16. E o tiro saiu pela culatra

2.7K 173 61
                                    

Depois daquela descoberta bizarra sobre Anyra e a tribo de sua avó, fui para casa cheia de coisas na cabeça.

Passei boa parte do dia em frente ao computador tentando encontrar alguma coisa referente àquilo, mas não tinha nada.

Só me dei conta de que havia passado muito tempo sentada ali no sofá, quando ouvi o som da porta da frente sendo fechada.

Dei um pulo, assustada.

Ah, minha nossa! O Kai chegou!, pensei, ficando apavorada. 

Eu havia passado o dia todo tentando não pensar nele e naquele beijo idiota, mas foi impossível. E claro que me ocorreu uma ideia muito infantil: correr para o meu quarto e me trancar lá até a próxima década.

Para com isso, Bonnie Bennett. Você é uma mulher adulta! Não pode ficar se escondendo de um cara, só porque ele a beijou!, gritou minha consciência, repreendendo.

Ok, não vou me esconder dele, pensei, respirando fundo. E uma que também não dá tempo de correr para lá sem que ele me veja.

Minha consciência balançou a cabeça em sinal de desgosto.

Ouvi os passos pesados de Kai se aproximando e o vi parando na entrada da sala, parecendo surpreso de me ver ali. Seus olhos cinzentos, miravam os meus de um modo estranho. Parecia que algo o estava incomodando muito.

Senti seu coração batendo acelerado em meu peito. E o meu estava da mesma forma.

Fui a primeira a quebrar o silêncio:

— Oi, Kai — disse com uma voz fraquinha.

Ele parecia muito incomodado com algo, quase como se estivesse envergonhado com alguma coisa.

— Oi, Bonnie — murmurou ele, ficando todo vermelho.

E minha nossa, ele ficava muito fofo quando fazia isso. Parecia tão infantil e ingênuo. 

Tentei conter um sorrisinho idiota. Ficamos nos encarando, sem jeito.

Ele abriu a boca como se fosse dizer alguma coisa, mas a fechou rapidamente. E começou a andar em direção a escada.

— Kai! — chamei e nem sei porque fiz aquilo.

Ele se virou, ansioso demais.

— Hã… É que… — comecei a falar, mas nem sabia o que dizer — Eu... Eu fui ver a Theodora!— inventei na hora.

Ele parou com os braços cruzados. Então, rapidamente comecei a explicar sobre a forma como Theodora estava me evitando. E contei sobre ter ido ao necrotério e roubado os prontuários.

Kai franziu as sobrancelhas quando contei sobre o que tive que fazer para pegá-los. E uma parte de mim, não deixou de se perguntar se ele não estava sentindo ciúmes, mas logo descartei aquela possibilidade. Era ridículo.

E lhe expliquei sobre Anyra e a tribo. E aquilo, o deixou interessado.

— Parece que você teve um dia bem agitado — disse ele, sorrindo torto. E aquilo fez meu coração disparar como louco — Essa, Anyra, não explicou sobre algum feitiço ou alguma coisa que possa nos ajudar?

Neguei com a cabeça. 

— Ela sabe tanto quanto nós.

— Mas o pouco que ela sabe já nos ajuda. Agora sabemos que não estamos lidando apenas com um bruxo — murmurou ele, seriamente — E sim com algo maior e muito mais antigo.

O olhei preocupada, também sentia o mesmo. Aquela energia que nos bloqueou quando fizemos o feitiço de localização, era muito mais forte do que qualquer coisa que eu já tenha enfrentado.

Convergência Sombria | Bonkai | EM REVISÃOWhere stories live. Discover now