VyH - parte 2

444 32 41
                                    

Deixar aquele carro era sempre uma situação constrangedora, complicada e especialmente naquela noite Heriberto escolherá para ficar em silêncio, não queria dar o braço a torcer pelos sentimentos que sabia que estava sentindo, mas não poderia fazer muito já que era casada e ele sabia muito bem desse detalhe quando começaram a se envolver. Um casamento de quinze anos não iria ser jogado fora por uma paixonite que o médico sentia, era isso que repetia todas as vezes que via sentimentos em seu olhar.

Mas o problema maior era o que Victória Sandoval estava fazendo na cama de um homem que não era o seu marido?

Não sabia ao certo explicar porque o traia há mais de sete meses, o porquê se deixou envolver daquela maneira. Na primeira vez que Victória o viu, não conseguiu tirar os olhos dele, seu sorriso a encantou, a intensidade de seu olhar e quando se cumprimentaram as peles se arrepiaram causando um choque de sentimentos, mas não passou disso: olhar cortês, sorrisos discretos e uma pequena fagulha do proibido.

Mais o destino parecia querer juntar ambos ou testar até onde aquele flerte... não sabia se poderia descrever assim, mas algo estava acontecendo e, com uma semana de encontros não planejados, Victória se viu entrando aos beijos com Heriberto em um quarto de motel, foi sem dúvida alguma o melhor momento de prazer que passou a se repetir duas a três vezes na semana.

Victória muitas vezes se sentia arrependida por estar fazendo isso com sua família, principalmente quando via chamadas e mensagens de seu esposo perguntando se já estava chegando, que o filho estava com saudades. Era nessa hora que o remorso batia, suas atitudes eram colocadas em evidências questionando as horas que passava ao lado de Heriberto e não com o filho, às vezes chegava e o pequeno já estava dormindo e as lágrimas inundavam seus olhos, mas na semana seguinte estava lá entrando no carro do médico em busca de algumas horas de prazer.

A estilista entrou em sua casa, quarenta minutos após deixar Heriberto no pátio do posto, o trânsito ainda estava cruel fazendo com que se irritasse um pouco mais, caminhou pelo corredor que dava a cozinha, cumprimentou Maria que ainda estava por ali terminando o jantar e seguiu ouvindo as batidas de seu coração. Victória parou próximo à sala de estar, ouviu as vozes de seu esposo Marcelo e seu filho Max, pareciam fazer algo importante, aproximou um pouco mais e percebeu ser a lição de casa que terminavam juntos.

Max tinha oito anos, cabelos loiros como os do pai, mas os olhos eram idênticos aos seus, se aproximou mais e se fez presente para ambos, o mais jovem se levantou rapidamente e agarrou a mãe que beijou seus cabelos.

— Mãe, que bom que chegou. — Max levantou a cabeça para beijar seu rosto. — Papai está destruindo meu dever de matemática.

Victória riu gostosamente e olhou para o marido que os fitava com um sorriso no rosto.

— Meu filho, não seja mal-agradecido. — Marcelo falou rindo.

Victória se aproximou com o filho, sentou no sofá, tirou os saltos deixando do lado e bagunçou a cabeleira loira do filho.

— Me deixe ver o que estão aprontando. — Victória pediu o caderno para dar uma olhada.

— Meu amor, eu sou péssimo em matemática e você sabe muito bem. — Se aproximou da esposa e ganhou um beijo nos lábios.

— É por isso que a contabilidade da sua empresa passa pelas minhas mãos sempre. — Deu de ombros com um leve sorriso ao gabar-se. — Max, essa questão eu já te ensinei. — Apontou para o caderno e o menor se aproximou.

— Eu disse que estava errado, mas o papai pesquisou no Google. — Entregou o pai.

Marcelo Semicerrou os olhos por ser entregue tão facilmente e recebeu o olhar reprovador da esposa.

Virada do destinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora