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Já estava quase indo embora quando a gerente me puxou pelo braço me entregando uma revista de fofocas.
Uma das matérias era sobre a confusão de Tom na balada.

- Está vendo isso aqui? - perguntou ela enfurecida. - Você sabe quem é?

- Acredito que seja um dos nossos clientes. - respondi de uma forma bem sonsa para ela.

- É senhorita, eu sei que é nosso cliente. Mas tô perguntando se vê essa foto bem aqui. - ela apontou pra uma foto de Tom dançando comigo.

- Eu posso explicar.

- Você acha mesmo que pode me esconder algo assim? Acha que eu não sabia? Eu sei tudo sobre o que acontece com meus empregados dentro e fora da loja.

- Não estamos...- tentei falar sendo interrompida pela mulher que bufava de raiva.

- Nem tente me explicar nada, eu vi ele vindo te buscar e te deixar, eu sei que estão saindo. Eu só tenho muita pena dele, não é nada fácil lidar com uma interesseira. - falou ela me olhando de cima a baixo com nojo em seu olhar.

- Eu não permito que afirme esse tipo de coisa sobre mim. Você não me conhece. - me inclinei falando com mais raiva do que ela tinha falado..

- Aproveita enquanto ele não te troca por uma melhor, suga tudo o que ele tem, se bem que você já tá fazendo isso. Uma hora ele vai te descartar como o nada que você é.
Eu tenho repulsa de gente como você, tem preguiça de trabalhar e usa essa deficiência de desculpa pra pular no colo do primeiro riquinho que te dá um pouco de atenção.

Ela falou isso e eu me fervia por dentro. Estava com tanta raiva do que ela falou que podia socar os dentes dessa vaca imunda agora mesmo.

- Anda, pega suas coisas e sai da minha loja. Você nunca vai conseguir nada além de viver na sombra de alguém, vai viver sozinha como seus pais te deixaram, lutando sempre a proucura do próximo golpe. Sua sarnenta.

Me virei de costas pegando minhas coisas e antes de sair virei para mulher com tudo o que eu queria lhe falar engasgado.

- Olha aqui sua puta gorda, você se acha porque tem um cargo melhor que o meu mas sei que mora na porra de um subúrbio, eu não preciso de homem nenhum pra vencer na vida, eu faço isso sozinha e sem humilhar ninguém. Agora presta bastante atenção no que eu vou te falar. - disse apontando o dedo em sua cara. - Você vai se arrepender de ter me tratado assim esse tempo todo. Vai se foder.

Apenas saí da loja com muita raiva mas também aliviada por ter falado o que estava engasgado a tanto tempo.

Mandei mensagem pro Tom mas ele não me respondeu. Sentei no meio fio da calçada com as mãos na cabeça pensando o que iria fazer agora que perdi o emprego. Pensei em onde entregar currículo, pensei em ser babá ou diarista, até prostituta mas essa essa ideia foi um surto temporário.

Fiquei um pouco nervosa e o choro veio como um tsunami, eu soluçava pensando em todas as coisas que aquela mulher havia falado. Eu realmente era sozinha mas eu nunca tinha me sentido triste por isso.

Peguei novamente meu celular vendo que não havia nenhuma mensagem de Tom. Mandei mensagem para todos os meninos mas apenas George me respondeu.

Sms on:

- Oi o que houve?

- Oi George é a Delph, o Tom tá por aí? - digitei em meio aos soluços de choro intermináveis.

- Ele não chegou ainda. Tá tudo bem?

- Na verdade não, eu fui demitida. Será se você poderia me buscar ou pedir pra alguém vir? Eu não sei o que fazer agora.

- Claro, me espera perto da loja, já eu chego aí. - disse ele e eu apenas o esperei.

Sms off.

Depois de uns minutos Georg chegou me encontrando sentada no chão com os olhos vermelhos e uma expressão cabisbaixa.

- Vamos? - ele disse de dentro do carro e eu adentrei o mesmo.

- Obrigada por vir, eu tentei falar com Tom mas ele não responde. E desculpa se eu tiver te atrapalhado. - falei limpando o rosto rapidamente.

- Tá tranquilo, eu não tava fazendo nada. Tava só de bobeira. Os meninos foram dormir cedo e Tom sumiu na noite. - falou ele que percebeu o quanto que aquilo soou estranho.

- Eu entendo. - falei olhando novamente o telefone sem nenhuma notificação.

- Sua casa ou a nossa?

- A minha, preciso dormir e pensar no que eu vou fazer da minha vida agora.

- Você pode fazer isso lá em casa vendo um filme comigo e é bom que não fica sozinha.

- Se não for aquele de terror gore que vocês estavam vendo mais cedo ok.

Demos umas risadas até chegar na casa.
Fui direto tomar um banho e trocar de roupa. Mas percebi que não havia nenhuma limpa.

Abri o closet de Tom em busca de uma camisa para que eu pudesse usar de vestido. No meio de tanta roupa larga, bandanas e bonés vi uma peça íntima rosa.
Peguei vendo a calcinha com o nome de Tom bordado na frente.

Fiquei um pouco enojada, era a única alí, por que ele tinha guardado isso?

Foda -se não tô afim de mais problema agora e nós não temos nada sério.
Peguei uma blusa qualquer e vesti indo em direção a sala mas vendo que estava vazia.

Ouço então Georg falando baixo me chamando para seu quarto.
Vou em sua direção e entro vendo que o filme já estava rolando.

- Por que não podemos ver na sala?

- Bill e suas regras estúpidas, sem tv depois das 1 da manhã.

Vemos o filme, era uma comédia pastelão.
Ficamos até 5 horas vendo o filme e rindo, depois assistimos programas aleatórios.

Tom ainda não havia dado nenhum sinal de vida. Isso era estranho pra cacete. Ele provavelmente tá com alguém, e provavelmente era com a dona daquela calcinha asquerosa.

Depois de tantas emoções acabei caindo no sono na cama de Georg junto a ele que dormia parecendo um porco.

What song is this?Onde histórias criam vida. Descubra agora