25. morte e redenção

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p.s: recomendo que escutem a música durante o capítulo, apenas para imersão
boa leitura! ;)

Os meus olhos entreabertos pareciam se sacudir para abrirem totalmente, entreabertos porque um deles fora golpeado e o inchaço não permitia tal ação, enquanto o outro olho, saudável, apenas seguia os comandos do cérebro para permanecer do jeito que estava, sem forçar. Ao mesmo tempo em que eu conseguia enxergar, eu não via mais nada além de uma cabana, em frente à mim uma lareira lotada de carvão por sorte apagada. Meus joelhos sobre o assoalho de madeira, minhas mãos ao alto, amarradas por cordas firmes penduradas no próprio pilar do teto da cabana.

Se aquele era um dos fetiches de Jeonghan, então eu realmente havia me encrencado. Não era muito bem uma das posições que eu me imaginava estar, além disso não era confortável, me doía, tudo. Inclusive o coração. Pensar que Jeonghan podia ter feito ou mandado alguém fazer aquilo comigo estava me castigando mais do que as próprias cordas e a dor de um possível golpe nas costas. Tentei olhar ao máximo tudo ao meu redor, no canto esquerdo uma mesa de madeira com alguns copos sobre, já do outro lado uns barris que julguei serem de vinho ou alguma outra bebida. Era uma cabana bem antiga, feita de tijolos, o teto de madeira e palha e janelas de madeira, ao escurecer era preciso usar lamparinas, já que mal existia energia elétrica naquele lugar. Me senti em 1899. E talvez aquele lugar fosse desse ano mesmo, só que nunca reformado. E se bem que encontrar alguma Carabina de Repetição poderia me ajudar bastante naquele momento.

— Vamos! Ele acordou! - A voz vinda de longe, nem tão aguda para ser Jeonghan, nem tão grave para ser Wonwoo. Era o pior dos meus pesadelos: Soonyoung. Os passos afobados vinham em par para provavelmente terminarem de me matar. Eu abaixei minha cabeça, cansado de tentar algo, no fundo eu sabia muito bem o que estava por vir. — Jisoo, olha o que você armou pra si mesmo, hein. - Ditou Kwon ao chegar na cabana acompanhado por Wonwoo. Suas mãos na cintura tentavam expressar alguma autoridade sobre mim. Pobre golpista.

— Mas o que caralhos eu fiz? - O repliquei, na verdade eu nem queria saber, não me interessava. Eu quis seguir o roteiro.

— Você simplesmente nos enganou mais uma vez e agora tá vindo uma frota de policiais atrás de nós. Satisfeito? - A postura de valentão pouco me intimidava, assim que notou meu semblante calmo, fez questão de se aproximar de mim, agachou lentamente e fixou seu olhar em meu rosto. — Satisfeito? - Seu sorriso irônico rasgou seus lábios, ele já não sabia mais como me assustar.

— O Lee Chan vai matar você, seu verme! - Gritei em sua cara, sentindo um soco sendo desferido em minha boca, instantaneamente o gosto de ferro tomando conta de meu paladar. Cuspi o sangue no chão, e dizer alguma coisa naquela hora poderia mesmo causar minha precoce morte. Pela dor que eu sentia, percebi que já haviam me socado no mesmo local anteriormente.

Covardes.

— Você é um homem morto! Desgraçado! - Esbravejou, cuspindo em meu rosto logo em seguida. — Morto!

— Já chega, Soonyoung. - Ditou o outro homem que o acompanhava. Segurou em seus braços na tentativa de tirá-lo de perto de mim. — A gente precisa sair daqui antes do Seungcheol chegar, e você sabe que não temos muito tempo e nem muitas escapatórias. Vamos. - Implorou.

Soonyoung cedeu, respirou fundo e se levantou, limpando suas calças na altura do joelho. Me encarou mais uma vez antes de virar as costas, ele sabia que eu procurava um motivo, que eu não procurava só um motivo, mas uma pessoa também, e ele sabia muito bem quem era.

— O Jeonghan tá lá fora. Não acho que ele queira muito olhar na sua cara, Jisoo. - Pela primeira vez, seu jeito irônico de dizer acabou me afetando de alguma forma. Qualquer coisa relacionada a Jeonghan me afetava diretamente, e eu não podia evitar, novamente eu estava lá, me rastejando de volta àquilo, àquele sentimento ruim de amar alguém.

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