Capítulo- 16

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  - Any Gabrielly. –

- Obrigada...não sabe o quanto eu te agradeço por isso! – Suspirei, finalizando a ligação.

Encostei a cabeça da cama e me lembrei da cena no carro, com o Joshua. Fechei meus olhos e imaginei o que Beauchamp diria pra mim agora. Porra, eu só queria estar com ele, apesar de tudo...

Eu não era uma garota inocente e otária que se apaixonou por um traficante. Eu me sinto alguém que se afeiçoou à algo que nunca vai conseguir mudar o suficiente para ter. Entende?

“Tu tá muito louca, pivete. Isso aí vai dar em muita merda...”

Com certeza, é isso que aquele babaca me diria! Eu ri, sozinha.

Peguei meu celular, o velho notebook e coloquei na bolsa do colégio. Tirei as minhas fotos com a Sina da parede, as com as garotas do colégio, minhas antigas amigas, que já se formaram e guardei também. Peguei meu moletom preto, meu azul e o meu rosa.

E claro, sem esquecer dos meus All Stars.

- Bora, Any. – Me olhei no espelho, criando coragem. – É agora ou nunca, ok?! – Disse, nervosa.

Desci as escadas e vi a escuridão da casa, é provável que todos já estivessem dormindo nesse horário. Passei pela cozinha e fui até a velha garagem, nos fundos da casa. Tirei de lá a grande caixa de papelão que eu havia escondido e arrastei até a sala, tentando não fazer barulho.

Me sentei no chão e comecei a montar a árvore de Natal, parte por parte. Quando ela já estava inteira montada, trouxe os enfeites que estavam dentro de uma sacola, enfeitando ela com o maior carinho. E por último, peguei os pisca-piscas do meu quarto, completando-a.

Eu comprei esse presente para a Laura, ou tia Laura, eu nem sei! Mas, eu comprei com o meu coração, e mesmo com todas as sujeiras e coisas ruins, não consigo me arrepender.

Infelizmente ou não, se eu sou quem eu sou hoje, é por causa da madrinha.

E não me esquecerei disso, jamais. Não posso deixar de sentir...gratidão.

Liguei os pisca-piscas na tomada e vi a magia toda acontecer. Tão linda...do jeitinho que minha madrinha sempre sonhou! Eu queria que ela tivesse uma dessas, e ela vai ter.

Vai ser o meu adeus à ela.

Subi correndo as escadas e trouxe meu fichário da escola, tirei de lá duas folhas. A primeira seria para o ridículo do meu irmão Lamar e a segunda, para a minha tia Laura.

E a terceira...

“ Tia Laura,

Não é como se eu fosse te perdoar por toda essa loucura. Sinceramente? Eu nem consigo imaginar a quantidade de coisas que eu perdi (ou talvez tenha ganhado) por estar com você. Realmente não consigo acreditar que você foi capaz de participar de algo tão ruim assim, e prefiro não imaginar muito. Porque dói, chega a me rasgar o peito. Nada será como antes. Eu não conseguiria fingir que nada aconteceu e ficar aqui com você, você me conhece o suficiente para saber que eu não faria isso. Você me ensinou à fazer o que é certo para mim.
E é isso que eu vou fazer.

Deixo aqui meu último presente, como gratidão à tudo que vivemos. Não sou mais a Any que você criou e conheceu, tia. E não quero voltar à ser como ela. Eu quero viver tudo que eu não pude em todos esses anos.

E, por mais que eu me odeie em dizer isso, sei que ainda te amo demais. E isso não será apagado. Por mais mal que tenha me causado, jamais conseguiria te odiar ou até prejudicar.

Champions - BeauanyWhere stories live. Discover now