Capítulo- 01

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  - Any Gabrielly. –

Senti quando o vento gelado bateu contra meus pés e me encolhi na cama. Merda! Esqueci de colocar meias de novo.... E tá muito frio hoje! Mas, está tão quentinho aqui na cama! Que preguiça de levantar, arh...

PÉÉÉÉÉÉÉÉ!

Eu sei que não é assim, mas é dessa forma que eu escuto o barulho do meu despertador. Eu odeio tanto, se pudesse atirava pela janela! INFERNO!

Me forcei a cair no chão do quarto pra ter coragem de levantar. Fui para o meu banheiro e observei os ladrilhos envelhecidos enquanto escovava meus dentes. Essa casa é bem antiga.... A madrinha costuma dizer que foi da avó dela, lá pelos anos 30. Depois, passou para o pai, que faleceu há alguns anos. Desde então, a casa é nossa.

Moro com a minha madrinha, a tia Laura, desde que eu nasci. Pra falar a verdade, eu fui deixada na porta da casa dela, quando ainda era bebê....

Ela nunca se casou, mas tem um filho mais velho que eu, o idiota do Lamar. Ele mora em Nova York, saiu de Los Angeles pra tentar a vida nova-iorquina, e conseguiu.

Mas, ficou arrogante e egoísta demais pra se lembrar de alguém, além dele mesmo.

A gente nunca se curtiu mesmo, dei foi graças a Jesus quando ele foi embora!

A vida aqui é difícil, a madrinha dobra alguns turnos na lanchonete pra conseguir manter a casa e eu faço alguns serviços como babá pros nossos vizinhos, nos fins de semana. Eu adoro, as crianças são boazinhas e dormem rápido, eu acho perfeito!

Vesti um moletom e penteei meus cabelos. Prontíssima.

Desci as velhas escadas aos pulos, chegando até a madrinha, que cozinhava panquecas. Esse cheiro eu conheço e muito bem! Ah, eu amo...

- Bom dia! – Beijei sua bochecha, rindo. Ela sorriu. – Estamos comemorando o quê?

Geralmente, quando tem panquecas, é por algum motivo especial...

- Consegui mais um turno, como está perto do Natal, precisam de mais garçonetes! E sua tia adora um dinheiro a mais, então... – A madrinha sorriu, revirei meus olhos.

- Mais um turno, tia? Não acha que está se exigindo demais não?!

- Querida, fique tranquila. – Ela piscou. – E aliás, detesto ver você perdendo seus fins de semana cuidando dessas crianças. Você é jovem! Tem que sair pra se divertir! – Eu ri.

- Acredite, madrinha. Essa não é minha fantasia de vida jovem. – Dei de ombros.

Eu gosto de ficar em casa, ler um livro ou ver filmes de romance, terror, comédia, sabe? Eu e o Pipoca, nosso gatinho amarelo, adoramos ficar debaixo das cobertas, vendo um bom filminho...

- Você precisa sair mais! Você e a Sina são muito paradas, isso sim! – A tia brincou, rindo.

Sina é minha melhor (e única, na verdade) amiga. A gente se conhece desde criança, estudamos na escola aqui do bairro quase a vida toda.

Mas, quando chegou o ensino médio, a tia Laura INSISTIU que eu tinha que ter um ensino melhor e sei lá mais que idiotice, então, fui para um colégio do centro. Infraestrutura boa e muita gente rica e bem imbecil também.

Por que todo mundo que é rico é tão imbecil, hein? Será  que é regra obrigatória?

- Preciso ir ou vou perder o buso! – Pisquei, pegando minha bolsa no chão. – Eu te amo!

- Te amo também, Gabrielly. – A madrinha sorriu.

- É ANY!

- GABRIELLY! – Ela gritou de volta, fechei a porta.

Champions - BeauanyWhere stories live. Discover now