13. cadê meu final feliz?

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Consciência limpa não é algo que se conquiste facilmente.

Sempre vai haver uma briga, um acontecimento do passado, uma mentira, um gesto, ou até mesmo uma simples palavra. Coisas que derrubam teu sono, teu cotidiano, coisas que te fazem pensar naquilo a todo momento, uma perturbação capaz até de tirar tua fome. Aquele sentimento de culpa, desejo de voltar no tempo para ter feito tudo diferente, não ter dito o que disse.

Por toda minha vida, eu nunca fiz coisas tão graves capazes de tirarem meu sono e me deixarem com a consciência pesada. Eu sempre fui um homem de propósitos, todo "certinho" – como dizem as pessoas ao meu redor –. Por esses mesmos motivos, resolvi seguir os passos do meu pai, fiz que fiz, que me tornei um agente do FBI. Entretanto, algo não estava parecendo certo para mim, e na verdade, passava os níveis do que podia se considerar errado. A minha consciência começava a pesar, e acho que meu pai não deve mais sentir orgulho de mim, onde quer que ele esteja, deve estar aos prantos da decepção que sente pelo seu único filho. Eu tinha exatamente tudo para ter me tornado o melhor agente daquela droga de agência, e se dependesse de minha força de vontade, eu poderia até me tornar chefe da agência, mas não, eu acabei regredindo até quebrar regras, e ainda por cima, me juntei com quem eu jamais deveria.

Eu me sentia como o cúmplice de um estelionatário.

Mil pensamentos me atormentavam enquanto meu olhar rondava por todos os cantos daquele parque. Eu tive que chegar uma hora mais cedo que Jeonghan, eu não queria que ele me visse chegar em um carro popular qualquer, sendo que era para eu pilotar, no mínimo, uma Ferrari. Uma pena eu ter chego muito mais cedo que o horário combinado, então resolvi caminhar um pouco para espairecer. O dia estava ensolarado, mas para mim parecia que um vendaval me acompanhava sobre mim. Eu andava com minha cabeça baixa, apenas observando os pés de algumas pessoas que andavam ao meu lado, e claro, os ladrilhos cinzas do parque. Parecia tudo bem, mas dois pares de sapatos sociais pretos, invadiram meu campo de visão, virados para minha direção, não se movimentavam, os donos dos sapatos pareciam me esperar. Eu levantei meu olhar lentamente, temendo encontrar os capangas de Jeonghan.

(In)felizmente não eram eles. Subi meu olhar pelo corpo dos dois homens, até encarar seus rostos moldados com sorrisos estranhos.

Seungcheol acompanhava um outro homem que não me parecia estranho. Ambos vestiam paletós, mas de cores diferentes. Choi me encarava com suas mãos dentro dos bolsos da calça bege, e o homem ao seu lado, sorria para mim, mas parecia um sorriso forçado.

— Você por aqui, Jisoo? Muito bom ter te encontrado, eu já iria te chamar para conversar. - Pendeu a cabeça para o lado, gesticulando com sua mão esquerda já fora do bolso. — Bom, e parece que você me poupou de precisar te ligar.

— Oi, Seungcheol. - Respondi, com tom desanimado na voz.

— Este aqui é Wen Junhui. Se lembra dele? - Encarou o rosto alheio.

Eu engoli em seco e paralisei subitamente. Sim, óbvio que era ele. Eu vi diversas fotos de Junhui, mas eu estava tão desatento que eu nem ao menos o reconheci. Não esbocei nenhuma reação de sorriso, ou qualquer outra expressão. Eu apenas encarava Wen com meu rosto totalmente ruborizado.

Choi já sabia de tudo e fez por querer.

"Mas quem é Wen Junhui?", vocês devem estar se perguntando. Junhui, uma das vítimas de Yoon Jeonghan, foi o homem que mais registrou boletins de ocorrência. Me cansei de ver diversas de suas fotos por aquela agência, e também cansei de ouvir sempre a mesma história vindo daquele cara. Eu nunca tinha conhecido alguma vítima, de qualquer fora da lei, pessoalmente. E se eu conhecesse, não faria diferença alguma para mim. Mas Wen Junhui fez. Até porque aquele par de olhos tristes era nada menos do que A VÍTIMA DO HOMEM QUE EU ME APAIXONEI.

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