01. o começo de um recomeço

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Eu nunca quis, de fato, trabalhar para o FBI ou com algo relacionado a polícia.

Meu sonho de criança sempre foi ser bombeiro. Aos meus dezenove anos, até que consegui entrar em um quartel de bombeiros de Chicago, mas me expulsaram depois que eu derrubei um alicate de pressão no pé de um dos tenentes de lá. Pois é, parece que não sirvo muito para trabalhar com algo que envolvam ferramentas. Aos meus atuais vinte e quatro anos me tornei um agente do FBI apenas para seguir os passos de meu falecido pai, hoje em dia, sei que ele sente orgulho de mim, mesmo tendo a certeza de que não gosto do meu trabalho.

Eu saí de Los Angeles para Chicago, e de Chicago para finalmente ter uma vida em Nova York. Até que consegui. Não tenho uma vida e nem uma renda mensal que se digam "uau, mas esse cara é milionário", mas consigo me sustentar muito bem com meu salário. Eu gosto muito do lugar que escolhi morar e eu não sairia daqui por nada nesse mundo. Aqui tem pessoas legais, as melhores oportunidades de emprego, as melhores casas de preço baixo, e o melhor de tudo: as melhores baladas. Uma coisa que eu sinto paixão é curtir noitadas nas baladas de Nova York, são tão boas quanto as superestimadas de Las Vegas, por favor, não me julguem.

As noites de Nova York são mais bonitas quando as luzes iluminam as pistas brilhantes da cidade. Me lembro da primeira vez em que frequentei este bar, eu estava praticamente falido, sem emprego, sem amigos e meus pais haviam acabado de voltar para Los Angeles. Eu estava sozinho e perdido nessa cidade gigante, e a única pessoa que me ajudou foi o antigo dono deste bar, que hoje trabalha comigo, é meu parceiro pra exatamente tudo, tanto no FBI, como na vida.

— Eu estive conversando com o Seungcheol. Ele me disse que vai precisar de nós dois pra uma missão importante. - O homem ditou, bebendo um gole de seu chopp e apoiando o outro braço sobre a mesa para apenas ficar mais perto de mim, como se compartilhasse de um segredo.

— Já sei. Ele não deu mais detalhes mas vai dizer assim que estiver tudo preparado. Ah, Seungkwan, você é um péssimo mentiroso. Como o braço direito do Seungcheol não sabe das futuras missões, hein? - Ri em escárnio.

— É porque eu estou envolvido na missão. - Apontou para si mesmo. — O que nos resta é esperar até amanhã, poxa. - Deu de ombros. Seu olhar corria por tudo e por todos a sua volta. Por um momento eu já soube o que ele iria dizer. — Saudades desse bar, dessas mesmas pessoas, saudades de servir litros e litros de chopp todas as noites. - Suspirou, voltando seu olhar ao meu rosto.

Eu não disse? Sou mestre em adivinhar o pensamento das outras pessoas, deve ser por isso que, modéstia parte, sou um agente brilhantemente importantíssimo na agência.

— Me parece que o novo dono do bar é um cara bem legal. Ele deve ter a sua idade, não?

— Sim, é só alguns meses mais novo. - Sorriu, bebendo mais um gole de sua bebida. — É bem bonito também.

— Uau, temos alguém apaixonado aqui? Eu posso sentir o calorzinho no teu peito. - Gargalhei, me inclinando para botar uma mão sobre o lado esquerdo de seu peito. — Quero conhecê-lo. Agora. - Falei seriamente ao voltar ao meu lugar.

Seungkwan arregalou seus olhos. Estava aflito e sabia que eu estava certo. Ele parecia ponderar aquela ideia de me apresentar para sua paixonite de bar, pois me conhecia bem o suficiente para saber que em qualquer oportunidade, eu julgaria o homem e faria um interrogatório para ter a certeza de que ele seria o namorado certo para meu amigo. E, bem, Seungkwan não é burro, eu realmente faria perguntas para o novo dono do bar, mas nada além de pegar seu SSN para verificar seus antecedentes criminais.

— Só te apresento se você me prometer ficar calado. - Arqueou as sobrancelhas. Ele estava literalmente me julgando e me culpando por seus antigos namoros não terem dado certo por conta de minha desconfiança com tudo e com todos.

A propósito, é por isso que não namorei ninguém desde que vim pra cá.

— Vou tentar. - Sorri simpaticamente.

O mais novo se levantou da cadeira, mesmo que me julgando e desconfiando da minha tentativa de me calar. Eu o segui até o balcão, onde dois homens bem arrumados e bonitos serviam bebidas para todos com aqueles sorrisos encantadores.

— Olá, Hansol. - Boo pronunciou, cumprimentando um dos garotos.

Então era ele? Eu realmente nunca julguei o bom gosto de Seungkwan para homens, e se um dia julguei, eu não me lembro.

— Oi, Kwan! Quem é vivo sempre aparece. Eu acabei de chegar, e parece que cheguei na hora certa. - Sorriu para o homem enquanto lustrava um dos copos com um pano seco.

— Pois é, menino. Bem, este aqui é o Jisoo. Ou Joshua para os mais íntimos. Sabia que ele também é americano? - Meu amigo me abraçou de lado, mas um abraço tão apertado que realmente me passava uma mensagem de que se eu dissesse alguma besteira, ele me daria um tiro no meio da testa.

Na dúvida, preferi falar apenas o necessário. Sempre espere tudo de Boo Seungkwan. Isso foi algo que aprendi na marra.

— Olá, Hansol. Então você é o dono deste lindo bar? Eu não vinha aqui há uns tempos, assim como o Seungkwan. - Estendi minha mão para cumprimentá-lo, e Hansol, com o sorriso de orelha a orelha apertou minha mão. Ele realmente me parece um ótimo partido para meu amigo, se não for o melhor.

— Sim, eu nunca o vi por aqui. Fico feliz que esteja visitando o bar. Eu fiz de tudo para manter os detalhes do jeito que estavam quando Seungkwan me vendeu, e bem, até que dou conta do recado. - Riu, tirando seu olhar de mim para dar uma piscadela para Boo.

Se alguém piscasse assim pra mim, eu já estaria com a aliança estendida pra me casar logo. Infelizmente, o que Deus me deu de beleza, ele também deu de má sorte com amores. Pois é, meus amigos, eu vou morrer sozinho. Mas pelo menos meu amigo já arranjou um pretendente.

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