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Quando abriu os olhos de novo, ele se perguntou o porquê de ter sonhado com uma memória. Era como se estivesse lá de novo, como se uma oportunidade tivesse passado e ele não pôde fazer nada. Se perguntava se, caso Chan tivesse morrido naquele dia, teria uma vida diferente. Uma vida melhor numa casa com pessoas gentis. Se perguntou se a família de Felix estaria viva e Lee mentalmente estável...

— Bom dia, Bela adormecida. — Aquela voz que não lhe era estranha soou. Hyunjin focou os olhos na figura e revirou os olhos ao ver de quem se tratava.

— Me deixa em paz, Gregory. — Virou o rosto e olhou para a janela, mas ela estava fechada e com uma cortina grande.

— Eu trouxe comida e é assim que você me agradece? — Hyunjin ouviu o barulho de metal contra a cômoda ao lado, supôs que era a tal comida.

— Desceu do cargo e virou empregada agora? — Debochou sem se dar ao trabalho de virar.

— Para alguém que está prestes a partir dessa pra melhor, você está bem ousado. Não acha?

— É, mas se não há mais o que possa ser feito. Por que não dizer o que sempre tive vontade, não acha? — Ele sentou devagar e ainda assim o mundo parecia girar. Ele se perguntou quanto tempo estava ali. — Que dia é hoje? — Encarou o homem.

— Domingo. — Ele tinha os braços cruzados. Hyunjin sentiu uma pontada no peito. Era o dia da festa e amanhã o primeiro jogo das finais. Ele engoliu em seco e fitou a comida sobre a bandeja, ainda que estivesse morrendo de fome, não queria comer aquilo nem um pouco. Talvez morrer de fome até seu pai decidir o que queria fazer não fosse uma péssima ideia. — Coma antes que ele volte. Sabe o que faria caso você desobedecesse até nisso.

Hyunjin riu. — Você agora se importa comigo? Que fofinho.

— Eu não me importo. Só não quero o seu pai bravo com todo mundo, inclusive comigo, por causa de sua birra.

— Birra? — Arqueou as sobrancelhas. — Acha que estou fazendo birra? — Ele soltou outra risada, tão amarga que não estava se reconhecendo. — Você viu melhor do que ninguém o que ele fez comigo durante a minha vida inteira. O que você — Se esforçou para conseguir apontar em sua direção. — fez comigo.

— Eu? — Gregory tocou o peito como se estivesse ofendido e puxou uma cadeira para sentar. — Eu só segui ordens.

— Ordens? Ah! Que mentira. Você é nojento, você fazia e dizia coisas nojentas enquanto eu era só uma criança. Você me machucava, você puxava meu cabelo com tanta força que eu chegava a apagar. — Ele puxou os próprios fios como se estivesse demonstrando. Sua voz saía devagar e pausadamente, como se estivesse bêbado. Mas aquilo era consequência de dias sem comer e beber nada.

— E você acha que eu me importo?

— Eu sei que não. — Respirou fundo. — E quer saber? Chan é a pior das pessoas e você já teve tantas oportunidades de acabar com ele, mas você é tão medroso.

— Eu não quero matar o patrão. Por que eu o teria matado? — A confusão em seu rosto era clara.

— Porque você poderia estar no lugar dele se não fosse tão fraco. Se você o matasse, então poderia tomar os negócios e fazer as coisas do seu jeito... Eu sei que você já pensou sobre isso, não faça essa cara.

— Ah, não, não. Eu sei o que você está fazendo. E pode ter certeza que não vai funcionar. — Ele se colocou de pé. — Coma e beba a água. Morrer de fome é mais doloroso do que você pensa.

Ele saiu do quarto rapidamente, como se estivesse tentando lutar contra os pensamentos que Hyunjin colocou em sua cabeça. Hwang soltou um riso fraco, pois percebeu o quão burro aquele cara era apenas por cogitar uma coisa daquelas. Ele se esticou com dificuldade e tomou o copo de água de uma vez e quando encarou teto por um longo tempo, ele voltou a fechar os olhos e se imaginou na festa de hoje com os outros.

THE WEST SIDE WOLVES | HYUNLIXWhere stories live. Discover now