08. vinho, vinho, muito vinho. II

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Aquela fachada do restaurante mais se parecia com a fachada do mais luxuoso teatro.

Tudo tinha um toque clássico que se equilibrava perfeitamente com o moderno dos vidros e dos lustres em seu interior. Eu sorri em felicidade tentando encarar todas as coisas ao meu redor de uma vez só. Alguns quadros renascentistas faziam parte da decoração do lugar, seu chão do mais puro mármore, isso sem contar nas plantas cheias de vida que faziam contraste com todos os outros objetos de decoração, dando um ar mais harmonioso no lugar.

Eu sorri mais ainda quando avistei Jeonghan levantando seu braço para chamar minha atenção. Me aproximei da mesa em passos rápidos, o loiro se levantou para puxar a cadeira para mim. E eu me sentei, o observando sentar em seu devido lugar novamente.

A propósito, aquele restaurante só não era tão bonito quanto Yoon Jeonghan.

— Você nunca tinha vindo aqui? - Sua voz fina e melodiosa ecoou pelo lugar pouco ocupado por outras pessoas.

— Para ser sincero, não. - Respondi simplista, esboçando uma expressão de desinteresse.

— Esse lugar é meu favorito. Gosto daqui. - Olhou em seu redor, estava tão maravilhado quanto eu. — E você está lindo, Joshua. - Sorriu, agora queimando seu olhar em meu corpo.

Eu nem sabia o que falar naquela situação. Se eu o elogiasse de volta, ficaria a noite toda o comparando com as mais belas pinturas de Rafael Sanzio. De qualquer modo, optei por assentir, dando um sorriso sincero e abaixando minha cabeça para disfarçar a vergonha.

— Então. O que vai pedir? - Levantei meu olhar para o loiro. Seus olhos ainda me encaravam, cada vez mais intimidador.

— Bom, vou pedir apenas um Tartare de Salmão. - Arqueou as sobrancelhas, lendo o cardápio. — E você?

Também fiz o mesmo, e minha mente em uma grande confusão com o tanto de opções para escolher. Mas o que realmente me chamou a atenção foi o preço dos pratos.
O preço de só duas coisas lá já davam para fazer uma compra do mês e ainda preparar um churrascão na laje.

— Vou pedir o mesmo que você. - Uma vez, me disseram que em um jantar – talvez – romântico, é sempre mais educado pedir o mesmo prato que o seu companheiro. Era chique.

Yoon sorriu para mim, levantando sua mão para chamar o garçom que logo se fez presente em frente a nossa mesa com seus trajes chiques e o típico caderninho de anotações ocupando suas mãos.

— Dois Tartares de Salmão, por favor. Ah, e eu vou querer uma taça de seu melhor vinho branco. - Levantou seu dedo indicador ao ordenar os pedidos. — Harmoniza mais com peixes. - Direcionou seu olhar e sua explicação para mim. Eu assenti, concordando.

Mas, na verdade, eu não sabia porra alguma.

— Sim, senhor. - O homem bem arrumado sorriu assentindo e se afastou da mesa.

Eu estava imaginando ele dizer "sim, patrão." Aquilo era muito fora de minha realidade, eu realmente nunca servi para ser um homem rico, e se eu fosse, ou eu seria muito nojento e trataria todos da pior forma possível, ou seria o classe média tentando se comportar como tal, mas sempre falhando.

E, talvez, Jeonghan estivesse fora de minha realidade também.

Novamente, o garçom bonito apareceu em nossa mesa com uma garrafa de vinho, e serviu nossas taças sem pronunciar uma palavra sequer e apenas voltou para atender outras mesas. Yoon pegou a taça, a balançou, cheirou o vinho e só assim bebeu um gole.

Eu nunca vi tanta burocracia pra beber a droga de uma bebida feita com o pé dos outros. Por isso que nunca gostei de vinho. Peguei aquela taça e repeti os mesmos gestos de Jeonghan, fazendo até melhor para não levantar suspeitas de que eu sou um agente pobre do FBI e que ganha uma mixaria por mês.

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