Capítulo 16

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"Nenhum homem escolhe o mal por ser mal, mas apenas por confundi-lo com felicidade, que é o que ele busca." - Autor desconhecido.


Melina

Desejo.

Minha vida, definitivamente, havia sido repleta de desejos; dos mais tolos, aos mais intensos e necessários para minha sobrevivência. E a profundidade de um desejo nunca pode ser subestimada.

Sempre invalidei minhas cobiças egoístas, tetando focar apenas no que de bom a vida já tinha me dado. Eu era uma princesa, Vossa Alteza Real de Tylos, filha mais nova de um grande rei. O que mais eu poderia desejar?

Meus conflitos internos por desejos só se expandiram quando eu o conheci. Amon. Memorável, majestoso e perverso. Foi ele quem criou um conflito nessa parte adormecida de mim. E, embora não goste de admitir, me vi desejando nesse exato momento, acordar e ainda estar em seus braços.

Mas eu sinto que não é isso que vai acontecer.

Meu corpo flácido e cansado é carregado por braços fortes e brutos. Nesse meio tempo em que sei que estou sendo levada a algum lugar, bato minhas pálpebras, abrindo meus olhos.

A claridade excessiva faz minha cabeça doer instantaneamente e volto a apertar os olhos. Pela clareza em abundância, percebo momentaneamente de que, seja lá onde eu esteja, não é no inferno.

A percepção me faz abrir os olhos novamente. Olho para todos os cantos e uma certa confusão vem a minha mente.

A primeira coisa que avisto é o homem que me carrega. Ele tem peito largo e braços fortes. Sua pele é escura como a noite e seus olhos são tão claros quanto o dia.

Definitivamente um homem bonito. Mas, não tão bonito quanto Amon; não sei bem por que essa comparação me veio a mente.

Espero que ele perceba que acordei, mas permaneço sem dizer uma única palavra. Seus passos são rápidos, pisando no chão com firmeza e maestria.

O cenário a minha volta parece perfeitamente com o mais luxuoso dos palácios. Todas suas parede são brancas, com detalhes em dourado e prata. O chão é bem liso e lustrado em um tom de branco radiante. Meus olhos apontam diretamente para o teto, que é muito extenso e recebe várias gravuras em sua superficie. Algumas dessa gravuras são como nós humanos retratamos os Deuses em grandes vitrais de templos de adoração.

As histórias contam com precisão que no princípio, os Deuses interagiam com os humanos. Não apenas andavam entre os mortais, mas também cuidavam de nós bem de perto. Mas, certo dia, sem nenhum motivo aparente, Selentys se tornou o único lar dos Deuses e eles nunca mais retornaram a terra fisicamente. Mesmo após isso, nossa fé jamais morreu, porque se os deuses já estiveram tão próximo, como contam os antigos encanamentos, significa que nosso povo ainda pode ser digno do cuidado dos próprios seres celestiais.

Perdida em pensamentos maravilhados com o lugar, nem noto quando entramos em outra sala.

É um quarto. Ele tem paredes claras como a luz e uma decoração minuciosa. O chão é repleto por figuras detalhadas de traços graciosos, enquanto suas longas paredes estão cobertas de candelabros dourados, que fazem a iluminação ser mais satisfatória. Tem uma pequena mesa de centro branca e logo ao lado um sofá de braço único, rosa e com almofadas coloridas. A longa cama fica na frente da porta do quarto, cerca de dez passos de distância; ela está coberta por um tecido branco com várias camadas e vários travesseiros que eu tenho certeza serem mais que macios. E logo ao lado da cama, vejo uma cortina fechada no lado direito da cama.

Inocente PecadoWhere stories live. Discover now