Capítulo 15

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Não precisou de mais nada para que Maria sentisse o que era verdadeiramente o amor.

Pegou a filha nos braços e o restante do mundo pareceu desinteressante. Não havia mais chuva, não havia mais dor, mais vergonha, nada, a pequena em seus braços fez todo aquele duro momento valer a pena.

 Seu coração batia tão fora do ritmo que não tinha muita certeza se aguentaria por muito mais tempo, mas se morresse ali, sabia que morreria como a mulher mais feliz da face da terra.

Disse tanta coisa mesmo sem falar. Aquele esboço de sorriso, aquele brilho nos pequenos olhos... A música do amor tocou de imediato, e para azar de Maria (ou quem sabe sorte) somente ela ouvia a canção.

Seu sonho agora era real. Novamente tinha um motivo para lutar contra céus e terras, para seguir adiante, e ele estava ali dormindo, como se não tivesse causado um furacão há tão pouco tempo.

Em meio a um mundo cheio de caos e maldade, existia algo que o deixava mais lindo, mais colorido, mais cheio de vida. Agora seria sempre assim, Maria e sua princesa, sua rosa azul, a mais rara e mais perfeita do seu jardim.

...

As horas que se seguiram foram de apenas sorrisos.

Logo após dar a luz, Maria conseguiu chegar ao hospital com a ajuda dos policiais, não foi uma missão muito fácil, visto que as ruas estavam alagadas e a chuva ainda caía com fúria, mas ela não ligou para os imprevistos, estava apaixonada demais para isso.

Doutor Ramon, o médico que faria o parto de Maria, estava à sua espera, mas naquela noite ele iria para casa um pouco mais cedo.

Os familiares de Eduardo também estava lá (e Vera, a mãe de Maria), todos na expectativa pela chegada inesperada do bebê.

Foi um susto para todos quando a viram entrar sobre uma maca com uma bebê no colo. Um silêncio repentino se fez. Não houve palavras para aquela cena.

Pouco tempo depois quando Maria já estava instalada, quando todos os procedimentos com ela e com a filha foram realizados, ela pôde receber visitas.

Todas tinham a mesma feição de bobas, mas Maria não podia julgá-las, compartilhava do mesmo sentimento.

— Somos avós, Carmen – a mãe de Maria chorosa comentou com a outra avó, também chorosa. – Temos uma netinha linda.

— Eu não consigo parar de olhar para ela – Carmen segurava o pezinho minúsculo enquanto a bezerrinha faminta se alimentava. – Eu sou avó!

Ela exclamou, levando todos a uma risada emocionada.

— Sou mais avó que vocês duas – Yolanda se achegou pomposa – sou avó dela duas vezes.

— Agora começa a guerra para ver quem é mais – Biju, próxima aos pés da cama, cochichou com a irmã mais velha; ela achou graça.

— É uma briga saudável, Biju – disse Pipa rindo.

— Quero ver até quando. Prima – sua voz se elevou em algumas oitavas – acho que vamos ter uma boa história para contar para ela.

— Ah, nem me fala – Maria bufou. – Mas preferia o jeito mais simples.

Elas riram.

— Ainda bem que Estevão estava com você, imagina ter o bebê sozinha em casa?

— Ai, Pipa, que horror! Por falar nisso, cadê ele? – Maria quis saber com um vinco entre as sobrancelhas.

— Ele teve que resolver uns assuntos, mas disse que assim que puder, vem ver vocês – Carmen esclareceu.

— Acho que nunca vou ter palavras para agradecer o que ele fez por mim – um sorriso de gratidão surgiu. – Estevão foi excepcional hoje.

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⏰ Last updated: May 11, 2023 ⏰

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