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— filha?

Ela sorriu fraco e se aproximou, abraçando o homem. Ele a abraçou de volta, a apertando em seus braços e beijando sua cabeça.

— por que está aqui? Quero dizer... Por que não avisou? — ele perguntou ao se afastar dela.

— foi de última hora. Não vou demorar muito.

— ela chegou na hora do almoço — Sandra avisou e ele concordou, olhando pra filha, a analisando.

— você pintou o cabelo?

— sim. Só pra mudar um pouco — ela deu de ombros e ele tocou seus cabelos, afagando.

— está linda filha.

Ela sorriu e ele retribuiu.

— quando você vai? — ele perguntou.

— antes do jantar.

Ele concordou e olhou pra mãe.

— certo, vamos fazer um café da tarde então.

— ótimo. Aproveita e compra meu chá — Sandra pediu e ele concordou, se virando pra mais nova.

— quer vir comigo?

Ela concordou e pegou o casaco no cabideiro, o seguindo pra fora da casa.

— então, como andam as coisas? — ele perguntou enquanto andavam.

— normais, mais ou menos — ela disse e ele a olhou. — Danny tá com uns problemas e a mamãe não fala nada, então eu tô tentando resolver sozinha.

— mas ele tá bem?

— agora tá — ela disse e sorriu um pouco.

Antigamente Sebastian ficava irritado e chateado quando mencionava Danny ou Ward, agora parecia ter melhorado, pelo menos em relação a Danny.

— fico feliz que ele tenha você como irmã, porque se depender dos pais.

Layla sorriu sem ânimo.

— as coisas são complicadas pra eles.

— eles tornaram complicadas — Sebastian disse com mágoa na voz e Layla decidiu deixar o assunto de lado.

— e o trabalho?

Eles conversaram sobre o trabalho dele até chegarem no mercado, depois de minutos. Eles se separaram pra ir mais rápido, Layla estava procurando por waffles quando sentiu um arrepio subindo por sua nuca. Ela fechou os olhos e virou um pouco a cabeça, quando abriu os olhos, eles estavam amarelos. Ela viu perfeitamente a cena, como se estivesse lá.

Jason e Rose.

Estavam dançando no quarto dele.

Por que estavam dançando?

Ela ficou no canto e observou quando eles se beijaram, apertando as mãos na caixa de waffles e a amassando. No quarto de Jason, ele sentiu aquele arrepio ruim. Se afastando de Rose e olhando ao redor, vendo perfeitamente a imagem de Layla. Era estranho. Sabia que era ela e sabia que era agora, mas não tinha como ela estar alí. Como comprovação de que aquilo era real, o toca discos parou, arranhando o disco, seus livros tremendo nas prateleiras. Rose não percebeu, mas Jason sim.

Era ela.

A imagem dela desapareceu e ele piscou os olhos, questionando a própria sanidade quando o toca discos voltou a tocar.

— filha? Tá tudo bem? — Sebastian se aproximou ao vê-la parada olhando o nada.

— tá — ela escondeu a caixa amassada e sorriu pra ele. — achou o chá da vovó?

— achei, já podemos ir.

Ela concordou e ele foi na frente, ela devolveu a caixa amassada pra prateleira, saindo como se não tivesse feito nada.

— merda. Foi mal tá — Jason se afastou da platinada e passou a mão pelo rosto.

Ele não deveria fazer aquilo, não fazia nem uma semana que ele e Layla tinham terminado.

— relaxa, aconteceu. E sei lá, quem sabe não acontece de novo — Rose disse e foi até a caixa de discos.

Por um momento Jason se questionou se Layla apareceria de novo se acontecesse de novo.

Layla prometeu que nunca o deixaria e ele acreditava nisso, porque ele a via em todo maldito lugar. Até quando estava com o Exterminador, ele ouviu sua voz chamando seu nome. E quando caiu do prédio, a ouviu o chamando de novo. Agora ele tinha a visto alí e diferente de antes, era a imagem dela, eram os poderes dela, tinha certeza disso. Não podia estar enlouquecendo.

— que que foi? — perguntou quando Rose se virou pra ele com um disco na mão.

— por que você tá com um vinil do meu irmão?

— você tem um irmão? — ele se aproximou confuso.

— eu tinha. O vinil é dele, a letra é dele. Como isso veio parar aqui? — ela se aproximou alterada.

— esses vinis são do Dick. Podem ser vinis de segunda não.

— é mentira. É uma armadilha? Eu sou o que? Uma isca?

— do que que você tá falando, Rose?

— não mente garoto, essa merda é do meu irmão que morreu. Usaram ele pra atrair o exterminador e tão fazendo isso comigo!

Jason precisou contar até dez em sua mente, tentando entender o lado dela e não se irritar com seu temperamento. Eram parecidos e isso tornava a convivência difícil.

— Rose, se acalma tá legal? Do que que você tá falando?

— o Exterminador matou o meu irmão. Dizem que ele se envolveu com as pessoas erradas e que usaram ele pra pegar meu pai. Parece familiar?

Ele não respondeu, até porque não sabia como, ela estava certa de algum modo.

— se esse disco tá aqui, então o meu irmão esteve aqui. O Dick conheceu ele e nunca me contou. Quer saber, que se foda. Que todos se fodam! — ela se afastou e saiu do quarto, batendo a porta.

— merda — Jason encostou na porta e olhou pra frente, a vendo de novo.

Ela estava o olhando, seu cabelo mais escuro balançando com o vento. Jason se aproximou devagar, observando os olhos dela o acompanharem. Ele estendeu a mão e tentou toca-la, sua mão atravessou a imagem dela e ela sorriu antes de sumir. Ele mordeu o interior da bochecha e conteve a vontade de socar a parede.

Ainda era recente. Era isso. Ainda era muito recente e ele gostava muito de Layla, por isso estava se comportando assim. Tinha acabado de ser sequestrado e jogado de um prédio, era normal ficar meio perturbado. Era normal desejar que ela estivesse alí, que ela o abraçasse e o beijasse até ele conseguir dormir, que o fizesse esvaziar a mente e relaxar por um minuto.

Era normal sentir falta dela. Era normal. Era normal sentir o coração apertar ao pensar nela, era normal seu coração disparar ao ouvir seu nome. Era normal vê-la pelo prédio, pelo quarto. Vê-la em pessoas. Como viu em Rose por um momento quando ela entrou no quarto. Quando ela passou os braços por seu pescoço, como Layla fazia. Era normal. Era normal. Era normal.

Repetia em sua mente, em uma tentativa desesperada de se convencer daquilo.

Era normal.

Precisava ser ou ele realmente enlouqueceria.

[Revisado]

RED, Jason Todd - NVWhere stories live. Discover now