VyH - parte 8

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Heriberto achou que estava ouvindo errado, piscou algumas vezes, deu um passo para trás e só então se deu conta de que prendia a respiração. A puxada de ar foi tão profunda que Victória achou que ele pudesse engasgar, não pensava em contar, iria deixar que descobrisse por algum site de fofoca, esse era o plano, mas ele estava ali em sua frente, sendo tão verdadeiro um com o outro que não poderia deixá-lo de fora.

— Heriberto...

As mãos do médico novamente estavam em seus cabelos, desgrenhados, revoltos pelo tanto de vezes que passou a mão, as levou até o rosto, esfregou e então encarou a estilista que continuava parada no mesmo lugar esperando por sua reação.

— Você... você está pensando em tirar? — Heriberto a questionou.

Victória sentiu as pernas bambearem, sentou-se por não conseguir mais se manter de pé, esperava outro tipo de pergunta.

— Esperava que fosse me perguntar se era seu. — Deu um sorriso sem graça e o olhou nos olhos.

— Essa é a segunda pergunta. — A voz estava trêmula, seu coração parecia que sairia do peito a qualquer instante e cairia ali em sua frente.

— Não precisaria te contar se não fosse seu. — Olhou o teste mais uma vez em sua mão, o segurou melhor vendo o positivo e então ergueu para mostrar a ele. — É o sexto que faço, não tem como estar errado ou sim?

— Sexto? — Quase engasgou novamente.

— Você acha mesmo que tinha a pretensão de ficar grávida aos quarenta? — Ergueu uma sobrancelha o questionando. — Ou está pensando que engravidei pra te ter por perto?

O tom sarcástico no final de sua frase o aborreceu, estava surpreso, sem fala, sua vontade era ajoelhar em sua frente e chorar. Heriberto não pensou que seus sonhos pudessem virar realidade, mas agora tudo estava muito complicado, Marina estava grávida de uma menininha, a sua princesa tão esperada e agora Victória também estava grávida.

— Eu... eu...

— Não estou pedindo que assuma, não quero que bagunce a sua vida. — Riu de suas palavras. — Bagunçado já está, agora vai piorar, mas também não quero vincular você a nenhuma manchete sensacionalista de fofoca.

— E você pretende que vire as costas para um filho meu?

— Sei que não vai fazer isso, você com certeza vai ser um pai maravilhoso e quero que nosso filho te tenha sempre por perto. — A mão foi à barriga. — Mas no momento é da Marina que precisamos cuidar, aliás, é menina ou menino?

— Menina... — Respirou fundo e se aproximou mais uma vez de Victória. — Você também precisa de cuidados, tenho certeza que não vai ser fácil quando descobrirem que estava divorciada e grávida.

— Eu não terei paz e isso vai respingar em todo mundo que estiver perto. — Entregou o teste na mão dele. — Por isso vou pra Milão.

— Você não pode fazer isso comigo.

— Estou fazendo isso justamente para te proteger, proteger a sua mulher grávida. — Victória suspirou. — Eu sou sua amante!

— É a mulher que eu amo!

— Mas nem sempre o amor é suficiente. — Apertou os lábios para não chorar. — Eu não estou indo amanhã, preciso de alguns dias para resolver algumas coisas, marcarei uma consulta para saber se está tudo bem com o bebê e te aviso.

Victória falava com tanta calma que isso o irritou, irritou mais por saber que estava desistindo dos dois sem ao menos lutar. Não que algum dos dois tivesse feito isso em algum momento, mas agora estavam confessando que se amavam, a estilista estava grávida e simplesmente ia para qualquer lugar que não era ao seu lado.

Virada do destinoWhere stories live. Discover now