Famoso "sentimento estranho"

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Tomei o banho mais rápido de todos para que pudesse ver o trabalho das empregadas novamente, saber o estado de Diluc. Ver todo o seu sangue derramando junto com a água do chuveiro, apertou meu coração e me deixou ainda mais ansiosa.

Por algum motivo eu sentia um pouco de culpa lá no fundo. Talvez por eu tê-lo distraído? Eu só me sinto culpada.

Corri para o andar de baixo. Ia bater na porta por educação, mas, agitada, já giro a maçaneta, porém Moco me impede de entrar.

—— Lumine, desculpe, mas precisamos de espaço para esse trabalho. Assim que estiver tudo bem, eu te aviso, certo? —— Suas mãos vestiam luvas transparentes, sujas de sangue.

Olhei pela fresta da porta, não conseguia ver Diluc, mas via Adelinde, que provavelmente mexia nele.

Assenti com a cabeça, me afastando da porta para que ela pudesse fechar, então me sentei numa cadeira próxima dali, apreensiva.

Fico um bom tempo encarando o chão.

O que eu fiz? Eu não havia imaginado na hora o quão invasiva eu havia sido aquele dia, ou talvez tenha, mas apenas ignorei. Não posso culpá-lo sua raiva é compreensível, eu imagino o quão dificil deve ser falar sobre seu pai com outras pessoas interessadas na sua história.

As imagens daquela cena horrível preenchiam minha mente.

Meu coração apertou mais e as lágrimas já começaram a formar no meu rosto.

Assim que ele levou aquele golpe, consegui, com dificuldade, atrair o Guarda das Ruínas para um pouco longe dele, e derrotá-lo.

Peguei o espadão, fazendo-o sumir no ar assim que o posicionei nas minhas costas.

Abri sua mochila com as mãos trêmulas e tentei estancar o sangramento do ombro e da cabeça. Sem muito sucesso na cabeça, que em pouco tempo já havia coberto todo o tecido com sangue.

Com dificuldade e cuidado, levantei Diluc e tentei chegar na adega o mais rápido possível.

Foi horrível, a cada passo que dava no meio daquele sol extremamente quente, pensamentos melancólicos invadiam a minha mente, e a ansiedade o meu corpo. Sentia que nunca ia chegar na adega, cada segundo parecia uma eternidade.

Encolho meus joelhos, prendendo meu lábio, tentando segurar o choro, mas as lágrimas caíam nos meus joelhos sem parar. Isso é culpa minha, é minha culpa.

Não parei para me olhar no espelho até agora, mas tenho certeza que estou com olheiras bem visíveis.

Assim que deixei Diluc nas mãos das empregadas, fiquei o resto da tarde esperando algo melhor e mais convincente do que "ele vai ficar bem." Ia ficar o resto da noite se fosse possível, mas Adelinde insistiu que eu fosse dormir pois meu cansaço era visível.

Assim que acordei, o que faz apenas algumas horas, escovei meus dentes e fui imediatamente bater na porta em que se encontrava Diluc. E, novamente, elas ainda estavam cuidando dele, eu não podia vê-lo. E não poder vê-lo me deixava mais ansiosa.

Sentada num canto perto da porta do cômodo em que ele se encontrava, meu pensamento está a mil. Não consegui pensar em mais nada se não o que houve. O que diria a ele quando acordar? E se ele não acordar? A dor veio novamente, assim como as pequenas lágrimas que se formavam. Mais que dor, a culpa imensa crescia em mim, que parecia que ia me devorar por completa. Se aquela conversa com a Lisa não tivesse acontecido, ele não estaria assim. Quem sou eu para procurar saber mais sobre a vida dele?

Levo um susto ao ouvir batidas na porta da adega.

Me levanto, enxugando minhas lágrimas, tentando me recompor, então me aproximo, abrindo a porta com tristeza e me deparando com o rapaz de cabelos azuis.

Just YouWhere stories live. Discover now