Capítulo- 02

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- Any Gabrielly. -

- P-Por favor... - Continuei de olhos fechados, trêmula que nem vara verde. - Não me mata...

- Me dá a porra do teu celular, garota. - Ele rosnou. Parecia MUITO irritado.

- Não tá comigo. Tá lá em cima, carregando. - Engoli em seco, o encarando.

Escutei o barulho alto da trinca da porta da sala. Era a madrinha! Eu sabia que era! PUTA MERDA! O homem me encarou com o mais puro ódio no olhar...

- Eu vou voltar. E se tu abrir essa maldita boca sobre o que tu viu hoje, vou estourar a porra da tua cabeça. Entendeu? - Ele apertou meu braço, comecei a chorar de vez. - ENTENDEU?!

O homem apertou meu braço com mais força ainda, me fazendo gemer de dor! Filho da puta!

- Sim! Sim! JÁ ENTENDI! - Repeti. Ele me soltou e destrancou a porta dos fundos, me encarando antes de sair por ela.

Vi sua figura sumir na escuridão e pude desmontar. Ele entrou na minha casa, pegou a faca da minha cozinha colocou uma arma na minha cabeça.

Eu realmente não consigo digerir o fato de que minha vida esteve por UM FIO.

- Querida, ainda está acordada? - Tia Laura chegou, me abraçando. - Está tão gelada...

- Tomei um banho...bem...bem frio. - Sequei minhas lágrimas e forcei um sorriso.

Eu ainda estou em choque.

- Está com fome? - Ela perguntou. - Vai fazer um sanduiche?

- Ia fazer. Mas.... Perdi a fome. - Sorri, beijando sua bochecha. - Boa noite, amo você.

- Também te amo. - A madrinha sorriu, meiga.

Subi as escadas, sentindo minhas pernas bambas. Meu rosto ainda estava úmido e meus olhos arregalados. Tranquei a porta do meu quarto e vi a porta da sacada ainda trancada, graças à Deus.

Pipoca pulou na minha cama e nos cobrimos. Fechei meus olhos, pensando em qual desculpa eu inventaria para explicar a madrinha o motivo de eu não ir para a escola nos próximos dias.

E, o pior, qual desculpa eu inventaria para dizer que estou sendo perseguida porque devo ter sido testemunha de algum crime horrível... Senhor Amado, eu não consigo ficar pior.

Se arrependimento matasse, já estava estirada nesse chão.

***

O despertador tocou e eu me levantei sem vontade alguma. Meu corpo estava cansado e minha cabeça latejava de dor. Pipoca miou, pedindo para que eu abrisse a porta.

Depois que a abri, desci as escadas junto com meu gatinho, até a cozinha.

- Não está pronta ainda? O que foi?! - Tia Laura me encarou, confusa.

- Não estou bem, madrinha.... Muita cólica. E como não tem nada demais hoje, pensei em ficar em casa pra descansar, sabe? - Sorri, disfarçando.

- Tem certeza de que não vai perder nada de importante? - Ela perguntou, desconfiada.

- Não vou. - Respondi.

Fiz meu café e comi tudo em minutos. Estava morrendo de fome hoje, puta que pariu...

A madrinha saiu cedo, hoje ela começa a dobrar os seus turnos. E, cara, isso me destrói por dentro. Ver a pessoa que eu mais amo se desgastar tanto por nós...
Só queria ter condições de dar uma boa vida pra madrinha. Já estaria ótimo.

Champions - BeauanyWhere stories live. Discover now