5. Bonnie me dá um perdido

3.4K 242 48
                                    

Eu fiquei ali paralisado depois daquilo.

Ouvi o som do carro saindo da garagem. Corri até a porta da frente e tive um vislumbre do carro prata de Bonnie, saindo da entrada de carros de ré, quase batendo em um carro vermelho que passava na rua. E desaparecendo a toda velocidade.

Meu Deus! Para onde será que aquela maluca estava dirigindo naquele estado? 

Passei as mãos pelos cabelos, repassando tudo que eu tinha dito durante o café que a fez ficar daquela forma. Não vi nada do que pudesse fazer uma pessoa, orar e chorar daquele jeito. Embora, claro, eu ainda estava aprendendo a compreender as pessoas e suas emoções. Feições ainda eram uma parte bem chata do processo de aprendizado sobre empatia. 

Será que aquilo que eu disse sobre estar obrigado a ficar com ela a magoou? Uma onda de repulsa de mim mesmo, se abateu sobre meu ser.

Monstro, me lembrei das palavras de Bonnie. Eu sou um monstro...

Tentei lembrar a mim mesmo de que Bonnie não era o tipo de garota que se magoava fácil, ainda mais por um lixo como eu. Tinha algo realmente sério acontecendo com ela.

Corri até meu quarto pegando meu celular sobre a cama e disquei o número dela — que talvez possa ter decorado ao passar noites seguidas ligando as escondidas para ela, e quando a própria atendia, eu desligava no ato —,esperando que ela atendesse.

Ouvi uma musiquinha vinda do corredor. Segui o som até o quarto de Bonnie e lá estava o celular branco dela sobre o criado—mudo. Desliguei.

Sentei na cama dela, meio desesperado.

Seja lá o que estivesse acontecendo com ela, não estava em condições de dirigir. E se acontecesse alguma coisa com ela..? Afastei esse pensamento rapidamente, estranhamente temeroso.

Tentei manter o foco.

Para onde ela poderia ter ido?

Talvez tivesse ido para a casa de Caroline. Pensei em ligar para a loura, mas parei. Bonnie não iria para um lugar tão previsível como a casa da amiga.

Levantei exasperado e desci as escadas rapidamente.

Eu iria encontrá—la nem que tivesse que andar pela cidade inteira. Então, uma ideia me ocorreu.

Disquei os números de má vontade.

Ele atendeu na primeira chamada.

— Fala, verme — disse a voz de Damon do outro lado da linha.

—  Damon, e Bonnie saiu de carro feito louca daqui e..— disse eu estava andando, antes de ser interrompido por um Damon furioso.

— O que você fez pra ela, seu verme?! —  o ouvi gritar, fora de si —  Se você fez alguma coisa com ela, juro que o mato da forma mais lenta e dolorosa possível, seu verme inútil!

Em outra ocasião teria ignorado as ameaças dele, mas naquele momento eu estava muito preocupado com Bonnie. Então, apenas pedi que ele me escutasse educadamente:

— CALA A PORRA DA BOCA, DAMON! — gritei fazendo o se calar. 

Aproveitei aquele momento de choque para explicar o que tinha acontecido na cozinha naquela manhã. Ele ouviu tudo — finalmente — em silêncio.

Ele suspirou,  preocupado do outro lado da linha.

— Droga. Aconteceu de novo.

— O que aconteceu de novo?

— Olha aqui, verme, eu vou procurá—la e depois falo com você.

E desligou na minha cara. Assim sem mais, nem menos.

Convergência Sombria | Bonkai | EM REVISÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora