou.

— Eu... hã… — ainda agia como um idiota.

Ela riu de novo.

— Crianças, mamãe precisa conversar com seu irmão — disse olhando, calmamente para todos — Podem nos deixar a sós?

— Por quê, não podemos ouvir a conversa? — questionou, Mark.

Eve deu um olhar enviesado para ele.

— Porque é uma conversa de adultos — explicou.

Ele cruzou os braços, me encarando, com as sobrancelhas erguidas.

— Kai tem vinte e dois anos, não quer dizer que seja tão adulto quanto eu — murmurou, indignado.

Olhei para o piso branco da cozinha, contendo uma risadinha. Mark sempre havia se ressentido do fato de eu ser mais velho que ele. E eu achava aquilo cômico. 

— E você só tem dezesseis anos, Mark, ainda não é adulto o suficiente — replicou, mamãe. Ela era boa em debates.

Assim como... Eu ainda tentava me lembrar.

— O Kai tá rindo, mamãe — disse Sônia.

E rapidamente, construí uma expressão séria, antes que minha mãe visse. Seus olhos azuis, recaíram sobre mim em fendas.

— Malachai...

Ergui as mãos, em sinal de rendição.

— Eu não fiz nada, mãe — murmurei, fazendo a cara mais inocente de todas.

Ela tentou se manter séria, mas acabou sorrindo. Evelyn, me conhecia como ninguém.

— Ok, todo mundo pra fora da cozinha! — disse ela, sorrindo e batendo palmas.

Eles saíram, com alguns protestos e "reviramento" de olhos.

— Eleanor… — avisou minha mãe, a vendo ainda sentada na bancada.

— O que foi?— fez ela, nos encarando sem compreender.

Mamãe colocou as mãos nos quadris.

— Pra fora — apontou a porta da cozinha.

Leah, cruzou os braços indignada.

— Eu até sairia — explicou— Se a senhora não tivesse me sentado na bancada. É muito alto, não consigo descer.

Convergência Sombria | Bonkai | EM REVISÃOWhere stories live. Discover now