𝗡𝗢𝗫 ; marvel ✓

cap.040; sempre Loki

  Eram verdes, verdes como as mais belas árvores de Midgard.
Os olhos dele, daquele que me viu por primeiro, eram tão verdes... como os meus.
   Eu lembro vagamente da primeira vez que meus olhos verdes se cruzaram com os seus ainda mais verdes, suas córneas estavam levemente avermelhadas pelo choro contido, porém eles brilhavam de um modo tão felizes, foi quando eu sorri para ele, e ele sorriu para mim de volta.

-- Bem vinda ao mundo, Nox.

  A sua voz era tão calma, meio rouca e cheia de lágrimas, embargada pela vontade de chorar, mas era feliz, nós éramos tão felizes.
   Todos presentes naquela enorme sala dourada brilhante eram tão felizes, e eu lembro de amar todos eles desde o meu primeiro olhar.
  Era Loki, mamãe, Thor e eu, nós quatro contra o enorme mundo lá fora. Eles me amavam incondicionalmente e eu os amava, do inicio ao fim.

   Lembro de que, por mais estranho que fosse, minha primeira palavra foi: cobra.
Mas eu realmente não lembro muito o motivo daquilo, são curtas memórias, essas que vinham no fim de sua vida. Ao contrário do que dizem você vê um enorme filme em sua frente, na verdade, a única coisa que você realmente vê são as boas memórias, aquelas que te marcaram por toda a sua vida, desde o inicio dela, até o final dela.

   Porém eu lembro fervorosamente de como Asgard, a cidade de ouro, brilhava todo fim de tarde; era de um intenso dourado e com um horizonte tão grande. Eu lembro da sensação de amar sentar no muro mais alto do castelo e observar o sol desaparecer por entre o final do horizonte, o sol se pondo era tão lindo, Heimdall sempre ao meu lado, ele sempre fora um homem de poucas palavras, mas quando falava era sábio, muito sábio.

  Lembro de mamãe, de como ela me acordava todas as manhãs; ela sempre foi tão sorridente, e de como ela me amou do começo de minha vida, até o fim de sua vida. Era estranho pensar que eu amava uma memória distante, mas eu fazia isso, todos os dias.
  Lembro de Thor, oh, meu doce e grande irmão Thor; sempre tão barulhento e impulsivo, lembro de como ele me abraçava sempre que me via, e de sua risada alta como uma enorme tempestade. Meu grande irmão que eu tanto amei em vida.
  Lembro do povo de Midgard que me amou ao ponto de me chamarem de deusa, de meus amigos na galáxia, esses que eu deixei de modo tão cedo. E eu lembro de como Odin falou comigo quando nos vimos pela última vez, ele disse: "Eu me enganei sobre você, Nox. E eu tenho tanto orgulho."

   Odin tinha, de fato, orgulho de mim, da deusa que eu decidi ser, ele realmente tinha.

  Eu lembro do povo de Asgard, o meu povo que me saudou, do povo que temeu Hella desde a primeira aparição dela. Do meu povo, meu povo que eu tanto amava.
  E lembro de Hela dentro da minha cabeça, minha irmã cujo foi abandonada por Odin, banida para o submundo, deixada na desgraça e nas cinzas. Lembro do poder que senti em sua presença, do modo como me sucumbiu, e de lutar contra ela.

  E eu lembro daqueles olhos, oh, tão verdes, mas tão tristes, e eu lembro do fogo, do calor que ele emitia ao meu redor, do modo colossal que ele queimava em minha pele, da dor daquela enorme espada talhada me perfurando e me prendendo ali; lembro de como ardia e como eu o ouvia chorar como uma criança sem um doce.

  Loki, meu amado irmão Loki, mais que um irmão, meu pai, o homem que realmente me criou pelas ordens de sua pouca ética, o homem que eu iria até o fim do mundo, aquele me fez lutar no grande Ragnarok.
  Pois sempre foi Loki, e eu sempre voltaria para ele.

-- Nox! _ sua voz era quebrada, suas mãos geladas e tremulas acariciavam meu rosto, lágrimas tão grossas e tristes rolavam por seu rosto de modo descontrolado, aquela visão, por mais cruel que fosse, me fez sorrir, pois Loki estava chorando por mim. - E... eu vou te tirar daqui... eu vou...

-- Irmão _ minha voz estava rouca, dolorida, algo que me fez tossir pela dor em todo meu corpo, Loki me olhou, os seus olhos tão intensos. - Valhalla me chama.

-- Não.

    ANTES
Narrador On

    Ragnarok, nas linguas antigas: o fim do mundo.
Em outras palavras, o fim dos deuses nórdicos e de toda a existencia.

  Asgard brilhava no intenso ouro, tão dourado que poderia cegar alguém, risos eram ouvidos por todo local, divertidos e alegres.
  De modo tenso e em passos lentos, Nox andou pelo local, os olhos indo e um lado ao outro em busca de perigo, voltar para Asgard fora algo de última hora, ela havia cansado dos problemas vindo de Midgard e sua tecnologia sempre falha; os problemas mundanos dos humanas estava lhe deixando exausta, talvez, a guerra estava a deixando exausta.

-- Pai? _ chamou ao entrar no enorme pátio, todos se viraram ao som da voz de jovem, Odin, ou uma cópia dele, a encarou, olhos se arregalando em entusiasmo.

-- Nox! _ pulou feliz da grande cama e foi até a menina em passos rápidos. - O que faz aqui?

-- Eu... vivo aqui, idiota. _ balbuciou, Odin deu uma alta risada.

-- Claro! _ a segurou pelos ombros, seus olhos a analisaram, um sorriso nos lábios. - Eu já volto! Vou falar com a minha amada filha. _ se virou para o povo. - Continuem sem mim.

   Odin, ou Loki, a arrastou de modo gentil até a sala escondida perto do pátio, um sorriso sempre nos lábios, sua mão no fim das costas da garota, a guiando.

-- O que fez com esse lugar? _ Nox exclamou horrorificada.

-- Eu melhorei ele. _ Loki, agora em sua forma normal, falou.

-- Melhorou? _ gesticulou. - Onde está Heimdall? Os guardas reais? Loki... isso é um reino, não uma brincadeira.

-- Shh! _ a cortou. - Isso vem depois, agora... deixe eu olhar pra você. _ se afastando levemente ele sorriu. - Onde esteve? Eu senti tanto a sua falta.

-- Eu também. _ o abraçou, ela se separou rapidamente e o encarou. - Você realmente fez estátuas?

-- Eu fiz! _ riu enquanto batia uma palma. - Você viu? _ apontou.

-- Sim, eu vi, são... enormes.

-- Puro ouro _ balbuciou. - Os olhos são esmeraldas, é claro, e eles brilham.

-- Eles brilham? _ o encarou pasma.

-- Sim _ concordou. - Quer ver?

-- É claro que sim!

Nox; 23.12.2023