Capítulo 12 - Pensei que...

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O cheiro das folhas acumuladas em minha mesa dançava por todo o escritório, sentando em minha cadeira confortável giratória em couro preto, seguia revisando mais um dos incontáveis relatórios das várias empresas que gerencio, não era chato, apenas cansativo, porém se fosse apenas isso talvez realmente fosse insuportável.

– Acho que uma bebida cairia bem. – Murmurei levantando, segui até o pequeno frigobar que tem em minha sala, nada muito grandioso.

Depositei uma dose de whisky no copo de cristal quadrado e andei até a enorme janela da sala, era uma vista impressionante da maior parte da cidade na qual estava banhada em luzes elétricas sob o céu estrelado, podia se ver vários outros prédios e ao longe a ponte que ligava o sul da cidade com o centro claro não dava para ver nitidamente, mas ainda assim podia se ver o horizonte, daqui de cima, às vezes me pergunto como meu pai se sentia quando olhava para aquela paisagem, com tudo o que ele criou acho que deveria se sentir satisfeito.

"Só espero estar fazendo um bom trabalho. Sempre me perguntava se o caminho que estava trilhando era o mesmo que meu pai andou, se tudo o que ele fez até o final de sua vida era para chegar até ali, esperava que sim."

Suspirei alto, terminei de tomar minha bebida, voltei para a mesa e novamente revisando os incontáveis documentos das empresas de fachadas que possuía. Enquanto lia os documentos, lembrei que a reunião para novos recrutas seria daqui a alguns minutos. Decidi me sentar no sofá de couro preto próximo à janela apenas para descansar os poucos minutos que me restava sozinho, me acomodei no mesmo, sentindo o quão cansado meu corpo estava, trabalhar ali não era ruim, mas tinha sua grande responsabilidade na qual sempre via nos olhos do meu pai, e agora tudo depender de mim era completamente diferente, talvez ele sentia essa responsabilidade pesar em seus ombros assim como eu mesmo sentia, mas em seus longos anos de vida nunca deixava transparecer, pelo menos nunca via. Fechei os olhos, pensar nele me fazia sentir muita falta e automaticamente sentia raiva, porque lembrava que se ele não tivesse sido traído o mesmo ainda estaria vivo, precisava achar aquele desgraçado, era inevitável não bufar naquele momento e cerrar os punhos, duas batidas na porta me fizeram acordar e inconscientemente ajeitar a postura no sofá, mudando de um semblante cansado para um totalmente focado e sério.

– Pode entrar. – A porta de madeira na cor preta foi aberta e David adentrou em minha sala com sua usual postura e aparência me fazendo relaxar um pouco por saber que era apenas ele quem o visse assim nunca saberia que o mesmo é um dos maiores nerds da computação que conheci em minha vida toda, porém o mesmo escondia o fato com sua boa aparência, era natural, todos que estavam envolvidos nesse tipo de vida usava uma aparência diferente no lado de fora ou apenas se comportava diferente.

– Chefe já tenho a lista de possíveis recrutas. – Citou logo após se sentar na poltrona mais próxima da mesa de centro e depositar seu notebook no mesmo, podendo assim levantar as mangas de sua blusa de gola alta mostrando uma parte da serpente que circulava em quase todo seu braço, mas escondendo uma borboleta que ficava em seu pescoço.

– Alan ainda não chegou? – Perguntei, pois sabia que meu melhor amigo era sempre pontual, sempre chegariam minutos antes ou até mesmo horas antes nos lugares e entre amigos não era diferente, esse era uma das maiores vantagens que Alan tinha, pois logo de cara já ganhava o respeito de qualquer um principalmente na hora em que precisávamos conversar com outros investidores ou indivíduos em qualquer lugar.

– Pensei que ele já estivesse aqui. – Respondeu ajeitando o óculos ao me olhar.

– Liga para ele, vou analisar a lista primeiro. – Mandei puxando o aparelho para o meu colo enquanto cruzava a perna formando quase um triângulo visto de cima para encaixar o mesmo, pude notar com o canto do olho David pegar o celular no bolso digitando e logo em seguida colocando o celular no ouvido.

Comecei a analisar os possíveis candidatos, era extremamente necessário que fossem fortes e tivessem uma boa capacidade de luta da última vez que ocorreu um confronto com uma gangue pequena os recrutas que ainda não tinham experiência se machucaram feio, era um problema também, já que tem surgido pequenas gangues em todos os lugares, logo se tornaram uma grande Máfia se resolverem fazer uma aliança. Haviam rostos de homens entre dezenove a trinta anos alguns que saíram da cadeia outros que não conseguiram trabalho havia homens de todos os jeitos, branco, negro, latino, até mesmo asiáticos, pessoas altas e outros, mas baixos, alguns com tipo físico, mas magro e outros que pareciam acima do peso, podemos chamá-los de falsos magros e falsos obesos, pois todos tinham algo em comum, todos sem, exceção estavam envolvidos com alguma atividade física, sem contar que haviam algumas mulheres também na lista, porém poucas, algumas que estão aqui tiveram também algum problema com a lei, porém com algumas máfias também, pois era muito comum por aqui ter trafico de mulheres, logo podemos chamas de vingadoras, pois pouquíssimas tentavam se vingar se conseguissem sobreviver, era normal esse tipo de gente se juntar a máfia do meu pai, já que era direcionada a ajudar o povo, pois a nossa queridíssima polícia e o prefeito não fazia absolutamente nada, sobre a criminalidade dessa cidade enorme, poucas áreas eram bem policiadas apenas a áreas de interesse dos mais ricos e suas grandes empresas, pois esse lugar que chamamos de casa gera um enorme lucro para quem decidir investir. Continuei passando as fotos dos candidatos e não parecia ter ninguém de especial ou com grandes habilidades que devessem uma maior atenção, só conseguiríamos novos soldados, mas ninguém que se destacava entre eles, então apenas decidi parar de olhar aquela tela, e prestar atenção ao meu amigo que ainda parecia tentar encontrar nosso homem perdido.

– Chefe, ele não atende. – David se pronunciou após levantar a cabeça e olhar em minha direção, porém no segundo seguinte meu celular que estava sob a mesa tocou. Olhei para a tela e vi o nome do bastardo do nosso amigo que era extremamente pontual piscar na tela preta. Olhei para David enquanto revirava os olhos e me preparava para fazer o papel de chefe chato, o mesmo me olhou dando de ombros enquanto sorria talvez já imaginando qual seria a ilustre desculpa que ouviríamos do nosso amigo, enquanto pegava o notebook da minha mão, peguei o aparelho o atendendo ao mesmo tempo.

– Alan! Mano onde você está?  Estamos te esperando há um tempão já… – Tomei a frente, porém sendo cortado por uma voz feminina desconhecida.

– Seu amigo está com problemas. – A voz era calma e firme, porém muito suave de se ouvir, mas não fazia sentido Alan não estaria com alguém se tivesse compromissos marcados e problemas? Quais poderiam ser? Não havia nada que pudesse passar em minha mente naquele momento.

– Quem tá falando? – Perguntei um tanto surpreso, e estranhando pensando haver visto errado o nome do meu amigo, mas assim que perguntei David me olhou sem entender absolutamente nada, então fiz sinal para que o mesmo rastreasse a ligação.

– Para onde vocês estão nos levando? – A ouvi ignorar completamente minha pergunta, mas não parecia estar falando comigo, o que me deixou um tanto com raiva de sua atitude.

"Por acaso ela é surda? Iria perguntar novamente, mas sua voz foi ouvida novamente."

– Estamos indo para o Hospital geral de la cruz, seu amigo sofreu um acidente, não parece ser nada grave, mas como não o conheço não posso tomar partido de nada. – Respondeu apenas o que era necessário e desligou. Demorei alguns segundos para assimilar, mas assim que meu cérebro saiu da surpresa e do choque me levantei apressado alertando David, que me olhou um pouco preocupado.

– Não deu tempo de rastrear. – David falou voltando o olhar para a tela do computador.

– Esquece isso, Alan sofreu um acidente! – O homem que era sempre muito calmo se levantou às pressas quase derrubando o aparelho no chão.

– Eu dirijo. – Disse puxando as mangas para baixo enquanto dava passos largos para fora da sala. Pegamos o elevador já que estávamos no décimo quinto andar, o elevador nunca havia demorado tanto quanto naquele momento parecia que aqueles poucos minutos haviam se transformado em horas, assim que ele chegou adentramos o mesmo apertando o botão da garagem, enquanto olhava para meu reflexo na porta esperando o maldito do elevador nos levar para nosso andar comecei a imaginar o que poderia ter acontecido, um milhão de possibilidades agora passaram pela minha cabeça, porém a principal delas seria que alguém tentou matá-lo e esse alguém com certeza tinha uma grande coragem de fazer isso já que todas as máfias principalmente as mais antigas nessa cidade se conhecem, deve ter sido claramente uma das novas, não havia outra possibilidade.

– Não tem como ter sido um simples acidente.





Ava - VIVER OU MORRERWhere stories live. Discover now