Capítulo 17

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"Quero um amor que me faça flutuar, porque só saberei que estou apaixonada, quando me ver nas nuvens" - Autora.

   Não sei bem qual parte do meu coração está arruinada, mas sei quem seria o único à arruiná-lo.

   Prometi a mim mesma não deixar que meu coração me traia, como minha mente e corpo fizeram. Mas aqui estou eu, pensando em como teria sido se não tivessem nos interrompido. Como seria ter seus abraços ainda ao meu redor, falando coisas, que obviamente não eram reais, só pra me enganar. Não me importava de ser enganada essa forma, tenho que admitir.

   A vida pode não ser algo bonito, então consegui me acostumar com falsas frases boas.

      Talvez isso esteja diretamente ligado com meu caráter. Não sou uma pessoa forte, com um coração e alma fortes. Sou fraca. Fraca e covarde demais para admitir qual é o meu real sentimento por Amon.

   Mas de uma coisa sei; eu deveria odiá-lo. Deveria odiar tudo o que ele representa e fez para mim.

   Não o faço. Mas vou tentar. Com todas as minhas forças vou tentar. Porque, depois de tudo, que sentido teria eu estar aqui se não odiá-lo?

   A porta do quarto é aberta com cuidado, fazendo apenas barulho suficiente para que eu possa ouvir. Pela imensa porta branca com aréolas douradas, passa uma mulher baixinha de aparência mais amadurecida. Ela tem cabelos pretos e trancados em uma trança lateral, seus lábios finos se abrem em um sorriso em minha direção.

   Encaro-a sem saber como devo agir. De repente, tenho em mente que devo parecer uma dissimulada, parada no meio do quarto e batendo o pé rapido no chão.

   — Minha jovem senhora, é um prazer em conhecê-la. — Não respondo. — És mais bela do que me foi informado. — Ela caminha até mim. Seus quadris avantajados balançam para os lados. — Não terei que me esforçar muito para deixar-te apresentável, como me foi ordenado. Um vestido novo e arrumar seus cabelos com... — Ela fala tão rápido que não sou capaz de entender tudo. — Pelos Deuses! — Ela fala mais alto, assustando-me. A senhora me encara tão fixamente, que posso jurar que seu rosto fica mais branco. — O que é isto em seu pescoço?!

   Olho-a sem entender.

   Abro a boca para tentar uma resposta, mas ela me interrompe pegando minhas mãos nas suas.

   — Coitadinha! Deve ter sido tão machucada. — Seus olhos mostram pela. — Ouvi os boatos, mas não fui capaz de acreditar. Não imagino o que você passou, minha jovem senhora. — Ela acaricia minhas mãos antes de me puxar para um abraço.

   Até onde ela sabia? E, pelos deuses, o que há em meu pescoço?

   — O que tem no meu pescoço? — Pergunto, verdadeiramente intrigada.

   — Uma mancha horrível. — Ela parece se lamentar ao falar. Em segundos, sou puxada para seu peito e ela me esmaga em uma abraço enquanto acaricia minhas costas. Pelo quê estou sendo consolada? — Vamos arrumá-la, se deixarmos seu cabelo solto, garanto que ficará imperceptível. Cobriremos seu corpo com um longo e belo vestido, caso tenha mais marcas espalhadas... — Pelas estrelas, ela é muito tagarela.

   Quando finalmente saiu de sues braços que, embora aconchegantes, estavam me sufocando; dou alguns passos para trás, colocando, discretamente, uma pequena distância entre nós.

Inocente PecadoWhere stories live. Discover now