1- 𝑪𝒂𝒎𝒊𝒏𝒉𝒐𝒔 𝒄𝒓𝒖𝒛𝒂𝒅𝒐𝒔

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Sofia Pereira📷

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Sofia Pereira📷

Sonhos... Eles são os meus maiores problemas desde quando entrei na vida adulta, quando eu percebi que o meu sonho era impossível de ser vivido. Parece besta para alguns, mas eu amo fotos, capturar o momento e eternizar ele, reviver sempre que puder e sentir tudo novamente.

As fotos guardam sentimentos e te levam a lugares que provavelmente você não vai mais, te fazem lembrar de pessoas que já não estão mais aqui e te confortam, mostrando que aquele momento que você fotogravou, estará pra sempre ali, guardado pra quando você quiser reviver ele. Na minha concepção, não existe nada mais lindo do que um momento capturado.

— Se você deixasse eu te ajudar... Sofia, eu conheço pessoas que amariam o seu trabalho e pagaria bem por eles - Laura praticamente deu um pulo da cama, tentando me convencer.

Laura e suas alucinações...

Pobre não tem tempo de sonhar, o tempo que temos é direcionada ao trabalho, contas, dormir e talvez, mas só talvez, viver com dignidade.

Mas deixamos a merda da dignidade de lado quando pegamos o ônibus no Butantã.

Olho para o relógio e vejo que faltam apenas vinte minutos pra eu me atrasar.

Merda.

Sou balconista em uma casa de shows aqui no centro de São Paulo, chego umas oito horas e saio quando a casa fecha - não temos horário pra sair - minhas folgas são separadas por escalas, o chefe separa no começo do mês e depois nos comunica.

é uma verdadeira merda, mas é o que paga bem.

— Laura meu amor, primeiro que nem tempo eu tenho, segundo que eu já desisti.

— Não, não vou deixar você desistir - mexeu a cabeça - você é ótima nisso

— Acontece - dei de ombros - já foi o tempo de eu correr atrás do que eu queria, agora é hora de viver a minha realidade... Mesmo eu não querendo.

— Anota o que eu estou dizendo, você vai conseguir e eu - ela dá ênfase na última palavra- vou te ajudar.

— Aposto que vai - vesti uma camiseta básica e coloquei os meus brincos.

Me olho no espelho e começo a reparar na expressão de cansaço - porra, preciso de uma folga, minhas olheiras estão fundas pra caramba, nem a maquiagem está escondendo.

A vida do trabalhador brasileiro não é fácil.

— enquanto você dá um jeito, eu estou indo passar mais um estresse noturno- ela revirou os olhos e eu mandei um beijo na sua direção.

Peguei a minha bolsa, meu celular e corri em direção a porta.

Fui de escada mesmo e pra acelerar, pulei alguns degraus, fazendo com que eu chegasse mais rápido na portaria - sinto como se o meu coração fosse pular pela boca, sou uma mulher de vinte anos sedentária pra caramba. Assim que pisei na calçada, o Uber chegou.

Jeito Bandida|| Thiago VeighWhere stories live. Discover now