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O cheiro forte do café era a única coisa sentida na cafeteria. Intoxicava o sistema de Layla, que mesmo acostumado, ainda reclamava.

A garota amava café, desde que tivesse muito açúcar. De amargo já bastava sua vida, não precisava daquele líquido também. Mas o cheiro não tinha como mudar, café cheirava a café, e café é amargo, então o cheiro as vezes era completamente insuportável pra ela. Principalmente por ter os sentidos tão sensíveis. Era um pesadelo. Infelizmente não tinha muita escolha, precisava trabalhar pra pagar as contas. O dinheiro que recebia de seus pais não era o suficiente, então precisava se virar.

O uniforme marrom da cafeteria não era agradável, primeiro por ser marrom, segundo por ser curto e um pouco decotado de mais pra uma adolescente de dezessete anos. Mas isso atraía clientes, isso gerava gorjetas, então quem estava reclamando?

Ela colocou os cinco dólares no bolso do uniforme e passou pelas mesas, indo até o balcão. Um suspiro a deixou quando viu Jason Todd sentado em uma das mesas. Ela aproveitou que estava em seu horário de almoço e pegou seu lanche natural, fazendo um suco de abacaxi e um café. Assim que terminou colocou em uma bandeja e foi até ele, a colocando na mesa e o surpreendendo, ele não esperava que ela fosse se aproximar tão rápido.

— me investigou ou me seguiu? — perguntou sentando a frente dele, dando a caneca de café pra ele.

— os dois. Valeu — ele sorriu e tocou a caneca, assoprando antes de bebericar o líquido.

— e o que achou?

— fiquei bem intrigado. Não tem muito sobre você nos registros. Nem em lugar nenhum.

Ela deu de ombros e mordeu o sanduíche natural, sentindo os olhos dele fixos em si.

— você é quase um fantasma. Quem realmente é você, Layla?

Ela sorriu e bebeu o suco, mexendo a cabeça pra arrumar o cabelo sem precisar toca-lo, se inclinando pra frente.

— quer realmente saber?

— talvez. Vou me arrepender? — ele se inclinou também, pouco mais de vinte centímetros entre os rostos.

Os olhos dele o traíram quando desceram pelo pescoço dela, a posição deixando o decote ainda mais aberto e seus seios mais atrativos. Aquilo era tão errado.

— provavelmente — ela voltou pra posição normal e voltou a atenção pro sanduíche.

Jason suspirou e encostou de volta no banco, molhando os lábios com a língua antes de beber um gole do café.

— por que trabalha nesse lugar? — ele olhou ao redor, tinha percebido os olhares direcionados a garota e não se agradou muito.

— porque eles me pagam bem. Recebo muitas gorjetas.

— é, de velhos tarados — ele pontuou.

Ela deu de ombros e ele suspirou. Não entendia porquê ela não se incomodava com aquilo.

— receberia atenção em qualquer lugar, pelo menos aqui eles me dão dinheiro.

Ele soprou uma risada, negando com a cabeça e bebendo o resto do café.

— o café é bom — elogiou.

— ainda tô aperfeiçoando. Ajuda saber o gosto da pessoa.

Ele sorriu e inclinou a cabeça pro lado. Layla enfiou o resto do lanche na boca e Jason apreciou aquilo. A forma como ela não se importava. Ela não era uma garota que tentava o tempo todo agradar alguém. Não ligava de ser taxada como descuidada ou sem educação por ter enfiado o resto do sanduíche na boca. Assim como não ligava pros olhares ou cochichos da escola. Layla estava focada em seu próprio mundo e ninguém poderia a tirar dele.

RED, Jason Todd - NVWhere stories live. Discover now