VyH - parte 16

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Amar é algo tão singular que chega ser difícil descrever, principalmente quando a pessoa que faz morada em seu coração está a milhares de quilômetros de distância. Heriberto imaginou que ao ter a estilista longe, a paixão enlouquecedora que sente iria esfriar, iria perder a intensidade, mas não foi assim e a cada dia que passava longe de Victória mais o fogo que ardia o relacionamento dos dois queimava.

Estar longe da mulher que se ama é uma tortura diária, preenchida por uma rotina cotidiana, afazeres dobrados para não pensar na falta do outro. Heriberto não podia dizer que trabalhava dobrado nos últimos dois meses, tinha uma pequenina que necessitava de sua atenção todos os dias e o mínimo que podia fazer era estar ao lado de Diana, demonstrando todo seu amor em gestos, palavras e muitos cheirinhos.

O sonho de ser pai sempre esteve no âmago do seu ser, buscava uma companheira para passar o resto da vida juntos, criar os filhos que teriam e ele seria o homem mais completo do mundo, mas aí conheceu Victória, uma mulher linda, do sorriso mais cálido e, enlouquecedor que já havia apreciado, casada e com um filho. Nada do que havia planejado tinha acontecido, se envolveu com a estilista mesmo sabendo de sua condição, se apaixonou, imaginou que pudessem ter algo mais que cama, mas a estilista não buscava o mesmo, já o tinha e isso o fez chegar naquele bar com o coração amargurado e encontrar com a ruiva.

Dali em diante nada mais foi como o planejado, aliás, nós planejamos tanto e vem a mãozinha do destino fazendo tudo diferente. Diana sem dúvida chegou a vida do médico para lhe mostrar que muitas vezes os planos têm tem uma pequena curva, mas o resultado é o mesmo e agora ele era pai de uma garotinha de rosto redondo, nariz empinado, uma boquinha de lábios grossos como os da mãe e olhos verdes como os seus próprios.

¿?

Perfeição. — era assim que a descrevia sempre que tinha seus olhos presos na pequena adormecida em seu peito lhe dedicando pequenos sorrisos enquanto ressonava no mais profundo sono.

O sorriso não escapava de seu rosto, sua mesa já estava repleta de portas-retratos de sua menina, assim como de Victória grávida, sabia que era um risco manter as fotografias ali, alguém poderia agir de má fé e divulgá-las para a imprensa, mas foi o modo que encontrou para tê-los mais perto. Os dias após a ligação em que a estilista acabou adormecendo mesmo estando empolgada para ver o seu amor tomar banho se passaram até que relativamente rápido, focaram no trabalho, nos filhos e nas ligações que quase sempre eram encerradas com um sussurro de eu te amo do médico para estilista que suspirava satisfeitas em meio às cobertas.

¿?

Cinco dias depois...

Heriberto terminava mais um plantão, estava relativamente cansado, mas ainda não poderia ir para casa, tinha combinado com Marina de estar com sua pequena para que a ruiva pudesse resolver algumas pendências de trabalho, mesmo estando de licença maternidade ainda precisava assinar a planta de uma obra importante, os donos só confiavam nela e mesmo pedindo que aguardasse pelo menos mais um mês, não houve jeito. O médico dirigiu direto para o apartamento onde a filha morava, respirou fundo ao estacionar o carro, levou a mão ao pescoço, massageou, bocejou antes de deixar o veículo e seguiu para o apartamento com sua mochila nas costas.

A porta foi aberta depois de tocar a campainha uma única vez, não sabia se a filha estaria acordada naquele momento e não poderia interromper seu soninho sendo inoportuno.

— Olá. — Marina sorriu, estava pronta para sair. — Ela está dormindo na minha cama, já mamou o suficiente, mas deixei uma mamadeira para o caso de demorar mais do que o previsto. — Disparou falando.

— Olá. Eu só vou precisar de um banho que vim direto do hospital. — Avisou.

— Fique à vontade, a casa é sua. — Pegou a bolsa e a pasta. — Qualquer coisa é só me ligar.

Virada do destinoWhere stories live. Discover now