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Assim que o avião pousa eu sinto uma onda de adrenalina percorrer sobre o meu corpo.
É estranho pensar que em dez minutos você não reconhece a pessoa que você queria passar o resto da vida.
Eu queria nunca ter conhecido ele. Eu seria mais feliz.
Mas é pra isso que eu estou aqui, pra passar uma borracha no que aconteceu.
Vejo meu pai, sério como sempre, me esperando desembarcar do avião.
Ignoro toda a raiva que eu posso apostar que ele está sentindo por mim, preciso do abraço dele.
Ana: pai. - isso soa como um pedido de socorro.
Jesus: filha. - ele coloca a mão na minha cabeça acariciando a mesma, como quem diz " o papai está aqui pra você "
Quase solto um "perdão", mas eu estou adiando essa conversa, porque tenho medo de como ela vai terminar.
Jesus: precisamos pegar sua mala, porque não posso demorar, tenho que chegar ao ninho daqui uma hora.
E assim foi, pegamos minha mala, entramos no carro e meu pai dirigiu até a " nossa " casa, sem trocarmos uma palavra.
Olhei pela janela observando a cidade a qual vou passar um bom tempo da minha vida.
Novos amigos, novos trabalhos, novos ciclos, só não quero novos amores.
Jesus: como você está? - ele fala, quebrando o silêncio constrangedor.
Ana: eu estou melhor - meu olho tá ardendo porque vim de São Paulo até o Rio chorando.
Jesus: que bom, aqui você vai conhecer pessoas novas, e as coisas vai melhorar pra você. - não sei se ele está dizendo isso pra mim ou pra ele mesmo.
Não trocamos mais nenhuma palavra até chegarmos no condomínio.
Assim que eu entro vejo várias blusas vermelha e preta jogada em toda a sala.
Jesus: bom, não repara a bagunça, ainda não tive tempo de arrumar.
Ana: tudo isso são jogadores?
Jesus: sim, alguns que ainda vão entrar, e outros que já jogam. - ele diz colocando a última mala pra dentro. - Filha, eu preciso ir. Logo a Joice chega e te ajuda no que precisar, tem uma chave extra aí na mesinha de centro, agora é sua.
Ana: obrigada pai, de verdade.
Ele apenas dá um meio sorriso e vira de costas indo em direção a velar estacionada na garagem.
Eu sento no sofá e abro o Instagram, assim que entro vejo que tenho muitas marcações. A maioria são sites de fofocas.
" Ana Pinheiro é traída pelo famoso atacante do Corinthians. Veja o exato momento que ela descobre a infidelidade! "
Vejo o vídeo, o evento de gala, câmeras por todos os lados, ele comendo a primeira mulher que vê pela frente, em um lugar onde tinha uma transmissão ao vivo.
Eu chorando e xingando ele, os seguranças me segurando, a mulher sorrindo de satisfação.
O pior dia de toda minha vida.
Saio do Instagram no exato momento que as lágrimas escorrem, eu as limpo imediatamente.
Ouço um celular vibrar, que não é o meu.
Porra, meu pai esqueceu o celular dele.
Vejo pela barra de notificação um contato chamado "assistente"
" Jorge, daqui trinta minutos a diretoria vai te ligar para confirmar o último jogo, você precisa atender".
E como que ele vai atender com o celular em casa?
Pego o celular colocando na minha bolsa. Olho pra minha blusa, tá toda suja de rimel..
Coloco a primeira blusa que vejo no sofá e vou em direção a garagem.
Pego o meu carro que já estava aqui, e saio em direção a rua.
Coloco a localização no GPS e vou seguindo a rota.
Assm que chego ao local, estaciono na primeira vaga que eu vejo.
Desço do carro e vou em direção a portaria.
Segurança: quem é você?
Ana: eu sou Ana Pinheiro, filha do Jorge Jesus.. - não termino a frase.
Ele ri da minha cara como se isso fosse impossível.
Segurança: vá em bora, isso não é brincadeira, você não vai conseguir autógrafo.
Assim que vejo minha blusa, percebo oque está querendo dizer. É uma blusa do Flamengo, e eu estou parecendo uma desesperada por fotos.
Vejo um carro chegando e quase batendo no meu carro, era só oque me faltava.
Ele da marcha ré e estaciona em um lugar mais distante.
Assim que sai do carro, vem em direção a mim.
Ele está com uniforme, carregando uma garrafinha de água e mexendo no celular.
O reconheço da Internet.
É Gabriel Barbosa.
Gabigol: quem que estacionou na minha vaga? - ele diz com a voz grossa.
Ana: acho que fui eu, perdão. É que eu preciso ver o Jorge Jesus.
Gabigol: você é uma fã?
Ana: uma fã? - eu vejo que tem o número 10 na minha camisa, e o nome "gabigol" escrito em um tamanho bem legível.
Gabigol: não posso tirar foto agora, estou atrasado pro treino, só não estaciona na minha vaga de novo.
Ana: eu não quero foto! Nem flamenguista eu sou, só preciso entregar o tefone pro meu pai.
Gabigol: calma, se você não é flamenguista porque tá com a minha blusa, e porque tá aqui no ninho?
Ana: porque preciso entregar o telefone pro meu pai, e o segurança não me deixa passar.
Gabigol: quem é seu pai?
Ana: seu novo técnico.
Ele me olha com desconfiança.
Gabigol: se você quiser eu posso entregar o telefone pro seu pai.
Eu entrego o tefone pra ele.
Gabigol: E não estacione mais na minha vaga, nem roube minhas blusas.
Ana: não sabia que a vaga era sua, nem que a blusa era sua. Se eu soubesse nem chegaria perto.
Gabigol: não entendi, isso é uma ofensa contra a minha pessoa?.