11. péssimo mentiroso, ótimo sedutor

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Tem algo mais emocionante que entrar de butuca em um lugar que você não é bem-vindo?

Na verdade, sim. Mas é o que temos pra hoje.

A agência do FBI estava mais calma que o normal, e aquilo ajudava mais ainda nas minhas chances de conversar com Jihoon sem que alguém atrapalhasse ou desconfiasse de algo. O carro de Seungcheol não estava lá, Seokmin já deveria estar atrás de conquistar MEU MACHO. Eu via Seungkwan de longe através dos vidros do prédio, ele parecia estar checando a ficha de um outro ladrãozinho qualquer que não me interessava naquele momento. Realmente, se eu falhasse naquilo, já poderia me aposentar.

Eu me aproximei da porta automática, passando por ela da forma mais dramática possível, eu me sentia como James Bond, uma das minhas maiores inspirações. Eu não levantei olhares sobre mim, nem cochichos, naquele momento eu era invisível para todos.

Não sei se aquilo poderia ser considerado como algo bom.

Meus sapatos faziam menos barulho por conta de meus passos lentos e sorrateiros, eu me esgueirava pelos armários de fichas e pelas paredes até chegar na sala que Jihoon dividia com Seungcheol. Por trás do laptop cinza, eu enxergava o topo das mechas escuras de Lee, ele estava tão concentrado que não notou minha presença até eu soltar um leve pigarreio, a fim de chamar sua atenção.

Seus olhinhos escuros me mediram de baixo para cima, como quem nunca havia me visto antes. Um sorriso sincero desenhou seus lábios fofos, mas logo uma expressão de dúvida tomou conta de seu rosto, suas sobrancelhas franzidas e suas mãos parando de bater contra a mesa de madeira.

Ele já estava sabendo que eu não podia estar lá.

— Oi, Jihoon. - Sorri de uma forma artificial.

— Olá, Jisoo. Não era para você estar em qualquer lugar do mundo, menos aqui?

Bem específico.

Eu me aproximei um pouco, sentando sobre a cadeira em frente a sua mesa. Jihoon notou meu desespero e baixou a tela do notebook, permitindo que eu visse seu rosto sem que uma barreira cinza nos atrapalhasse.

— Sim, mas eu preciso que me faça um favor. É algo muito sério, é de urgência, Jihoon. - Juntei minhas mãos como quem fizesse uma oração.

— Pois então me diga. O que eu posso fazer para o Deus dessa agência?

Uau. Ele estava me cantando?

Comprimi meus lábios, com receio de dizer o que eu precisava. Era um medo dele me perguntar para que eu queria aquilo, e o que eu iria responder? "Ah, Jihoon, eu me apaixonei pelo Jeonghan e preciso de qualquer coisa que me leve até ele."

Patético.

— Eu preciso que você consiga a localização do Jeonghan. - Abaixei meu olhar, sussurrando o nome do dito cujo.

— De quem? - Fez uma careta, colocando uma mão atrás de sua orelha como gesto de quem queria ouvir melhor.

Sempre fiz isso e nunca funcionou.

— Do Jeonghan. - Respondi ainda em tom baixo, tossindo para disfarçar.

Lee gargalhou, fechando seus olhinhos.

— Eu não entendi, Jisoo. Fala pra fora.

— Quero a localização do Jeonghan. - Gritei, os olhos alheios se arregalaram com tamanho susto. Eu parecia estar brigando com ele. Sorte a minha que aquela sala era a prova de som.

— Não posso te dar isso. - Lamentou. — Você está suspenso da missão, não se lembra?

— Não vou para o investigar.

— Vai para quê? - Indagou com seu tom desconfiado, ele semicerrou os olhos e aquilo só serviu para me deixar mais nervoso.

Vou para dizer que o amo, talvez?

— Para pegar meu distintivo que ficou com ele. - Desviei o olhar.

Péssimo mentiroso.

— Mas se você deixou seu distintivo com ele, então por que ele não desconfiou antes? E seria perigoso você ir até lá, não acha?

Eu bufei, revirando meus olhos.

— Verdade. Então você poderia me dar o número de telefone do Jeonghan?

— Não? - Revirou seus olhos, levantando a tela do notebook e voltando a digitar.

Eu estava sendo totalmente ignorado.

Tudo bem. Essa é a hora em que eu vou pra casa para ficar me lamentando e lendo meus poemas em voz alta? Óbvio que não. Hong Jisoo não é de desistir fácil das coisas, e quando eu quero algo, eu consigo, nem que demore anos ou décadas, mas eu sempre consigo.
Ao longo do tempo e enquanto eu me preparava para ser um agente do FBI, comecei a criar uma facilidade de poder perceber tudo e todos ao meu redor, até porque isto era um dos requisitos para trabalhar no ramo. E eu sempre notei que Jihoon me tratava de um jeito diferente, isso além de não tirar os olhos de mim sempre que eu pisava naquela sala. Com o tempo, deduzi que ele sentia uma atração por mim, eu só não sabia o nível.

E eu estava a um passo de descobrir.

Eu sorri e me levantei da cadeira, dando a volta pela mesa até ficar ao lado do corpo alheio. Passei minha mão por suas costas e aproximei meu rosto da tela que tanto prendia a atenção de Jihoon. Eu não encarei o homem, apenas observava mais uma ficha sendo feita.

— Vamos, Ji. Me dar o número dele não vai te arrancar pedaço. - O encarei.

Lee parecia se sentir mexido com o apelido que o dei. Sempre nos tratamos formalmente.

Hong Jisoo 1 X Lee Jihoon 0

— Ai, Jisoo. Eu não sei, não. - Respondeu, tirando seus olhos da tela para encarar minhas orbes. Ele já estava suando frio.

— Poxa. - Fiz um biquinho triste, abaixando meu olhar.

— Tá bom, tá bom. Eu vou te dar o número dele. - Desviou seu olhar já preocupado, digitando algumas coisas no laptop até encontrar a ficha completa de Yoon Jeonghan. Jihoon rasgou um pedaço de papel do seu caderno e escreveu rapidamente o número de telefone com uma caneta preta. — Toma, e vê se não vai contar pra todo o mundo. - Me entregou o papel. Eu fiz duas dobraduras e o guardei no bolso da calça.

— Contar que me deu o número do Jeonghan, ou que minhas suspeitas estavam certas e você é caidinho por mim? - Ri, me afastando de Lee que riu de nervoso.

Ele ficava fofo com seu rostinho envergonhado. Sempre foi lindo e bem atraente, mas uma pena que meu coração já pertencia a um outro alguém.

— E vê se toma cuidado, hein. - Levantou um dedo, me advertindo.

— Relaxa, Ji! - Sorri, me aproximando novamente só para deixar um beijinho estalado em sua bochecha vermelhinha e macia. — Sou o homem mais preparado do mundo.

Tão preparado que me apaixonei por um ladrão e quase me humilhei para conseguir o número dele.

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