13. O meu e o seu coração

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O restante de meu dia foi bem corrido com Theodora ligando o tempo todo para confirmar minha presença e de Kai na nossa festa de noivado forçada. E o pior de tudo era que aquele bruxo estúpido sumiu o dia todo,  para fazer sabe—se lá o quê. A ausência dele me deixou estranhamente frustrada,  como se a casa parecesse anormalmente enorme e vazia sem ele para me perturbar.
Porque eu sinto tanta falta desse bastardo idiota?,  pensei,  confusa e frustrada.
Definitivamente,  desde aquela noite do nosso quase beijo,  eu pensava constantemente em Kai. E acredite,  eu não queria aquele bastardo tomando meus pensamentos.
Já estava quase anoitecendo e eu tinha prometido que chegaríamos na festa por volta das oito,  mas nada do Sr. Sociopata Parker aparecer. Eu já havia deixado mais de trinta mensagens para ele e nada daquele babaca responder.
Resolvi subir para o meu quarto para começar a me arrumar. Quando estava na metade da escada,  ouvi a porta da frente sendo fechada.
—  Kai? —  perguntei,  vendo—o aparecer na sala.
Ele estava em seu costumeiro estilo,  calça jeans,  camiseta e botas,  porém usava um casaco preto mais grosso,  pois o tempo estava ficando mais frio com a chegada do inverno. Suas bochechas estavam coradas por causa do tempo.
Mas havia algo de  diferente nele.      
Kai parecia… feliz com alguma coisa. Aparentemente, estava tentando conter com aquela cara de quem não estava curtindo algo para contar.
Mas aquilo, só podia significar uma coisa… Ele com certeza estava aprontando algo.
Eu não gostei nada daquilo. E não gostei ainda mais da sensação  ridícula de felicidade, que me tomou ao vê-lo.
—  Oi, BonBon —  murmurou ele, sorrindo torto.
E meu coração lesado correspondeu a aquele sorriso.
—  Não chame assim —  murmurei, sustentando uma expressão sisuda — Liguei o dia todo e você simplesmente sumiu. E aquela velha irritante ficou me enchendo a paciência e...
Ele sorriu ainda mais.
— Também senti sua falta, BonBon —  disse ele com a maior cara de pau.
Parei de falar na hora, sentindo meu coração acelerar mais.
Ele sentiu minha falta?, me perguntei

quase me derretendo ali nos degraus mesmo.
E quando dei por mim, estava sorrindo para ele. Seus olhos azuis estavam intensos mirando os meus.
Acho que desaprendi a respirar, porque eu estava me sentindo meio tonta. E no segundo seguinte, eu simplesmente fugi para o meu quarto. Fechei a porta, encostando nela ofegante.
Droga… o que está acontecendo comigo?, pensei, ruborizada até a raiz dos cabelos.
Tentei me controlar e respirar de forma mais regular. Tomei um banho demorado, sequei os cabelos. Vesti uma blusa e calcinha, e comecei todo o processo de arrumar o cabelo e a maquiagem.
Fiz alguns cachos em minhas madeixas curtas, deixando-as soltas e com um estilo clássico. Destaquei meus olhos com um delineador preto e máscara para os cílios. E nos lábios, apenas um batom vermelho. Coloquei o vestido,  os saltos prateados e delicados e me avaliei no espelho. E quase não me reconheci.
Na minha frente estava, não uma garotinha e sim uma mulher, com os olhos verdes marcados e aqueles lábios provocantes, que combinavam com o vestido vermelho vivo de cetim, que descia por suas curvas, formando uma leve calda aos seus pés.
Deslizei as mãos pelas laterais de meu corpo sentindo a maciez do tecido. Quando vi aquele vestido na vitrine da loja, achei que fosse um pouco demais para mim, com aquele decote que descia um pouco mais abaixo da linha dos seios e aquela abertura na coxa direita, mas agora eu entendia que ele havia sido feito para mim.
Definitivamente, eu parecia outra pessoa.
Uma mulher fatal. É o que Caroline diria, pensei, rindo.
Estava tudo perfeito, tinha apenas um pequeno porém… Eu não conseguia fechar a parte de trás sozinha.  E só de pensar que eu teria que pedir ajuda a Kai, me deixou com uma vontade imensa de nem sair do quarto.
Droga!
Tentei realizar aquela tarefa, mas ele simplesmente não subia. Suspirei, me rendendo.
Coloquei os brincos de diamantes e peguei minha bolsa carteira prateada. Fui até o quarto de Kai, mas tudo que vi foi uma toalha molhada em cima da cama.
Provavelmente, ele já está arrumado e me esperando, pensei. Desci as escadas, chamando por ele. E ele surgiu no andar inferior ao pé da escada.
Arfei, parando no meio dela.
Ele estava lindo!
Eu nunca tinha visto Kai sem camisa e calça jeans, então, era de se imaginar que eu ficasse chocada ao vê-lo de terno. Ele estava todo vestido de negro dos pés à cabeça. O tecido era escuro e liso e sua camisa era igualmente escura, sem gravata.
O negro destacava sua pele alva e seus intensos olhos azuis. Pensei que meu coração fosse entrar em colapso por isso.
Percebi que Kai, também, parecia impressionado. Sua respiração estava entrecortada e seu coração esmurrava meu peito. E o modo como seus olhos me percorriam, me devorando, estava me deixando completamente ruborizada.
Desci as escadas, observando, enquanto ele ainda me fitava sem desviar o olhar sequer uma vez. Parei de frente para ele, sentindo aquele perfume de almíscar me rodeando.
Os olhos de Kai desceram para o decote de meu vestido e em seguida para minha perna exposta na abertura do vestido. E juro, que parecia que ele iria desmaiar ou coisa do gênero.
Seus olhos voltaram a mirar os meus e havia uma espécie de brilho selvagem neles. Ele sorriu daquele modo totalmente deslumbrante.
— Você está maravilhosa —  murmurou, fitando a mim de forma intensa.
Sorri e abaixei os olhos, sentindo minhas bochechas ficarem quentes.  Ele ergueu meu queixo de forma delicada, me fazendo olhar para ele.
—  Você nem faz ideia do poder que tem, não é? —  me perguntou, sorrindo daquele modo que me deixava amalucada, com aquelas covinhas aparecendo.
Do que ele está falando?, fiquei confusa.
—  Kai, você pode me ajudar em uma coisa? —  perguntei, me virando um pouco, olhando por cima do ombro —  Pode fechar meu vestido? Eu não estou conseguindo.
O vi, mordendo o lábio com força, enquanto olhava para a pele exposta de minhas costas.
—  Claro… —  respondeu, tentando não esboçar nada em sua voz.
Senti seu coração pulsando em meu peito.
Obviamente, que aquela proximidade não estava fazendo bem para mim também. Eu estava totalmente consciente de tudo à minha volta, principalmente do calor de seu corpo tão perto.
Senti seus dedos juntando os dois lados do tecido de meu vestido, enquanto ele puxava o zíper de forma lenta. Seu polegar roçou de leve em minha pele conforme ia subindo por minha coluna, me deixando toda arrepiada.
Mordi o lábio.
— Pronto —  murmurou ele, parecendo um pouco decepcionado com alguma coisa.
Me virei para ele, vendo sua respiração acelerada e suas bochechas coradas.
—  Obrigada —  murmurei —  Então, vamos?
Fui em direção à porta, quando senti sua mão agarrando meu pulso. Olhei para Kai, confusa.
—  O que foi? —  perguntei, sentindo um tremor me percorrer, ainda me assustava quando ele me tocava subitamente.
Ele percebeu e soltou meu pulso, desconcertado.
—  É  que me ocorreu que estamos casados a cerca de dezessete dias... —  murmurou, parecendo levemente nervoso.
—  É, parabéns —  murmurei, brincando com ele —Você sabe contar.

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