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Hyunjin jogou a mochila sobre um ombro e certificou-se de respirar fundo algumas vezes até que sentisse as pernas devidamente, pois desde que saiu da cama tem a sensação de que seus membros estão lentamente se transformando em gelatina. Seus olhos eram opacos como de costume e sua mente um turbilhão enquanto olhava para o lado de fora da janela, no entanto seus dedos estavam trêmulos e gélidos.

Ir para a faculdade significava que estava ganhando um voto de confiança. Não era como se acreditasse nesse ato de bondade vinda de seu pai, pois estava longe de ser algo assim. Entretanto, talvez agora tenha um descanso passando o dia fora e ocupando a cabeça com trabalhos e essas coisas de um universitário. Óbvio que sua ideia inicial seria se mudar para os dormitórios, porém, como esperado, recebeu um soco no estômago apenas por tocar no assunto.

Seu rosto era perfeitamente intacto se ignorarmos a cicatriz em sua sobrancelha (a qual ele diz ter caído quando criança), mas seu corpo era preenchido por hematomas e feridas constantemente, ele nunca chegou a ter a sensação de uma pele cicatrizada porque antes disso era cruelmente machucado. Então seus moletons e blusas de manga comprida eram comuns, assim como calças.

Hyunjin enfiou o celular no fundo da mochila e apertou o parapeito da janela, decidido de que era hora de ir. Negar o nervosismo era idiotice, mas era ainda mais estúpido estar nervoso por algo assim. Desde o colégio ele sempre foi isolado, nunca tentou ter amigos e sempre que alguém tentava, ele mantinha uma linha que se negava a cruzar. Sabia que pessoas em sua vida significavam se machucar e machucar elas. Ele não queria envolver ninguém nessa merda toda.

Seu pai era capaz de qualquer coisa.

Hwang desceu a escadaria e deu de cara com o homem no final da mesma. Chan tinha os braços cruzados sobre o peito e o queixo erguido com aquela postura superior. Hyunjin engoliu em seco e recuou um pouco, mas não se atreveu a olhar em seus olhos. Seu progenitor tinha um cigarro entre os lábios e a fumaça o fez engasgar um pouco, mas se segurou para não tossir duramente, de modo que seus olhos lacrimejaram.

— Seu primeiro dia de aula. Isso é realmente lindo. Imagine só sua mãe podendo ver isso, mesmo que ela nunca tenha sequer te visto entrar na creche. — Seu tom zombeteiro atingiu Hwang, mas ele não disse nada. Não poderia. — Lembra do que eu disse? — Ficou na passagem, o impedindo de passar.

— Sim. — Sua voz era baixa e quebrada.

— Ainda assim, vou te lembrar. Você às vezes tem problema de memória. — Sua voz era recheada de sarcasmo e Hyunjin se sentia amedrontado. — Se você falar com alguém sobre tudo isso, — Usou o indicador para apontar ao redor — se você abrir a porra dessa boca, eu te mato. E eu vou te matar lentamente, você vai sentir a pior dor da sua vida enquanto a vê passando diante de seus olhos, filho. — Ele abriu um sorriso quase maníaco e apertou seu ombro com força — Entendeu?

— Sim. — Respondeu com firmeza.

— E, ah. Você sabe que nunca está sozinho o suficiente pra tentar alguma gracinha, não é? Seja um bom garoto e não tente nenhuma gracinha, filho. Estou te dando uma chance, não é? Veja como seu pai te ama. — Hyunjin sentia o estômago embrulhar. Aquelas palavras o cortavam por dentro e a sensação de que iria vomitar a qualquer momento o invadiu.

— Sim, pai. — Suspirou e ele finalmente abriu passagem. Hwang apressou os passos pelo corredor determinado a sair logo, mas então um dos capangas de seu pai bloqueou a porta. Ele tinha uns dois metros de altura e uma tatuagem no rosto que Hyunjin sinceramente nunca descobriu o que era ainda que o tivesse em sua casa desde que se entende por gente.

— Ele vai sozinho. — A voz de Chan se fez presente antes de hwang dizer algo — Confio no meu filhinho.

O homem saiu do caminho e sem olhar para trás Hyunjin passou como um raio, determinado a ficar longe dali por quanto tempo pudesse. Ele pegou o carro na garagem e deu partida com os pulmões sendo esmagados por suas costelas. Sua cabeça estava um turbilhão como de costume, porém se forçou a não pensar em nada porque finalmente estava indo fazer algo que queria muito e não algo forçado e que provavelmente geraria dor.

THE WEST SIDE WOLVES | HYUNLIXWhere stories live. Discover now