VyH - parte 11

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MAIS TARDE.

Victória estava de bruços, o braço jogado para fora da cama, uma cama completamente bagunçada das horas que passou ao lado do médico, sentia o peso dele em suas costas e se pudesse ficaria ali por mais longas horas, adormecida, mas alguém batia incansavelmente na porta a fazendo bufar. Victória empurrou Heriberto com o corpo para se afastar e o mesmo o fez, levantou se enrolando no lençol, aproximou-se da porta ainda desnorteada pelo sono.

— Quem? — Passou as mãos no cabelo na tentativa de arrumá-los.

— Senhora Victória, me desculpe incomodar, mas o senhor Marcelo a espera na sala.

O sono se esvaiu na mesma hora, os olhos arregalaram e ela olhou para Heriberto que ainda dormia confortavelmente no meio da cama e de peito para cima. Não podia ser real, estava em um pesadelo, passou as mãos no rosto, beliscou o braço fazendo uma pequena careta por sentir dor e novamente olhou para a porta que a separava de sua empregada.

— Diga que já vou.

Victória a ouviu Maria concordar, foi na direção do banheiro, se olhou no espelho e estava acabada, os cabelos desgrenhados, os lábios inchados dos beijos que a fizeram tremer somente em recordá-los e próximo ao seio tinha uma marca avermelhada. Victória não tinha nem tempo para passar uma água no corpo para despertar completamente, lavou o rosto, molhou o pescoço para tentar se acalmar e o embrulho no estômago a fez levar a mão a barriga.

— Agora não, por favor. — grunhiu fechando os olhos.

Victória secou o rosto, vestiu o roupão que encontrou no armário, não seria a primeira vez que Marcelo a veria vestida assim, prendeu os cabelos num coque e alguns fios rebeldes caíram em sua nuca, deixou o banheiro e Heriberto ainda dormia tranquilamente, seu desejo era ficar ali grudada nele até que enjoasse, mas não poderia e assim deixou o quarto. A estilista fez o caminho até a sala o mais demorado que pode, não queria vê-lo, não tinham nada para conversarem além de Max...

— Max... — Victória suspirou sabendo perfeitamente do que iriam conversa.

Marcelo estava de costas, olhava a estante onde costumavam colocar os porta-retratos da família, ainda não tinha tirado nenhum dos quadros que estavam os três e nem o faria por enquanto. Max ainda estava se adaptando a não ter mais os pais vivendo na mesma casa, não tiraria também as lembranças felizes dele, parou, esperou por um longo minuto que a notasse, mas o homem parecia concentrado nas recordações, então pigarreou para que virasse e ele virou.

Tantos anos passaram juntos, dividindo aquele teto e agora mal conseguia reconhecer a mulher que um dia tanto amou, estava triste, arrasado por tudo ter se acabado em meses. Quinze anos de casamento reduzidos a pó, manchado por uma traição e agora por uma criança.

— Podemos conversar? — Marcelo perguntou.

— Se for sobre o nosso filho, estou aqui para ouvir, mas se for sobre a minha vida particular, é melhor que vá embora!

Victória não queria prolongar o sofrimento dele, via em seus olhos o quanto estava triste, decepcionado com o rumo que o casamento tomou. Marcelo amava a estilista, o sentimento ainda não havia passado só por estarem separados, no fundo, ainda acreditava que ela poderia voltar para ele, mas agora... agora era algo sem volta.

— Max está radiante por ganhar um irmão. — Marcelo comentou.

— Deveria saber que ele não cumpriria a promessa de não te contar. — Victória foi até o sofá e sentou-se. — Marcelo, não era desse modo que eu queria que descobrisse, iria te chamar para conversar e...

— E esfregar na minha cara que está grávida de outro. — A cortou.

— Não! — negou com a cabeça. — Você pode me achar egoísta o quanto quiser, mas eu jamais faria isso com você, independentemente do modo como nosso casamento terminou, ainda te respeito.

Virada do destinoWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu