6. Acordando com Kai

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Tive um sonho esquisito, no qual eu me encontrava na varanda de minha casa. Fazia um lindo dia de sol e podia ouvir sons de pássaros cantando ao longe.

Eu estava deitada no balanço da varanda. Daqueles grandes em que cabem duas pessoas. No entanto, eu não estava sozinha.

Minha cabeça repousava confortavelmente na perna de alguém que eu não conseguia ver. Tudo que eu enxergava era sua calça jeans gasta.

Sua mão acariciava lentamente entre meus cabelos. Suspirei, aquilo era bom.

O balanço rangia de forma ritmada, conforme ia para frente e para trás.

No momento, eu não queria saber quem era, apenas queria que continuasse a fazer aquele cafuné gostoso. Embora, aquela pessoa transmitisse uma sensação de acolhimento como se com ele, minha metade, eu pudesse me sentir segura para sempre.

Meus olhos estavam se fechando lentamente, estava com muito sono. Os abri preguiçosamente, então, pude ver uma figura parada no meio do jardim.

Minha visão ficou estranhamente turva, motivo pelo qual não pude distingui—lo. Apenas deu para notar sua pele alva e que se vestia de negro da cabeça aos pés. Ele era alto e corpulento.

A figura não fez nada, só ficou ali parada, olhando para nós. Parecia esperar por alguma coisa.

Acordei lentamente, tentando me espreguiçar, mas senti algo quente e um pouco maior que minha mão, aprendendo.

Abri meus olhos e dei de cara com Kai. Fiquei paralisada de medo.

Mas... Espera aí.

Ele estava dormindo, sentado no chão e com a cabeça e o braço direito apoiados no meu colchão. A pressão que senti em minha mão, era sua sobre a minha.

Que raios ele estava fazendo ali?!, a voz em minha cabeça gritou para mim.

Tentei tirar minha mão devagar de debaixo da sua, mas ele grunhiu alguma coisa e a segurou, entrelaçando seus dedos nos meus.

Sua mão era quente, áspera e era tão reconfortante maior que a minha...

Larga de ser maluca mulher!, gritei para mim. Não tem essa de reconfortante, não!

Estiquei meu outro braço, meio atrapalhada, e já ia dar um cutucão nele, quando vi sua expressão e parei.

Ele dormia tranquilamente com o rosto apoiado sobre o braço musculoso. Sua expressão era tão... serena. Os olhos fechados, suas sobrancelhas juntas como se estivesse preocupado com alguma coisa e a boca levemente entreaberta.

Fiquei olhando para sua boca que nem uma idiota.

Ele tinha o lábio superior mais fino, enquanto o inferior era mais cheio. Sua barba estava por fazer, dando aquele ar mais velho, apesar de ele ter apenas vinte e dois anos — pelo menos, no que se referia à aparência, pois ele tinha o dobro do idade.

Tive que admitir que ele era bem bonito. Ok! Ele era um tremendo gato! Mas eu nunca diria isso a ele.

Com aquela expressão, ele parecia um menininho, tão inocente e indefeso...

Todos os alarmes na minha cabeça soaram, quando as palavras “Kai Parker” e “inocente” se juntaram na mesma frase. E desde quando eu reparava na aparência de sociopatas?

Levantei a mão outra vez para dar outro cutucão no braço dele. Aquele braço grande, musculoso e enorme...

Minha mão parou no ar novamente. Percebi que estava mordendo meu lábio.

Levei mais um segundo para me dar conta do que estava se passando por minha cabeça. E os pensamentos estavam para lá de pecaminosos.

Bonnie Bennett, gritou minha consciência. Esse é o psicopata do Kai Parker, que a torturou friamente. Ele não é um cara legal. Definitivamente.

Convergência Sombria | Bonkai | EM REVISÃOWhere stories live. Discover now